22 de março de 2013

Dead Space 3 (**) (PC, Xbox360, PS3)


Dead Space é uma série de altos e baixos. O primeiro game da série, apesar de meio clichê se mostrava competente em dar sustos, e o segundo jogo provavelmente te fez comprar algumas calças marrons para não passar vergonha se cagando de medo a cada cinco minutos.

Se você não é muito ligado em games de horror ou estava meio afastado de seu console favorito nos últimos anos, Dead Space conta a história do engenheiro Isaac Clarke, especialista em reparos de sistemas de comunicação de naves espaciais. No que parecia ser uma missão de rotina, Isaac e seus auxiliares viajaram até uma nave, a ISS Ishimura, que havia perdido comunicação com a Terra logo depois de se envolver em uma operação de mineração em um planeta distante. Chegando lá descobriram que tudo era muito pior do que um simples problema nas antenas, a nave tinha descoberto um artefato alienígena chamado Marker, e todos dentro dela haviam enlouquecido ou pior, se transformado em formas grotescas de vida conhecidas como Necromorfos.

Após muito drama, Isaac conseguiu fugir da nave, apenas para ser resgatado e usado como cobaia para que cientistas construíssem um Marker falso, gerando mais uma onda de Necromorfos, destruição e insanidade.

"Maldição! Não ensinam a lutar contra aberrações na faculdade de engenharia!"
Várias coisas tornavam Dead Space e Dead Space 2 especiais. Primeiro, diferente da maioria dos games, aqui você não era um soldado treinado e armado até os dentes. Isaac não tinha qualquer treinamento militar, não conseguia sequer correr mais rápido que os monstros, quanto mais atirar enquanto corre ou desviar de projéteis. Para piorar ele dificilmente colocava as mãos em armas "de verdade", tendo que se virar com ferramentas de mineração, maçaricos, serras e parafusadeiras.

O sentimento de estar sempre em desvantagem era ainda maior devido aos monstros que saiam de qualquer buraco na nave para te emboscar, falta de munição e sempre aquela incerteza sobre qual era o próximo horror a aparecer. Filmes, arquivos de texto e voz davam um background ainda maior, com narrativas sobre como os Necromorfos surgiram e várias narrativas paralelas.

Por falar em narrativas paralelas, geralmente você encontrava cenas ou documentos de pessoas que também estavam tentando escapar dos monstros, as via através de vidraças ou à distância, o que dava uma idéia de que havia todo um mundo de outras vítimas, heróis e vilões atuando ao mesmo tempo que você.

Some a isso a doentia e absurda pervesão do estúdio Visceral Games na criação de suas criaturas. Tinhamos crianças e bebês transformados em Necromorfos, mulheres grávidas e criaturas que pareciam saídas de um acidente automobilístico fatal, suicídios, infanticídios, assassinatos e tortura, tudo nos mais viscerais detalhes acontecendo aqui e ali durante o jogo...

Já deu pra perceber o motivo do nome do estúdio que fez esse game...
Agora tire tudo isso. Pronto, você tem Dead Space 3, talvez o menos assustador jogo da série, tão genérico e sem sal que pode ser quase chamado de "Call of Dead Space" por sua semelhança com games de tiro que temos aos montes por aí...

Isaac como um personagem frágil, mal treinado e mal armado? Esqueça, agora ele não faz feio a nenhum super-soldado, com acesso a movimentos muito mais rápidos e precisos.

Até foi uma boa idéia a inclusão de uma mecânica de personalização de armas, permitindo que você desmonte e monte suas armas de acordo com suas preferências pessoais. Lembrou um pouco a cena do filme Aliens onde a tenente Ripley cria um combo de lança-chamas e fuzil com fita silvertape. No entanto o jogo simplesmente jogou fora a questão das munições raras e que muitas vezes te obrigavam a tentar sobreviver na base da porrada ou a usar uma arma que não era tão boa, na falta de munição para as melhores. Aqui toda munição serve para qualquer arma, e você praticamente tropeça nela o tempo inteiro, garantindo que você nunca vai precisar se preocupar muito com improvisação.

Ao invés da claustrofóbica nave Ishimura ou da colônia lunar do segundo jogo, que faziam sentido e tinham todos os cômodos e lugares que deveriam existir em uma nave espacial ou colônia extra-terrestre, aqui temos um monte de locais lineares, muitas vezes confusos e sem sentido, e, sobretudo, sem personalidade. Se você jogou os games anteriores da série, provavelmente conhece a Ishimura quase que centímetro por centímetro, mas em Dead Space 3, é difícil lembrar de qualquer local de nota ao longo do game inteiro.

Brutalidade? Bebês mutantes? Crianças disformes? Esqueça. Dead Space 3 largou de mão tudo o que te fazia sentir mal ou ter náuseas nos game anteriores e foi direto para o zumbi clichê. Na verdade, além do antigo Slasher, necromorfo com facões no lugar de mãos que tinhamos nos outros games, e um ou outro monstro, quase nada da terrível fauna dos outros jogos foi aproveitado. No lugar destes monstros que eram criativos e repugnantes temos zumbis-padrão armados com machados e zumbis-padrão pelados que querem te morder. Também temos aliens zumbis, mas não são lá muito perigosos ou interessantes. E os malditos bebês dos jogos anteriores foram substituídos por...cachorros. Sim, isso mesmo. Cachorrinhos do tamanho de bebês, mais ou menos uma revolta de Chiuauas Mutantes do Espaço.

The Walking Dead? Resident Evil? Dead Island? Left 4 Dead? 
Até quando a idéia por trás de um inimigo deveria ser escatológica, Dead Space 3 erra a mão. Por exemplo os Feeders, ou "zumbis-padrão que querem te morder", segundo documentos que você encontra no jogo, eles eram humanos deixados para morrer na superfície do planeta Tau Volantis. Sem comida, eles passaram a cometer canibalismo, e a influência do Marker os transformou em Necromorfos. Ao ver essa história eu consigo pensar em mil maneiras como a Visceral Games da época de Dead Space 2 e Dante's Inferno poderia ter criado e apresentado esses seres, todas elas mais criativas do que "um zumbi qualquer pelado".

Basicamente a narrativa de Dead Space 3 se passa alguns anos depois que Isaac Clarke escapou dos Necromorfos no jogo anterior. Angustiado e sofrendo de severos distúrbios pós-traumáticos ele tentou se esconder junto com Ellie, que ele conheceu durante o incidente do game anterior. Tudo deu errado, ela deu um pé na bunda do protagonista e ele passou a sobreviver sem muito dinheiro em um kitinete imundo... até o Governo da Terra procurar ele com uma narrativa bizarra:

A Igreja da Unitologia, que adora os Markers e acha que os Necromorfos são o ápice da evolução, formou um exército tão grande e poderoso que o Governo da Terra está praticamente sem poder real em mãos. Os malucos da Unitologia resolveram espalhar Markers por todo lado e eliminando qualquer um que considerem uma ameaça. Isaac é o alvo que eles buscam com mais dedicação, e o Governo precisa dele, pois foi descoberto o planeta de origem dos Markers, e talvez Isaac e seu conhecimento sobre esses artefatos seja a única maneira de encontrar uma maneira de destruir todos eles com um golpe só. Ou algo assim.

O jogo então te leva a Tau Volantis, o tal planeta de origem dos Markers, circundado por uma imensa quantidade de naves espaciais, de uma facção humana que tinha entrado em guerra com a Terra à 200 anos atrás.

Duzentos anos, corpinho de 20...
Desta vez parece que a Visceral pôs realmente um ponto final na série, e do meio para o fim a narrativa da série como um todo passa a fazer mais sentido... mas isso não serve de desculpa para o fato de Dead Space  3 estar mais para um shooter do que para um jogo de terror. Ao longo de mais de 40 horas de jogo, tomei apenas um único susto... e imagino que isso tenha a ver com outros fatores do jogo, como o som.

A parte sonora dos outros jogos era absurdamente bem feita (dá arrepios ouvir a musiquinha "Twinkle twinkle little star" do primeiro jogo...), dava medo, muito medo, era sinistra e perturbadora. Os Necromorfos soavam assustadores, os ecos e vários barulhinhos do cenário, de goteiras a passos, davam um clima sombrio e a música te deixava em pânico nas píores horas. Em Dead Space 3 a parte sonora é sem graça, toda aquela riqueza de detalhes que te deixava tenso com horrores indescritíveis, arranhando o metal por detrás das paredes, foi embora, deixando uma trilha sonora genérica, sons genéricos e um barulhinho eletrônico irritante que te mostra os "melhores lugares para catar itens"...

Graficamente Dead Space 3 é bem inferior aos outros jogos. Os monstros que não foram copiados dos jogos anteriores parecem genéricos e pouco detalhados, os cenários são muito similares uns aos outros, as texturas e iluminação são meia-boca e as armaduras e armas são simplesmente feias...

A Visceral também pisou na bola com algumas coisas, como a idéia de um modo Co-op. Ok, seria até divertido poder reprisar uma parte ou outra com a ajuda de um amigo, mas locais durante o jogo que só podem ser jogados cooperativamente?! Por qual motivo? Como? Aparentemente o pessoal do estúdio pensa que todo mundo que joga um game de terror fica constantemente ligando para os colegas e amigos para saber se eles estão jogando também e em que parte estão, de forma a esperar que um deles chegue nos pontos de Co-op e possa jogar com você...

Por qual motivo não fazer um Co-op desde o princípio? Ou simplesmente deixar de lado a parte de multiplayer. É difícil se assustar em um game de terror enquanto se joga com várias outras pessoas, e Dead Space sempre focou na vulnerabilidade do protagonista, não em grupos de pessoas armadas e eliminando Necromorfos...

Outra coisa sem sentido são os robozinhos que você encontra ao longo do jogo, carrega com você e solta em locais ricos em objetos que podem ser pilhados (mostrados por um irritante barulhinho eletrônico), depois recolhe os robozinhos em uma bancada qualquer. Não chega a ser ruim, mas não faz o menor sentido no mundo do jogo, se tornando um elemento completamente deslocado.

Para piorar, Dead Space 3 eliminou também os savepoints, que eram raros de achar, e os substituiu pelos infames locais de autosave. E caso você esteja se perguntando, sim, os locais onde o jogo dá autosave normalmente ficam antes das cutscenes, o que significa que, se você morre, vai ter que assistir vários minutos de filminho antes de poder jogar denovo...
Partes do cenário exclusivas para modo Cooperativo. Tudo o que você queria de um jogo de terror! Sóquenão...
Outra adição sem sentido foi a de partes onde você tem que escalar um penhasco ou túnel, ou voar pelo espaço em alta velocidade, desviando de objetos que vem a seu encontro e outros perigos enquanto manobra para um lado e para o outro... Por mais que essas partes possam ou não ser divertidas em um jogo de aventura estilo Tomb Raider ou Uncharted, não são interessantes em um game de terror. Não assustam, não ajudam a contar a história, não trazem qualquer coisa extra para Dead Space, sendo simplesmente ignoráveis.

No geral Dead Space 3 é um ótimo shooter, um game de aventura decente, mas um jogo de terror medíocre. De longe o mais fraco da série. Se você quer dar tiros, personalizar armas e arrancar membros de seus inimigos e por algum motivo não quer jogar um Call of Duty ou similar, Dead Space 3 é o seu jogo. Se você quer se borrar de medo, tomar sustos e ficar perturbado com criaturas bizarras e brutalidade dos jogos de uma das melhores séries de terror dos últimos tempos, tire Dead Space 2 da gaveta e reinstale ele...




4 de março de 2013

Assassins Creed 4 à caminho?


A franquia da Ubisoft estará ganhando em breve um novo capítulo. Ao que parece a softwarehouse ficou bem feliz com suas mecânicas de batalha naval implantadas em Assassins Creed 3, e resolveu "regredir" o próximo jogo da franquia para os séculos XVII e XVIII, na era de ouro da pirataria na costa do Caribe, ao invés de dar continuidade à trama de Connor, o assassino da época da Guerra da Independência dos EUA.

O novo Assassins Creed, que já tem nome, capa e trailer, está em fase de produção, e promete ser um grande game de pirataria, batalhas navais e furtividade.