Two Worlds II (***) (PC, Xbox360)
Enquanto as grandes empresas do ramo de software ficam enrolando (sim, cadê a segunda parte de Starcraft 2, Blizzard?!), as pequenas empresas de games encontram espaço para se destacarem.
A Paradox e a semi-desconhecida Talesworld trouxeram o excelente Mount & Blade Warband, e agora a Reality Pump e a Top Ware trazem o surpreendente Two Worlds 2.
O jogo começa com você no comando de um protagonista sem nome, aprisionado por um imperador maligno que também é um poderoso necromante (e tem uma voz muito engraçada). O imperador quer acessar um poder demoníaco que sua irmã (que parece a Lady Gaga) possúi, só que isso drena a saúde dela também, então o tal imperador resolveu te usar como "band aid", drenando a sua saúde para recuperar sua irmã. Eis que um grupo de orcs invade o castelo e te resgata. Epa, algo inédito aqui! Orcs brutos, violentos e malignos salvando você de um necromante bruto, violento e maligno... não é algo comum em jogos de RPG.
A narrativa segue com você tentando arrumar um jeito de exterminar o tal necromante, com ajuda de uma sacerdotisa gostosona e de um grupo de orcs (sim, tem uma "orc" gostosona também).
Embora seja um pouco clichê, Two Worlds 2 consegue brincar com a narrativa, se tornando quase um GTA. Você tem muita liberdade e muitas missões secundárias para realizar, podendo se tornar um grande mago, um paladino honrado, um gladiador famoso, um bandido sanguinário ou um don Juan, transando com várias gostosonas ao longo do jogo, com direito a cenas de semi-nudez e insinuação sexual dificilmente vistas fora de um GTA.
Some isso às várias referências a filmes, livros e outros games. Você vai encontrar referências ao Clube da Luta, O Iluminado, Warcraft, Diablo, Indianna Jones, O Poderoso Chefão e vários outros, de um modo semelhante ao saudoso Fallout 2.
Graficamente Two Worlds 2 é muito bom. As texturas são sólidas, as expressões faciais e corporais são bem feitas, efeitos de movimento, pelo, grama e água são explêndidos, e a iluminação é excelente. As dublagens são bem feitas, embora alguns personagens merecessem uma voz melhor (principalmente o necromante).
Há muita opção de customização de seu personagem. Além dos tradicionais barba, cabelo e bigode, você pode definir a altura dele, largura e construir a face em detalhes. Ao longo do jogo você vai ganhando pontos que pode atribuir à várias habilidades, se dedicando mais ao combate corpo-a-corpo, ao arqueirismo, à magia ou à furtividade.
A mecânica de magia é muito original. Basicamente magia é feita à partir de "cartas", como em um Magic The Gathering. Ao longo do jogo você vai encontrando cartas de efeitos (raio, invocação, proteção, encantamento, efeito de área...) e de elementos (fogo, água, terra, mente, animais, plantas...) e cartas para "melhorar" a magia (melhor duração, dano, proteção, raio teleguiado, raio com ricochete...). Combinando estes três tipos de carta, você pode obter os efeitos mais divertidos e insanos. Que tal usar elemento Mente com Raio para teletransportar um monte de objetos pesados para cima do seu inimigo? Ou usar Invocação e Fogo para invocar um monstro? Some isso ao fato de que você pode dar nome à suas magias e você terá o sistema de magias mais original e divertido dos RPGs eletrônicos.
Assim como em Oblivion, aqui você também pode coletar plantas e partes de monstros para criar poções. Chifre de rinoceronte + Olho de gato pode resultar em uma poção de cura, por exemplo (embora na vida real resulte em uma baita diarréia e um processo das sociedades protetoras dos animais...).
Divertidas também são as opções de diálogo do protagonista. Seu personagem é o cara mais irônico de todos os RPGs eletrônicos, sempre tirando sarro dos inimigos ou reclamando de missões nonsense. Inesquecível o papo com um bêbado que acha que você é a mãe mumificada dele...
Two Worlds 2 tem alguns probleminhas também. Aparentemente os desenvolvedores nunca viram um cavalo na vida, nem montaram em um. Andar de cavalo neste jogo é um horror, além dos movimentos robóticos do animal não terem nada a ver com um cavalo de verdade, o bicho ainda empaca sem explicação a cada curva que você faz e tem a mania de empinar e te jogar da sela sem motivo algum. Todos os cavalos de Two Worlds 2 fazem isso. E é horrível. Se você gostou do cavalo de Shadow of Colossus e torceu o nariz pros cavalos de Mount & Blade, vai odiar os equinos de Two Worlds 2 até o osso.
Outro probleminha é a respeito de fechaduras. Basicamente quando você encontra uma arca ou baú fechado você pode tentar arrombar o fecho usando palitos de metal ou tentar quebrar o cadeado usando sua arma, com uma chance percentual dela se quebrar no processo. Para quebrar o cadeado bastaria atacar o baú... bastaria... O problema é que cada vez que você ataca, seu personagem "anda" alguns centímetros para frente, e quando você tenta atacar os cadeados, você acaba andando para a frente ou para os lados "sem querer" e não acertando o maldito do cadeado. É comum ficar longos 10 a 40 minutos tentando acertar o tal cadeado sem sucesso. Seria bem mais fácil se os desenvolvedores criassem uma animação do seu personagem forçando o fecho toda vez que você atacasse um cadeado...
Outro problema é o enorme medo que os desenvolvedores tem da pirataria. Praticamente a cada novo capítulo do jogo você é obrigado a digitar novamente o CD-Key. Sim, aquele codigo chato alfanumérico que vem pregado na embalagem do jogo ou no manual, e que a gente sempre acaba perdendo... Particularmente eu detesto CD-keys, e digitá-los a cada capítulo do jogo é quase como ter que mostrar a nota fiscal de um livro para um fiscal toda vez que você for passar de capítulo, um esforço desnecessário e um baita "corta-clima"...
Two Worlds 2 poderia ganhar cinco estrelas por aqui, mas a preguiça dos desenvolvedores realmente matou partes que eram para ser divertidas (tente participar das corridas de cavalo no jogo e tire suas conclusões...). No entanto, enquanto espera Dragon Age 2, você pode se divertir bastante com este game.