27 de janeiro de 2012

A Terceira Guerra Mundial - ACTA e Megaupload

Anonymous, o inimigo sem nome
na era da guerra digital.
A Terceira Guerra Mundial - ACTA e Megaupload

Estamos em 1662, a prensa mecânica acaba de ser inventada na Europa (embora já existisse na Coréia a muito mais tempo) e autores de peças teatrais, escritores e músicos estão em perigo. Música, peças e romances tem existido desde a pré-história, mas até agora eles só estavam disponíveis diretamente na fonte, pagando-se um músico, uma equipe de teatro ou comprando um exemplar feito a mando do escritor por monges copistas (que copiavam, palavra por palavra, livros inteiros). 

Do dia para a noite, qualquer um com uma prensa poderia reproduzir partituras musicais, peças de teatro e obras de literatura, vendê-las, ficar com todo o lucro e deixar o autor original a ver navios. Foi então que o rei Charles II da Inglaterra inventou o Copyright, criando a chamada "Lei de Anne", onde o autor deveria dar a um publicador o "direito de copiar" (copy right em inglês) sua obra, sendo que qualquer obra feita e vendida sem essa permissão do autor seria considerada ilegal. 

Voltemos para os dias de hoje, em 2012. Desde o século XVII a briga entre empresas e autores detentores de direitos autorais e piratas vem se alastrando, das peças de Shakespeare copiadas a mão por dramaturgos de segunda categoria, escondidos no meio da platéia aos filmes de Hollywood filmados com câmeras de celular dentro dos cinemas, pouca coisa mudou no modo dos piratas agirem... porém se tornou muito mais fácil o acesso a material protegido por Copyright.

Sites de compartilhamento de arquivos, torrents e programas de destravamento de consoles se tornaram comuns e acessíveis a qualquer um. Ao mesmo tempo, as empresas estão usando seu poder financeiro para tentar esmagar e praticamente escravizar seus clientes através do lobby político e de projetos como o SOPA, PIPA, ACTA e outros. Mas o que realmente está acontecendo com nosso mundo e nossa internet? Há limites aceitáveis para a "pirataria"? Como evitar que produtos com copyright sejam copiados ilegalmente? Isso é realmente uma ameaça para o setor do entretenimento?

Se não fosse a Wikipédia, esta poderia ser a
imagem no seu computador hoje...
SOPA, PIPA e outras siglas:


O projeto do SOPA (Stop Online Piracy Act) foi engavetado pelo congresso americano semana passada diante dos protestos virtuais e reais contra as medidas propostas.

Sites como a Wikipédia sairam do ar durante um dia inteiro, apenas para dar um gostinho aos usuários de como seria o mundo se o SOPA passasse.

O PIPA (Protect IP Act), também engavetado pelo congresso dos EUA, provocou protestos nas redes sociais e nas ruas. Agora o ACTA (Anti-Counterfeit Trade Agreement) está criando um grande rebuliço na rede e em toda a Europa. Mas o que são estas propostas?

Teoricamente o PIPA e o SOPA são projetos "irmãos", criados para combater a pirataria na internet. Atualmente se uma empresa encontra material com Copyright em um site, por exemplo, ela deve passar por um processo jurídico e burocrático regulado pela justiça. Ela deve entrar em contato com o dono do site e pedir a retirada do material do ar. Caso haja resistência do site, a empresa deve entrar na justiça e processar o(s) dono(s) do site.

Digamos que o Blog da Resenha publique um vídeo com o trailer de um jogo da Capcom (material com copyright), a empresa não gosta e manda um e-mail para o dono do Blog pedindo que o vídeo seja retirado do post. Se eu tirar o vídeo, o problema acabou aqui. Caso eu me negue a fazê-lo ou não me pronuncie em um determinado tempo, a Capcom poderá entrar na justiça contra a minha pessoa.

Só que essa abordagem, do ponto de vista das empresas, leva muito tempo. Nem sempre se pode processar o dono do site, ou mesmo se encontra ele. Às vezes ele mora em um país onde a empresa não pode apelar para a justiça local (como é o caso do Piratebay, que muda seu domínio de hospedagem com certa regularidade para países cujas leis não permitem este tipo de processo), ou o site não tem nada a ver com o conteúdo, postado lá por terceiros (como é o caso do 4chan, que é apenas um site de fórums, não tendo responsabilidade com o que as pessoas falam ou postam lá).

Corporações contra o povo. Quem deve decidir as leis que
regem a sociedade?
Alguns sites como o Isohunt acabam por "enrolar" as empresas, anunciando que vão tirar o material do ar e nunca cumprindo a promessa por "falhas técnicas" ou "falta de pessoal".

O PIPA e o SOPA então colocariam nas mãos das empresas o poder de "passar a perna" na justiça, simplesmente culpando o site e tirando ele do ar nos EUA, sem direito de defesa por parte dos acusados.

O ACTA, atual motivo de controvérsia em todo o mundo, é maior, pior e mais perigoso. Enquanto os SOPA e o PIPA lidavam com censura da internet, dentro dos Estados Unidos, o ACTA lida com copyright em escala global.

Há algum tempo atrás, descobertas da ciência que podiam salvar vidas e melhorar o mundo eram consideradas, inclusive pelos descobridores, um bem da humanidade. Com o surgimento de grandes conglomerados farmacêuticos e bioquímicos nos anos 1940, estas descobertas passaram a ser vistas como propriedade intelectual de empresas. Empresas que querem lucrar muito colocando preços em suas descobertas.

ACTA: contra a saúde, alimentação e entretenimento em
defesa do dinheiro de corporações multimilionárias.
Novos remédios, sementes de plantas selecionadas geneticamente para serem mais produtivas, tratamentos médicos e substâncias laboratoriais tem sido registradas como copyright e mantidas guardadas atrás de sete chaves para o lucro das empresas que contrataram seus "descobridores". Governos como o do Brasil, que acreditam que a saúde e bem estar da população é mais importante que o lucro de empresas, tem sistematicamente infringido estes copyrights, permitindo que pequenas empresas locais e corporações estatais produzam os mesmos medicamentos, sementes e substâncias "genéricas", criando concorrência e obrigando as mega corporações detentoras do copyright a baixarem os preços para competir com estes genéricos.

O ACTA quer combater exatamente isto, criando um tratado de comércio que criminalize produtos que infrinjam copyright, mesmo se estes sejam importantes para a saúde e bem estar das pessoas. Sementes que podem ser plantadas no deserto e combater a fome nos países pobres? Propriedade de empresas como a Monsato, que pode colocar o preço que quiser sobre elas, uma vez que não podem ser produzidas por outras empresas. Remédios que podem parar o virus da AIDS, impedindo sua transmissão ou ação e salvando milhares de vidas? Não com o ACTA, que considera que o lucro das empresas farmacêuticas e o controle delas sobre sua distribuição e produção é mais importante.

Na esfera da internet, o ACTA, ciente da incapacidade de localizar e punir quem distribui conteúdo com copyright, resolveria o problema atacando a parte física da rede, os servidores de internet.

Suponhamos que você assina UOL e tem internet em casa através desta empresa. Um belo dia você resolve colocar um tapa-olho, papagaio no ombro e baixar um jogo pirata no Piratebay, por exemplo. Parabéns, o ACTA permitiria que o UOL fosse processado, provavelmente tirado do ar e tendo seus funcionários presos ou multados.

Diante disso, servidores (que não são muitos, quantos você conhece no seu país?) seriam obrigados a fiscalizar seus clientes o máximo possível, talvez até mesmo estipulando preços diferentes para cada tipo de cliente, como fazem os seguros. Na pior das hipóteses, clientes "suspeitos" poderiam ter toda a sua navegação (incluindo e-mails pessoais e serviços de mensagens instantâneas como MSN) vigiada em tempo real.


- Megaupload e o abuso das corporações:


Aparentemente as propostas (ACTA, SOPA, PIPA...) são cruéis, mas legais (do ponto de vista de legalidade, não de serem divertidas). Se uma empresa emprega tempo, dinheiro, funcionários e recursos para criar algo, seja um remédio, seja um filme ou jogo, ela busca lucrar com isso. O capitalismo funciona assim, quem não gosta que se mude para a Coréia do Norte ou para Cuba.

Aparentemente.

Acontece que vivemos, na maioria dos países europeus e americanos, em uma sociedade democrática e temos direitos inalienáveis. O direito de decidir (ou de nomear representantes para decidir por nós, afinal deputados e senadores estão lá para isso... ou pensou que era só para se envolverem em escândalos de corrupção?) é um deles, e exatamente este está sendo jogado no chão pela ACTA.

Diferente do PIPA e do SOPA, que foram discutidos no congresso dos EUA, sobre a criação de leis nos EUA por congressistas (teoricamente) representantes do povo nos EUA, a ACTA está sendo negociada em segredo, por empresários, ministros (cargos indicados por presidentes, não eleitos pelo povo) e CEOs de grandes corporações, e terá um alcance global, afetando mais de 20 países diferentes.

Ou seja, temos aí uma lei internacional sendo imposta de maneira unilateral, sem consultar os interesses do povo, em contramão da democracia, e que abre um grave precedente para outras leis e propostas ainda piores surgirem e serem impostas de maneira absolutista.

Mas, mesmo se o SOPA e o PIPA tivessem sido aprovados e a ACTA fosse imposta, poderíamos confiar nas empresas, certo? Eles provavelmente não iriam se envolver em práticas abusivas ou manipular a sociedade para manter o controle sobre seus produtos, certo?

Errado

Mesmo com o engavetamento do SOPA e PIPA, a semana passada deu um gosto de quão longe as corporações estão dispostas a ir para manter seu poder. Você provavelmente já ouviu falar no Megaupload, não é? Aquele famoso serviço de armazenamento e transferência de arquivos na internet? Pois então, a notícia que correu o mundo foi de que a empresa Megaupload estava envolvida em esquemas de pirataria e lavagem de dinheiro, e seu dono, Kim Dotcom, foi preso na Nova Zelândia.

Pois então, o buraco é bem mais embaixo.

"Pirataria? Eu comi ela..."
Quem deu queixa sobre a pirataria envolvendo o site foi a Universal Music Group. No final de 2011, Kim Dotcom e o pessoal do Megaupload anunciaram que iriam iniciar um serviço de venda de música online, misto com um selo fonográfico. O Megabox, que teria parceiria com a loja virtual Amazon e várias outras empresas da internet, distribuiria música online gratuitamente, e em troca pagaria 90% do valor das músicas direto aos detentores dos direitos autorais, ou seja, os intérpretes (cantores) e compositores.

Isso seria um negócio da China para todos os lados. O serviço atrairia milhões de usuários no mundo todo (Música de graça e legalizada), os usuários em massa atrairiam indústrias de marketing interessadas em colocar propagandas no Megabox. Os artistas que criaram as músicas ganhariam 80% mais dinheiro do que ganham, por exemplo, gravando músicas pela Universal Music Group, e as gravadoras tradicionais iriam à falência, ou pelo menos seriam obrigadas a rever seus conceitos.

Muita gente não sabe, mas as gravadoras (assim como editoras de livros) repassam apenas uma pequena porcentagem (entre 1% e 10%) do lucro dos CDs e músicas vendidas para quem realmente as criou. Todo o resto fica com a gravadora, para pagar a produção física das mídias (CDs, DVDs, etc...), marketing, transporte e etc. Eliminando estes gastos, o Megabox inverteria essa equação.

Universal Music odeia concorrência. Ainda mais
quando a concorrência paga 80% a mais para os
artistas...
Nas palavras de Kim: "O Universal Music Group sabe que nós vamos competir com eles através de nossa nova empreitada chamadaMegabox.com, que em breve vai permitir aos artistas a venda direta aos consumidores, enquanto mantém 90% do lucro."

"Nós temos uma solução chamada a Megakey(Megachave), que irá permitir aos artistas a receber lucro de usuários que baixarão músicas de graça. É isso mesmo, vamos pagar os artistas até mesmo por downloads gratuitos. O modelo de negócio da Megakey foi testada com mais de um milhão de usuários, e funciona!"

Desde os anos 1960 que gravadoras como a Universal tem mantido um controle da mídia musical que beira o crime organizado. Por conta de operações de trust e monopólios elas conseguiram impedir de publicar suas músicas vários artistas com opniões políticas diferentes das dos seus presidentes, criado bandas "artificiais" que tocavam músicas de outros cantores, muitas vezes sem a autorização destes e investido pesadamente em marketing para turbinar as vendas de certos artistas, utilizando-se inclusive de subornos à radios e lojas (os famosos "jabás").

O Megabox permitiria a músicos iniciar suas carreiras com certeza de lucro e sem a coerção das gravadoras. Depois de ameaças a Kim Dotcom, veio bem a calhar dar queixa para o FBI e a Interpol a fim de evitar concorrência.

Einstein errou, a quarta guerra mundial não será disputada
com paus e pedras! Será com mouses e teclados...
A Terceira Guerra Mundial


A reação da sociedade civil, que está sendo chamada ironicamente de "Terceira Guerra Mundial" por ambos os lados, veio rapidamente. O grupo hacker Anonymous imediatamente tirou do ar os sites do governo americano, do FBI, de várias gravadoras e indústrias que apoiavam o SOPA, PIPA e/ou ACTA. Ao mesmo tempo os hackers reuniram o conteúdo do Megaupload e criaram um novo serviço idêntico, hospedado na Rússia, para as pessoas poderem reaver seus arquivos que estavam nos servidores da empresa.

Mas, por qual motivo a sociedade civil está contra estas leis, tecnicamente criadas para proteger os artistas e empresas de piratas e falsificadores? A melhor analogia que li para isso foi a do carteiro.

Imagine um carteiro. Um belo dia ele vai para o centro de distribuição dos Correios e pega sua mala cheia de cartas e pacotes. Ele não sabe, mas traficantes de drogas enviaram uma carta, para outra quadrilha de traficantes, propondo a invasão de uma favela. O carteiro faz seu trabalho, entrega as cartas e vai para casa. Os traficantes invadem a favela e matam centenas de pessoas. No outro dia a polícia prende o carteiro por Associação ao Crime ao ter entregue a carta.

Serviços de compartilhamento como o Megaupload, são como um carteiro, são drivers virtuais que podem armazenar informações e ser acessados de vários computadores. Alguém que trabalha em vários computadores diferentes (um no escritório, um em casa, um na biblioteca...) pode guardar seus dados nestes sites e acessá-los novamente sem a necessidade de carregar pen-drives ou HDs externos. O site não sabe o que foi guardado lá, e não quer saber, ele apenas aluga o espaço para a armazenagem.

O sujeito que compra um CD original ou uma música no site da gravadora e guarda ela em um desses serviços, digamos para ouvir tanto em casa quanto no trabalho, não está fazendo um crime, está? Do ponto de vista de gravadoras como a Universal, e de medidas como o SOPA, PIPA e ACTA, sim.

Rebecca Black: antes da internet ela nunca apareceria no
clip de uma popstar.
Com a popularização do computador e da internet, ficou muito fácil "copiar" algo. Copiar uma imagem nos anos 60 ou 70 envolveria equipamentos caros, gasto de materiais, mão de obra, pessoal... hoje basta clicar com o botão direito do mouse em qualquer figura e escolher a opção "Salvar Imagem Como...". Mesma coisa para músicas, vídeos, softwares e games. Imagine copiar um cartucho de Super Nintendo?!

A facilidade de copiar e divulgar mídia se tornou apavorante para as empresas que tinham (ou acreditavam ter) total domínio da cultura de massa nos anos 80 e 90. Hoje bandas e cantores que surgiram na internet (como a infame Rebecca Black que acabou em clipes da Kate Perry) são muito mais vistos e conhecidos do que os que foram cuidadosamente montados pela equipe de marketing e comunicação das gravadoras. Blogs e sites de compartilhamento rápido de informações (como o Twitter) são mais rápidos, eficazes e contam com mais confiança do que os jornais e revistas, mods e mapas "caseiros" de games, como o DotA, Team Fortress e Portal fazem mais sucesso que os jogos dos quais nasceram.

A sociedade recuperou sua capacidade de criar cultura, e a internet se tornou uma zona livre para as trocas culturais que antes tinham que ser mediadas por empresas e objetos físicos. Com isso a noção de direito autoral e copyright se tornou cada vez mais tênue.

Smith, SOPA no olho dos outros é refresco...
Um exemplo irônico é o site pessoal do político americano Lamar S. Smith. Para quem não conhece a ilustre figura, ele foi o criador e proponente do SOPA, e se diz ferrenho defensor dos direitos autorais e do copyright.

Acontece que para servir de fundo para seu site pessoal, Lamar utilizou uma fotografia retirada da internet, sem dar crédito ou pagar o fotógrafo. Ele mesmo é, aos olhos de sua própria lei, um criminoso, um "pirata", roubando arte dos outros para seu próprio ganho.

Direitos Autorais, Copyright e Internet, quais são os limites?


A grande questão por trás de todas estas siglas e leis é uma só, quais são os limites do direito autoral e do copyright na era da internet?

As grandes corporações, comandadas por pessoas de 60 anos ou mais, levaram quase 20 anos para perceber o quanto esta pergunta é pertinente. Em um mundo onde cópias podem ser feitas instantâneamente, ao apertar de um botão, sem custo de materiais, mão de obra ou conhecimentos avançados, e distribuída gratuitamente em escala planetária em segundos, a indústria do copyright se tornou obsoleta.

Eu posso gravar uma música da minha cabeça com um violão no conforto da minha casa e em segundos ela pode se tornar sucesso no Japão, sem equipes de publicitários, sem fábricas, sem mídias físicas, sem CNPJs, impostos, transportes ou estúdios. Estamos caminhando para um mundo onde o artista e seu público voltarão a ter um contato direto, sem a intermediação de gravadoras ou distribuidoras.

E, sem toda aquela aura mística em volta do artista, sem os publicitários e agentes, qual valor daríamos para estes? Qual é o valor da Rebecca Black ou de qualquer outra "web-celebridade"? Obras de arte na internet tem tão pouco valor que você pode pegá-las de graça e colocar como fundo do site ou são tão valiosas quanto as feitas fora da rede?

E principalmente, qual é o impacto da "pirataria" gratuita da internet sobre as vendas dos produtos?

MW3 Pirate Edition: Jogo que mais vendeu
também foi alvo de downloads ilegais
As empresas costumam fazer uma ligação direta entre pirataria e perda de vendas, seguindo a lógica de "se o cara conseguiu o produto de graça, ele não vai pagar para ter outro igual". É comum ouvirmos na TV "a indústria perdeu X dólares com a pirataria, pois Yde produtos custando Z dólares foram distribuidos de graça pela internet".

Olhando os fatos, a relação não parece ser tão direta assim. Em 1999, quando o Napster entrou no ar, distribuindo música gratuitamente pela internet, algumas bandas como o Metallica e artistas como Maddona viram suas vendas cairem, enquanto outros como Radiohead e Dispatch viram suas vendas dispararem como nunca na história. Será que, conhecendo o conteúdo das músicas e dos CDs, os consumidores foram capazes de escolher melhor, ignorando o forte apelo de marketing de artistas famosos e indo para músicas que realmente lhes interessaram?

A mesma coisa pode ser vista em relação aos games. Call of Duty Modern Warfare 3 bateu não só os records como produto de entretenimento mais vendido da história como também foi um dos mais pirateados do ano passado. Não teriam os consumidores que baixaram e gostaram do jogo, comprado o original ? Praticamente todos os jogos mais vendidos de 2011 também figuram na lista dos mais baixados ilegalmente...

Uma coisa que muitos esquecem é que ter acesso à mídia sem pagar por ela NÃO É coisa nova. Lembra antes da internet? Existiam rádios FM/AM (ainda existem...) que tocavam os últimos lançamentos em música. De graça, 24 horas por dia.

E como esquecer os filmes, "pela primeira vez na televisão brasileira", que passavam na TV apenas poucos meses depois de sairem dos cinemas. De graça.

Livros? Você podia ler eles de graça (e ainda pode) em qualquer biblioteca pública, e ainda levá-los para casa. Gratuitamente.

Imagem copiada de outro site... não sei se a porcentagem está
certa, mas se o SOPA me pega...
Na verdade as empresas até perdiam dinheiro para que suas obras chegassem até você. Sabia que os artistas nem sempre recebem cachê por seus shows? Muitas vezes eles tocam de graça (apenas a gravadora recebe) apenas para divulgar um novo álbum, além da gravadora "perder dinheiro" enviando cópias de seus CDs para rádios e pagando jabás aos locutores para dar destaque a suas músicas.

O download ilegal e o compartilhamento de arquivos não vai "matar" o cinema ou a música. Não mais do que os rádios e a TV matam passando músicas e filmes gratuitamente. O que está desesperando as empresas, sejam as distribuidoras de filmes e games, sejam as gravadoras de música, é que elas descobriram que estão obsoletas. Hoje o próprio autor pode exercer o copyright sem precisar de fábricas ou maquinário pesado ou maior conhecimento do que clicar com o botão direito do mouse. O Copyright já não é mais necessário para garantir o direito autoral, e grandes fábricas comandadas por mega-empresários não são mais necessárias. Iniciativas como o Megabox vão aparecer cada vez mais, e nem sempre o FBI estará à disposição para barrá-las (eles também estão ocupados com a verdade que está lá fora, certo Mulder e Scully?). Mais dia menos dia os gigantes como a Universal vão acabar, e os bilhões que seus CEOs ganharam vão mudar de mãos.

E então o Anonymous terá ganhado a guerra... 

20 de janeiro de 2012

Resident Evil 6 e novo filme!

Resident Evil reanimado!

Depois de a Capcom sair pichando várias cidades pelo mundo afora, finalmente viemos saber o motivo. Resident Evil está mais vivo do que nunca, e não apenas Operation Raccoon City vem tirando o sono dos fãs, como o Resident Evil 6, anunciado ontem, também vai te deixar na expectativa.

O trailer divulgado pela IGN mostra Leon Kennedy, agora na China, combatendo zumbis e mutantes. O site anunciou que Chris Redfield e Ada Wong também estarão no game, e provavelmente teremos um Assignment Ada 2 quando terminarmos o jogo principal.

"Foi você que me chamou de baixinho?"
O trailer também trás um gigantão verde com uma metralhadora giratória em uma das mãos. Seria uma nova versão do mutante Tyrant que veio para preencher o vazio deixado por Nemesis em nossos corações? Será que ele vai conseguir conquistar os fãs como fez o antigo monstro de Resident Evil 3?

Novos mutantes também parecem estar confirmados, incluindo um cara capaz de esticar os braços e te "pescar" de trás de coberturas.

Fora o fato de que a China é o país mais populoso do mundo... ou seja é zumbi que não acaba mais, e no meio da população em pânico é difícil saber quem está infectado e quem não está...

"Porra! Até o Dhalsim foi infectado!!!"
Para os que tem saudades dos tempos que RE era mais terror e desespero, uma má notícia. RE6 promete ser mais ação, ao estilo de RE 4 e 5, e menos suspense.

E não é só nos games que a série Resident Evil está de volta. Sabe aqueles terríveis filmes com a deliciosa Milla Jovovich? Pois é, eles também vão ganhar continuação.

Resident Evil Retribution trará a belíssima atriz ucraniana matando mais mutantes, clones, clones mutantes e zumbis por aí e, com alguma sorte, pagando peitinho na telona (os últimos filmes foram tristes sem cenas de nudez...). Outra gata, Michelle Rodriguez também dará o ar da graça no novo filme, embora não se saiba se ela fará a mesma personagem que fez no primeiro filme da série, um clone dela, ela zumbi ou uma nova personagem.

"Sejamos sinceros, você só assiste esses filmes para ver
meus peitos, não é?"
Como é tradição, a personagem de Michelle provavelmente usará uma camiseta sem mangas preta ou branca e morrerá logo na metade do filme (exceto por Machete, nunca vi um filme em que ela sobrevive até o final ou que usa outro figurino...).

O trailer também mostra alguém com as roupas de Ada Wong. Teríamos a chinesa em Retribution? Quem seria a atriz? Bai Ling? Lucy Liu? Kelly Hu? Alguma ocidental?

Se você é fã de atrizes bonitas e filmes ruins, prepare os ingressos pois Retribution estréia em Setembro de 2012.

Se você gosta de jogos de ação com zumbis e monstros mutantes, prepare o bolso, Resident Evil 6 sai em Novembro desse ano.


15 de janeiro de 2012

iHell - Quem sofre montando os nossos gadgets?


























iHell - Quem sofre montando nosso gadgets?

Amigo gamer, o que você pediu de natal no final de 2011? Um iPad? Um iPhone? Um Xbox360? Hardware para seu PC?

Considerando que todos nós adoramos geringonças eletrônicas, sobretudo se tiverem algum tipo de jogo envolvido com elas, é bem possível que você já tenha, senão ganhado, pelo menos desejado um desses objetos de alta tecnologia.

O que me diz de trabalhar com eles então? Construindo videogames, cercado de tecnologia por todos os lados, que tal? Animador, não? Ainda mais quando as empresas mostram suas sedes e escritórios assim:





Lindo, não é? Todo mundo feliz, contente, alegre, se divertindo, videogames por todos os lados, quadras, quinquilharia nerd... É o paraíso onde todo mundo gostaria de trabalhar, certo? Certamente o Xbox360, seus periféricos e os aparelhos da Apple saem de laboratórios pristinamente brancos, com robôs e esteiras brilhantes...

Pois então, meu amigo, deixe-me mostrar algo que vai mudar um pouco seus conceitos sobre empresas de tecnologia...

Abandonai Toda Esperança, Ó Vóis Que Entrais


Sim, robôs estão disponíveis hoje em várias fábricas, mas eles são caros, demandam manutenção e costumam consumir muita eletricidade. Empresas como a Microsoft e a Apple (e não só elas) tem conseguido baixar o preço de seus produtos usando outra estratégia. Enquanto as belas sedes e campus vistos ai em cima são territórios de engenheiros, programadores, projetistas e publicitários, a produção mesmo dos objetos é terceirizada para outros países e outras empresas. De preferência países onde há pouca ou nenhuma lei trabalhista, ignoram Direitos Humanos, sofrem com superpopulação e podem prover uma quantidade enorme de mão-de-obra extremamente barata, e empresas que não dão a mínima para seus funcionários e tem menos ética e moral do que GlaDOS e Hitler. Juntos.

Funcionários motivados. Tente adivinhar a quanto tempo
 estão sem comer ou dormir...
Bem vindo à Foxconn, subsidiária da Hon Hai, empresa de componentes elétricos e montagem de  eletrônicos. A multinacional opera em diversos países, incluindo Brasil, mas em nenhum lugar se compara com a matriz chinesa (do Taiwan).

Agora em Janeiro de 2012, mais de 300 funcionários paralizaram suas atividades, subiram no telhado da fábrica que monta consoles Xbox360 e prometeram se jogar de lá. Segundo ONGs de apoio aos trabalhadores da China, os funcionários estão revoltados com as condições subhumanas às quais são obrigados a trabalhar, com turnos de até 60 horas seguidas, falta de higiene das instalações, falta de treinamento, violência física e psicológica, discriminação racial (dos chefes e gerentes taiwaneses para com os chineses continentais e imigrantes de outros países asiáticos), falta de pagamento e de segurança. A gota d'água veio quando a empresa resolveu transferir os funcionários de um setor para outro, sem qualquer treinamento, aviso prévio ou consulta. Um belo dia os funcionários que montavam Xbox360 foram obrigados a montar aparelhos de Kinetic, sem fazer a mínima idéia de como montar o periférico... e ainda ganhando menos.

A empresa deu um ultimato para os trabalhadores descontentes. Ou eles adivinhavam como montar Kinetic e voltavam ao trabalho ou podiam se demitir, recebendo o salário do mês. 150 se demitiram no ato. A Foxconn, então, colocou sua troll face para funcionar e não pagou um centavo aos funcionários, que já estavam sem receber a algum tempo. Desesperados, eles optaram pelo suicidio coletivo, mesmo porque o individual é comum por lá...

Empregado se suicida dentro da Foxcoon cortando o próprio
pescoço. Novos postos de trabalho disponíveis...
Sim, você leu certo, não é a primeira vez que alguém se mata dentro das fábricas da sombria Foxconn. Só em 2010, 14 pessoas se mataram dentro das fábricas em horário de trabalho, mais de um empregado por mês.

Suicídios são tão comuns por lá que a empresa resolveu tomar algumas atitudes. Você pensa que isso inclui palestras, atividade física e assistência psicológica? Não não, as "atitudes" são mais estilo III Reich, como colocar grades nas janelas, trancar os empregados dentro dos dormitórios e forçar novatos a assinarem acordos isentando a Foxconn de qualquer responsabilidade por eventuais mortes causadas por acidentes, suicídios ou tortura. Funcionários que dêem sinais de estarem exaustos (considerando que todos trabalham 15 horas por dia sem poder para para ir ao banheiro ou comer) são prontamente socorridos pelos atenciosos capangas da empresa e encaminhados para o Instituto de Saúde Mental de Shenzen, um sanatório particular onde - supresa - os internos são obrigados a trabalhar em linhas de produção da Foxconn...

Estranhou a presença das palavras "capanga" e "tortura" acima? Pois é, a "segurança" da empresa é famosa por aplicar castigos físicos a empregados e jornalistas que tentam se infiltrar nas fábricas. E não apenas espancamentos e violência física são empregados, mas também e principalmente, violência psicológica. Segundo um jornalista do jornal britânico Daily Mail, que se infiltrou com sucesso entre os empregados, as fábricas da Foxconn operam em um bizarro sistema de "pontos".

Teoricamente os trabalhadores recebem 20 libras por mês (em torno de 40 reais), mas a cada "ponto" tem dinheiro descontado de seu salário. Recebem pontos empregados que estão com unhas longas, bocejam, andam rápido, andam devagar, comem, bebem líquidos ou se sentam no chão por alguns segundos após quinze horas seguidas em pé. Desmaios e doenças também acrescentam pontos e diminuem o salário, tornando comum empregados chegarem ao fim do mês "devendo" a empresa. Não bastasse isso, acidentes também são passíveis de punição, sendo que um dos empregados que se suicidou em 2010, após sofrer um acidente com ferramentas na linha de produção, foi obrigado a lavar latrinas imundas por semanas, sem receber, como punição.

Trabalhadores da Foxconn ameaçando se jogar de cima da
fábrica. A Microsoft diz que "não é nada"...
Some a isso as péssimas condições de higiene do lugar. Baratas, aranhas, formigas, ratos e outras pragas caminham por todo lado, principalmente nos dormitórios, que contam com beliches triplos, sem colchão, janelas apenas nas portas (como em uma cadeia) e um calor de até 35ºC no verão chinês ou um frio de temperaturas negativas no inverno. Aquecedor e ar condicionado são absolutamente inexistentes por lá.

Funcionários também dividem os alojamentos com trabalhadores que fazem outros turnos, o que garante que sempre tenha gente chegando e saindo do mesmo quarto o tempo todo. Conversas contam "pontos" que são descontados do salário, portanto não há quase qualquer comunicação com outros trabalhadores, exceto quando todos cantam o hino da empresa e gritam palavras de ordem ditadas pelos capangas e gerentes das linhas de produção.

Também é comum haverem acidentes envolvendo produtos químicos como o Hexano, usado para colar os logos da Apple nos iPad e iPhones. Em contato com a pele o Hexano danifica o sistema nervoso, causando perda de sensibilidade, dores crônicas e morte. Em outra ocasião a fábrica indiana da empresa resolveu bater pesticidas sem evacuar os locais, e mais de 250 empregados foram direto para o hospital envenenados.

As condições de trabalho no local são tão feias que 20 universidades chinesas conduziram uma pesquisa conjunta comparando a Foxconn de lá com campos de trabalho forçado e campos de concentração, e descobriram que além de tudo isso ainda é comum a prática de horas extra compulsórias que podem durar até 60 horas seguidas (!!!). Em uma dessas maratonas intensivas um funcionário chamado Chen Long morreu de exaustão.

O Horror, O Horror


Infelizmente, infernos como estes não tem uma só causa. Para indústrias como a Foxconn existirem é necessário uma grande combinação de fatores, como empresas querendo baratear os preços de seus produtos, consumidores vorazes por novidades, ganância de CEOs e executivos de grandes corporações, governos que não se interessam por seus trabalhadores, superpopulação, desemprego e pobreza em países superpopulosos como a China e Índia e o próprios sistema capitalista em geral.

CEO da Microsoft Steve Ballmer. Not a single
fuck was given that day...
Mas como evitar isso? Imagine que você é o dono de uma megacorporação, o Bill Gates, por exemplo, e de repente você lê nos jornais que uma das fábricas que montam o produto que você vende, que tem sua marca e que você aparece na TV apresentando, é construído em um local tão subhumano que as pessoas preferem cortar o próprio pescoço do que trabalhar lá. O que você faz? Fecha o contrato com a empresa? Processa eles? Compra a fábrica e melhora as condições de trabalho para todo mundo?

A Microsoft e o seu atual CEO Steve Ballmer (Bill Gates se aposentou à algum tempo)  pensa um pouco diferente. A empresa divulgou um comunicado onde cita que:


"A Microsoft é uma das empresas que tem contrato com a Foxconn para manufaturar hardware. Depois de ficar sabendo do protesto dos trabalhadores em Wuhan, nós imediatamente conduzmios uma investigação independente da questão.
Depois de falar com os trabalhadores e a gerência, é do nosso entendimento que o protesto dos trabalhadores era relacionado a políticas de transferência e alocação de pessoal, e não a condições de trabalho. Devido a ajustes normais de produção, a Foxconn ofereceu aos seus funcionários a opção de serem transferidos para linhas de produção alternativas ou pedirem demissão e receberem todo o salário e bônus devidos, de acordo com o tempo de serviço. Depois do protesto, a maioria dos trabalhadores escolheu voltar ao trabalho. Uma pequena porção desses empregados se ofereceu para pedir demissão.
A Microsoft leva muito a sério as condições de trabalho nas fábricas que montam seus produtos. Temos um Código de Conduta rígido que explicita nossas espectativas e monitoramos de perto e regularmente as condições de trabalho para lidar com questões assim que elas surgem. A Microsoft é comprometida com o tratamento justo e com a segurança dos funcionários empregados pelos nossos parceiros para garantir a conformidade com as políticas da Microsoft."


Bill Gates, eternamente executivo da companhia que ajudou a fundar, não se manifestou até hoje. Repare que a nota oficial da Microsoft não faz qualquer menção a suicídio ou às condições do local, mas nem de longe é tão cínica quanto foi o finado Steve Jobs, que ao ser questionado sobre os suicídios nas linhas de montagem do iPod disse algo como "Para uma fábrica é muito bom! Tem piscinas, restaurantes e hospitais!"

Pelo visto, enquanto os executivos das empresas continuarem pensando e agindo como se nada estivesse acontecendo, não poderemos mais pegar em um controle de videogame sabendo que não há sangue, sujeira e sofrimento de outros seres humanos por trás dele...

14 de janeiro de 2012

Project Fiona

  Project Fiona:


Já ouviu falar da Razer? Provavelmente não, mas com certeza viu alguns produtos dela no Youtube ou em sites de games e ficou louco de vontade de ter um.

A empresa é famosa por desenvolver hardware especiais para games, incluindo um incrível notebook (e teclado) cujas teclas são pequenas telas de LCD e podem mudar para mostrar alfabetos de qualquer língua ou ícones do game que você está jogando.

Agora a empresa quer entrar para o mundo dos consoles. Portáteis. E tablets. Tudo junto e misturado, de uma vez só...

Como assim?

A Razer está na etapa final de lançar o Project Fiona. Nada a ver com a princesa do Shrek ou a Friend Zone Fiona ai em cima, mas um tablet que vai deixar seu iPad/iPhone/iEtc no chinelo.

A idéia da Razer é simples. Games para PC são divertidos de jogar, mas demandam um equipamento grande e pesado, não podem ser jogados no trabalho ou em uma viajem longa. Laptops, palms e netbooks ainda esquentam, são desconfortáveis e raramente tem configuração para rodar seus games preferidos com as melhores configurações. Já os tablets e telefones touchscreen são práticos mas não tem poder de fogo para rodar um Skyrim ou Batman Arkham City, além de terem controles pouco precisos e desconfortáveis.

Então eles juntaram tudo em uma coisa só. Observe e tenha um êxtase nerd:























Sim, Skyrim e Space Marine, dois jogos do ano passado, em resolução máxima, em uma tela de 10 polegadas, touchscreen/multitouch e com dois controles laterais para facilitar sua vida. A máquina roda Windows 7. Apesar de não dar muitos detalhes sobre o bicho, o CEO da Razer Min-Liang Tan garantiu que não quer só se aproveitar dos games de PC (que segundo ele a máquina roda TODOS de 2011 e 2012 em configuração máxima usando DVDs ou downloads) mas se tornar um novo "console" para os desenvolvedores ousarem.

Com suporte DirectX e a mesma programação do PC (afinal ele roda games para PC), o Fiona não só irá receber todos os novos lançamentos para computador como também poderá se firmar como um console próprio, aceitando games exclusivos e trazendo uma inovação que o WiiU prometeu e ainda não cumpriu, anos-luz à frente de qualquer coisa que a Apple já tenha lançado.

Será que a Razer vai entrar no páreo dos consoles batendo em todo mundo (Sony, Nintendo e Microsoft) e chutar para longe os tablets da Apple cujos games mais avançados eram Angry Birds e similares?!

Como a maioria dos tablets, é esperado que o Fiona também tenha navegador, Wi-Fi, 3G, editor de textos, programas de desenho e etc. Como roda Windows 7, nem precisa se preocupar com algo como "Android Stores" ou "Apple Stores", programas profissionais como Photoshop e outros poderão rodar nele normalmente.

A empresa prometeu essa belezinha para o segundo semestre de 2012. Infelizmente, devido aos nossos impostos, o produto deverá sair na casa dos 400 - 600 dólares nos EUA e uns 15.000 a 20.000 reais no Brasil, mesmo com o dólar a menos de 2 reais...

12 de janeiro de 2012

Games traduzidos

Games traduzidos 

Imagina se o Google Translator fosse usado para traduzir o título de games para o português, como toda tradução ao pé da letra, o resultado seria engraçadíssimo, não?

Eis que o pessoal do blog Fail Wars resolveu testar e... alguns até ficaram bem corretinhos, mas a maioria virou uma loucura total!

Confira o resultado (e tente segurar as gargalhadas!)



















5 de janeiro de 2012

The Elder Scrolls V - Skyrim (PC, Xbox360, PS3) (****)

The Elder Scrolls V - Skyrim (PC, Xbox360, PS3) (****)

Em uma era remota onde os games de RPG ainda eram vistos naquela perspectiva isométrica, em terceira pessoa, a então desconhecida Bethesda resolveu inovar com The Elder Scrolls, um RPG em primeira pessoa em um mundo medieval chamado Tamriel.

Final de 2011, a Bethesda chega com a quinta versão de sua série de RPG. Skyrim foi eleito o melhor game do ano passado por várias publicações internacionais e ganhou uma torrente de memes e piadinhas na internet. Mas o jogo é bom mesmo ou é uma flecha no joelho?

Skyrim começa com seu personagem, um ilustre desconhecido sem nome, sendo levado para a execução. Ele atravessou a fronteira do território de Skyrim, mais ou menos parecido com a escandinávia medieval, e caiu em uma emboscada montada pelo Império para capturar rebeldes do grupo Stormcloak, que luta pela independência da região. A caminho do machado do verdugo você pode escolher seu nome, aparência, raça e uma ampla gama de opções cosméticas, incluindo cicatrizes e pinturas faciais.

Na hora que o carrasco ia cortar sua cabeça, um dragão aparece do nada e sai matando todo mundo, te dando oportunidade para fugir. É então que começa sua história e você descobre ser um "Dragonborn", uma pessoa com sangue de dragão, capaz de absorver os poderes destes monstros lendários e usá-los quantas vezes quiser.

Tudo bem, a princípio a história não parece muito original... já vimos esses "escolhidos" aparecerem antes em Baldur's Gate e praticamente todo RPG medieval por aí, mas há muito mais abaixo da superfície de Skyrim. Quem conhece a história dos outros games da série The Elder Scrolls sabe que não há dragões neste mundo... todos eles deveriam estar extintos à séculos... O que então está trazendo estes monstros de volta? Como impedir que eles destruam tudo? Ou, mais importante, isso lá importa quando temos uma área enorme para explorar e muitas histórias paralelas para nos entreter?!

Um grande trunfo de Skyrim é te dar opções o bastante para se divertir. Não está muito interessado em ser "O Escolhido" matador de dragões? Há toda uma intriga política envolvendo o Império, os separatistas Stormcloak, Orcs, o Dominion élfico e poderes regionais, e você é livre para se aliar a uma ou outra facção e se envolver na história da independência de Skyrim. Não gosta de política e quer bancar o Harry Potter? Há uma grande academia arcana em Skyrim, e você pode ir para lá estudar magia e se envolver com outros alunos, professores e intrigas envolvendo um grupo recluso de magos que se pensava estarem extintos a séculos. Gosta de lobisomens e vampiros (ou, na pior das hipóteses, da saga Crepúsculo)? Há também histórias envolvendo estes seres sombrios e seus caçadores...

Toda essa quantidade absurda de histórias paralelas tem seu lado ruim também. É muito comum você ficar sobrecarregado de missões para diferentes facções, personagens e grupos específicos, sem saber por onde começar ou como progredir. Devo resolver o problema dos dragões primeiro ou auxiliar os Stormcloaks? Devo recuperar a espada que um NPC pediu ou ajudar o cachorro falante? Será melhor recuperar os livros roubados da biblioteca dos magos ou aprender a forjar armaduras primeiro? É muito fácil ficar perdido na primeira vez que se joga Skyrim, e provavelmente você vai querer recomeçar o jogo uma ou duas vezes para poder focar melhor em uma coisa de cada vez.

Se a narrativa te dá a oportunidade de perseguir a história que quiser (ou nenhuma delas e sair andando a esmo por aí) em Skyrim, a jogabilidade faz o mesmo. Ao contrário de Oblivion, o game anterior da série, aqui não há classes, signos ou coisas assim para escolher. Qualquer personagem pode fazer o que quiser. Quer sair atirando com arco e reanimando os cadáveres dos mortos? Pode. Quer lutar de espadas? Pode. Quer usar magias e armadura pesada? Vá em frente.

Muita coisa que você faz aumenta habilidades relevantes do seu personagem. Misturar poções aumenta alquimia, apanhar melhora seu conhecimento de armaduras e por aí vai. Cada habilidade aumentada também te ajuda a subir de nível, e a cada nível você pode escolher aumentar sua vida, magia (chamada aqui de "magicka") ou stamina (que deixa vc fazer ataques especiais, correr e carregar mais equipamento), e ainda escolher uma habilidade especial, incluindo coisas como dar zoom com arcos (praticamente um arqueiro sniper), forjar armaduras draconianas, criar poções mais potentes entre dezenas de outras.

Graficamente, Skyrim é bonito de se ver... a uma distância média. Mesmo com os gráficos no máximo, a maior parte das texturas parecem toscas vistas de muito perto, e de longe fica evidente o uso de algumas ferramentas de "copiar e colar" nas texturas, com o mesmo padrão se repetindo por uma grande área. As animações são medianas, e não chegam perto de outros títulos da Bethesda como a série Fallout. Os personagens não tem muito movimento no tronco, se movendo meio de forma "Robocop", com movimentos robóticos e meio fake.

 É fácil se impressionar com o cuidado que a Bethesda teve para criar a ecologia de Skyrim. Animais como alces e coelhos correm pelas matas, sendo caçados por lobos e ursos. É possível presenciar caçadas feitas por matilhas de lobos e até surpreender um dragão no meio de uma refeição, enquanto ele come algum troll ou outro monstro. Curiosamente o mesmo cuidado não aparece nas sociedades de Skyrim... O mundo de Tamriel parece ter mais necromantes do que fazendeiros, e é estranho ver como cidades-estado inteiras se mantêm unicamente sobre a produção de uma ou duas fazendinhas com um ou dois fazendeiros cada... enquanto praticamente toda ruína e caverna (você encontra pelo menos uma dezena delas na viagem de uma cidade para outra) tem pelo menos uns vinte necromantes dentro...

Também é estranho perceber o quanto a Bethesda colocou de atividades no jogo que não são bem exploradas. Por exemplo, alimentos recuperam sua vida, e você pode usar cozinhas nas casas ou fogueiras para preparar pratos mais elaborados (que recuperam mais vida e eventualmente stamina e magicka também), mas não há nenhuma habilidade relacionado à culinária, nem mesmo a alquimia (que também é usada para misturar coisas, entre elas alimentos, que recuperam vida, magicka e stamina). O resultado é que cozinhar é divertido na primeira vez, mas você dificilmente irá repetir o processo denovo, já que não serve para passar de nível, e Alquimia faz poções muito mais eficientes e te ajuda a evoluir no jogo...

A mesma coisa está em moendas (você pode usá-las, mas não servem para absolutamente nada...), decoração das casas (há apenas uma opção de decoração, enquanto Fallout 3 tinha várias...), madereiras (você também pode operá-las... a toa) e vários outros recursos desperdiçados que podiam te dar algum bonus ou gerar algum produto usável...

De maneira semelhante é um tanto inútil andar a cavalo em Skyrim. Embora você possa comprar, roubar ou encontrar cavalos e montar neles, você não consegue lutar sobre o animal, e um simples encontro com um ratão ou lobo pode resultar na morte do animal ou te forçar a perder vários segundos descendo do bicho... Se é assim, qual a razão de colocar cavalos no jogo? Eles são apenas ligeiramente mais rápidos do que um personagem à pé, e mais atrapalham do que ajudam...


Outra bola fora da Bethesda foi em relação aos diálogos. Sabe aqueles aliados interessantes, cheios de personalidade e história para contar, que você encontra em Fallout? Esqueça, não há nenhum por aqui... a maioria dos aliados que você conhece (e que podem te acompanhar) são rasos como um pires e só repetem duas ou três frases o tempo todo.

Isso vale para a maioria dos personagens de Skyrim. Exceto por um ou dois que parecem ter alguma história para contar, a maioria se resume a resmungar alguma coisa e te dar missões (na maioria das vezes, missões para recuperar algo ou matar alguém...).

O cenário enorme é um ponto bem positivo, principalmente por ele ser extremamente bem explorado em questão de relevo e ecologia. Uma viagem por Skyrim irá te levar a vales verdejantes, colinas geladas, encostas íngremes, mares gelados e florestas densas. Praticamente não há como seguir uma linha reta de um local para outro, pois desfiladeiros e abismos rochosos vão te obrigar a caminhar muito mais até chegar ao seu destino. Há uma enorme variedade de locais para explorar, incluindo pedras rúnicas que te dão habilidades especiais, cavernas, ruínas, fortalezas e vilarejos.

A IA também é problemática. Embora seja bem divertido encontrar NPCs cuidando de suas vidas (magos rivais lutando, soldados imperiais enfrentando Stormcloaks, bandidos assaltando caravanas...) aleatoriamente no cenário, também é comum ver eles caindo em suas próprias armadilhas, e nenhum demonstra ser muito inteligente em combate. Seus aliados são os mais afetados, principalmente por terem tendências masoquistas (é comum vê-los pisar na mesma armadilha dezenas de vezes seguidas... até morrer!) e por terem mania de te empurrar. Sim, quase toda vez que você está parado os seus aliados vem andando e te dão um empurrão, apenas engraçado quando se está dentro de uma taverna, mas trágico quando está em cima de uma montanha ou na beira de um abismo...

Também é estranho o fato de seus aliados não conseguirem saltar, uma pedra, tronco de árvore ou barranco que seja. Enquanto você anda pelo mapa, é comum seus aliados se perderem ou ficarem presos contornando obstáculos minúsculos (que seus inimigos conseguem cruzar sem maiores problemas...).

É comum também encontrar bugs variados (e absurdos) pelo jogo, como mamutes voadores, personagens aparecendo do nada (ou caindo de grandes alturas) e árvores flutuantes, mas considerando o tamanho do cenário, dá para perdoar o pessoal da Bethesda por não ter encontrado esses bugs antes...

Pelo menos algo em Skyrim é perfeito, o som. A trilha sonora é digna de nota, tanto o tema principal (que costuma tocar toda vez que você encontra ou é encontrado por um dragão) até as músicas instrumentais e as divertidas baladas tocadas pelos  bardos em tavernas. Os sons dos monstros são muito bem trabalhados, assim como a dublagem, e os efeitos sonoros de magias e explosões superam o que se vê nos games atualmente.

Em resumo, Skyrim é um bom game, embora seja inferior em algumas coisas a seu predecessor, Oblivion. A pressão para lançar no dia 11/11/11 provavelmente evitou que fossem feitos mais beta tests, que poderiam consertar a maior parte dos bugs e problemas gráficos e de IA, mas o jogo ainda precisa comer muito feijão antes de chegar no mesmo nível que outros games da mesma produtora, como Fallout New Vegas e  Fallout 3...