17 de novembro de 2012

Xcom Enemy Unknown (PC, Xbox360, PS3) (****)


Quem viveu os anos 90 se lembra da explosão de títulos de estratégia que aconteceu na primeira metade da década. A maior parte dos games que conhecemos e amamos hoje iniciou-se por lá, incluindo Warcraft, Starcraft, Diablo, Command & Conquer, Might & Magic e vários outros.

Entre eles se encontrava X-Com, um jogo extremamente tático que misturava estratégia com RPG, e além de difícil (como todos os jogos da época), era extremamente divertido.

Depois de décadas preso em uma batalha jurídica sobre qual softwarehouse tinha os direitos sobre o título, a série X-Com finalmente volta aos games, desta vez com um dos melhores games lançados nesse final de 2012.

"Coronel, seu cabelo é ridículo!"
Em X-Com, os alienígenas invadiram a Terra, e apenas a força conhecida como XCOM (de eXtraterrestrial COMbat...) é capaz de detê-los. Ao longo do jogo seu objetivo é comandar esta organização, expandindo a base subterrânea com mais estruturas, recrutando soldados, treinando eles, pesquisando a tecnologia alienígena e rastreando o planeta em busca de OVNIs e locais que estejam sob ataque dos ETs.

E acredite, todas estas tarefas são imensamente divertidas, sobretudo por causa da ampla possibilidade de customização dos soldados (ainda que não seja um Skyrim ou Mass Effect, mas dá para fazer um soldado com a sua cara, dos seus amigos... ou da sua sogra, se for para missões meio suicidas).

Durante todo o jogo, você é mantido numa espécie de "corda bamba" política. No começo, várias nações de todos os continentes dão suporte (e dinheiro) ao projeto, mas quando os aliens atacam, normalmente o fazem em duas ou três nações ao mesmo tempo, e cabe a você decidir qual país ajudar, e dependendo da sua escolha, o que ganhará em recompensa (dinheiro, cientistas, engenheiros, recrutas, armas...). Os países que você não ajudar vão começar a entrar em pânico, e se o medidor de pânico deles ficar muito alto, eles vão abandonar o patrocínio e você poderá se ver logo em um mato sem cachorro...

Você sempre pode diminuir o nível de pânico de um país instalando satélites detectores de OVNIs, fazendo missões ou estacionando jatos nos países, para interceptar eventuais ETs que estejam sobrevoando o lugar. E na hora das missões e interceptações é que o jogo fica ainda mais interessante.

"Fire in the Hole!"
Assim como Jagged Alliance e outros games que tiveram raizes nos anos 90, as missões de X-Com Enemy Unknown são jogadas em turnos. No seu turno você pode movimentar seus personagens, atirar em eventuais inimigos que estejam em seu campo de visão e usar habilidades especiais e itens, ou colocar os personagens em prontidão para atirar em qualquer coisa que cruze o caminho deles, durante o turno do inimigo. E então você termina o turno e deixa o oponente (o computador ou algum amigo se tiver jogando multiplayer) fazer a sua jogada.

Embora jogos assim não sejam muito comums hoje em dia, são bastante divertidos e muito focados na parte tática, uma vez que você tem tempo de sobra para pensar e calcular cada posição, campo de visão e porcentagem de acerto de cada um de seus soldados.

Terminada a missão, você leva para sua base o que pilhou dos inimigos, incluindo corpos de aliens mortos, ETs vivos, armas extraterrestres, material alienígena e itens. Estes itens podem ser dados a cientistas, que vão descobrir novas tecnologias e desbloquear novas armas, armaduras, itens e até robôs para você usar em combate.

Tiroteio no posto de gasolina?! Se errar uma bala, pode se preparar para a explosão!
Ao contrário de muitos games por aí, XCom não deixa a peteca cair. Enquanto você está desbloqueando novas armas e tecnologias, os alienígenas também estão. Ao longo do jogo você pode encontrar os mesmos inimigos ainda mais bem armados e protegidos, dando bem mais trabalho ao seu grupo.

Falando em trabalho, pode se preparar, pois este não é lá um game muito fácil. Coloque um soldado exposto e os inimigos vão transformá-lo em farinha sem dó nem piedade. Se você é daqueles que começa a jogar logo no modo mais difícil, prepare-se para perder bastante para o computador...

Além da dificuldade acima da média, XCom Enemy Unknown trás gráficos competentes (embora meio cartunescos e abusando de cores primárias), uma ampla variedade de inimigos, bons efeitos sonoros e uma narrativa que, embora não seja lá muito original ou complexa, diverte bastante.

O que realmente vicia nesse jogo é a jogabilidade. Há uma ampla variedade de missões, de "matar todos os aliens do local" a resgatar vítimas de abdução, invadir OVNIs, escoltar pessoas importantes, se infiltrar em bases dos ETs e desarmar explosivos plantados por estes pilantras espaciais. Cada cenário é gerado aleatoriamente, garantindo que você dificilmente lutará no mesmo local duas vezes, e todos os cenários oferecem muitas opções táticas e muita coisa para se destruir. Um tiro perdido ou explosão pode incendiar carros, derrubar paredes e destruir coberturas usadas pelos inimigos, e não raras vezes o cenário de batalha termina bastante arrebentado depois de uma luta feroz.

Trazer aliens, nem que sejam aos pedaços, sempre vale a pena para desbloquear novos itens e tecnologias
XCom Enemy Unknown é extremamente divertido, sobretudo para os fãs de estratégia à antiga, e tem poucos pontos negativos.

Em comparação com o Xcom original de 1994, não há missões de defender bases (que eram bem divertidas), e você não pode cancelar o movimento de seus soldados se eles toparem com os alienígenas enquanto andam, o que te força a ser extremamente cuidadoso para não parar, de repente, de cara para um desses monstros do espaço.

Também faz falta o sistema de inventório que o jogo original usava. No Xcom de 2012 você não pode, por exemplo, pegar itens no campo de batalha ou equipar uma arma que o inimigo deixou cair durante a luta, nem carregar um amigo ferido ou um alien morto de volta para sua nave.

Mas para quem nunca jogou o original, Enemy Unknown é um excelente título, que vale a pena comprar e jogar por semanas...

12 de novembro de 2012

Dishonored (PC, PS3, Xbox360) (****)


A Bethesda softworks é uma daquelas empresas que, quando você vê o logo, sabe que vem jogo bom por aí. Responsável pela excelente série The Elder Scrolls e por ter ressuscitado a série Fallout, ela agora trás uma novidade, completamente independente das séries já consagradas.

Dishonored é um game de ação em primeira pessoa que mistura furtividade, magia, tecnologia, luta de espadas e infinitos modos de completar cada missão. Ao invés do mundo pós-apocalíptico de Fallout ou a fantasia medieval de The Elder Scrolls, a Bethesda situou esse game em um mundo "óleo-de-baleia-punk". Embora as roupas, armas e a sociedade como um todo lembrem a Europa do século XIX e XVIII, em todo local pode-se encontrar tecnologia avançada, movida a óleo de baleia, incluindo mechas, torres robóticas, veículos e armas.

Nesse mundo exótico, você controla Corvo Attano, guarda-costas da imperatriz de Dunwall, que retorna de uma missão além-mar em busca de uma cura para a praga, transmitida por ratos, que está devastando o Império. Assim que ele chega à corte, vê a imperatriz ser assassinada, sua filha sequestrada e ele usado como bode espiatório, enquanto os responsáveis pelo golpe de estado consolidam seu poder.

Acusado de um crime que não cometeu, preso e condenado à morte, Corvo só tem uma coisa a fazer... buscar vingança!

Mundo vitoriano movido à baleias... 
Auxiliado por alguns conspiradores, descontentes com o golpe e loucos para coroar a princesa sequestrada como imperatriz, Corvo passa a ter acesso a uma ampla gama de maravilhas tecnológicas, incluindo uma máscara que funciona como binóculo, minas explosivas, granadas, uma besta com quadrelos comuns, explosivos ou com sonífero, pistolas e engenhos capazes de reprogramar engenhocas inimigas.

Uma divindade deste mundo exótico, o Outsider, também resolve abençoar Corvo e fornecer poderes mágicos de teletransporte, comando de animais, possessão e habilidade de saltar mais alto e se mover mais rápido que o normal.

No quartel dos conspiradores você pode melhorar suas armas e gadgets e conversar com eles, recebendo ordens para remover este ou aquele colaborador do novo regime. Durante as missões o game solta você em um cenário amplo, e então é a hora de decidir como você quer eliminar cada alvo.

Há literalmente infinitos meios de se chegar em cada um deles. Você pode ir furtivamente, matando seus inimigos à distância com sua besta, se esgueirar por detrás deles e eliminá-los com sua espada, possuir um rato ou peixe e passar despercebido por eles, apenas desmaiar seus alvos, passar por cima dos telhados e sacadas, evitando inimigos ou dar uma de Rambo e sair atacando seus oponentes de frente.

Qualquer semelhança física com o José Serra ou o Tyron Lannister é mera coincidência!
Para te convencer a jogar cada missão mais de uma vez, Dishonored adiciona vários "opcionais", como runas, pinturas e amuletos a serem encontrados em cada cenário, modos específicos de eliminar cada alvo (muitas vezes deixando de matá-los) e um medidor de "Caos". Quanto mais pessoas você matar, mais coisas explodir e mais bagunça causar, maior o caos gerado e pior vai ser o desfecho do jogo.

O game ainda te desafia a concluir cada missão sem matar ninguém e sem ser visto pelos inimigos, o que é bastante difícil.

Os ambientes são incrivelmente detalhados e bem modelados, e sempre há mais de um modo de se chegar ao mesmo lugar, desafiando a inteligência e criatividade do jogador. A Inteligência Artificial, assim como em todo jogo stealth, não é grande coisa, e os inimigos continuam com memória curta (uns 20 segundos depois de tomarem uma flecha eles simplesmente esquecem o que aconteceu e voltam a seus afazeres normais...) e pouca organização, mas não deixa de ser divertido matá-los das maneiras mais absurdas possíveis.

"...ratos, entrem nos sapatos / dos cidadãos civilizados!"
Os gráficos de Dishonored são até bastante bons, com belos efeitos de luz e sombra e reflexos na água. Pessoalmente eu não gosto do estilo bem cartunesco que resolveram usar nos personagens, mas os modelos são bem feitos e se movimentam de forma satisfatória.

A parte sonora é também muito competente, com atores do calibre de Chloë Moretz e Susan Sarandon dublando os personagens. Os efeitos sonoros e as músicas são boas, mas nada que se destaque como espetacular.

Dishonored só não leva cinco estrelas aqui por alguns detalhes. Primeiro, o jogo é bastante curto, e dependendo do quanto você gosta (ou não) de explorar o cenário ou eliminar todos os inimigos, pode ser terminado em uma tarde. Embora o fator replay seja tentador, não há muitas surpresas em jogar denovo as mesmas fases já sabendo onde estão cada inimigo e cada item.

Além de curto, Dishonored nem sempre te dá a liberdade que promete. Há muitas barreiras desnecessárias como portas impossíveis de abrir ou quebrar, telhados nos quais não se pode subir ou janelas que não podem ser quebradas. A narrativa, embora o mundo seja inovador e rico, é bem previsível e os finais "ruins" não são tão ruins quanto se espera.

Por fim, Dishonored é um bom game, agrada a um amplo público e te dá muita liberdade para cumprir os objetivos de cada fase. Não é aquele game que você vai lembrar por anos a fio, como Fallout 3 e Skyrim, mas vai te divertir por algumas semanas.



3 de novembro de 2012

Lucius (PC) (***)



Em 1976, seguindo o sucesso de O Exorcista de 1973, o filme A Profecia (The Omen no original) trazia mais uma criança encapetada. Ao invés da mocinha que vomitava verde e girava a cabeça 360º, o cramulhão júnior de A Profecia era, aparentemente um molequinho normal, apesar de caladão, mas cuja presença fazia as pessoas morrerem de maneira absurda e exagerada. 

Eis que nesse Halloween a Shiver e a pouco conhecida softwarehouse Lace Mamba, lançaram uma "meia homenagem" ao filme, o game "feito para ser polêmico" Lucius. 

Seguindo praticamente a mesma narrativa do filme A Profecia, aqui temos também um garotinho (chamado Lucius ao invés de Damien), nascido em uma família rica com fortes conexões políticas e que, apesar de quietinho e com um olhar medonho, não parece ter nada de anormal. Não fosse o fato dele ter nascido em 06/06/1966 e ser filho do capeta em pessoa. 

"Damien... digo, Lucius... mate todo mundo!"

O game te coloca na pele dessa encarnação do mal em forma de guri para uma tarefa muito divertida, eliminar cada um dos habitantes e funcionários da mansão onde ele mora, de maneiras tão absurdas e sem noção que fariam até mesmo a série de filmes de terror Premonição parecer branda. Uma espécie de Hitman versão moleque, Lucius deve matar todo mundo... sem deixar pistas que conectem a ele.

No início o capiroto juvenil conta apenas com um diário e itens simples como lanternas e cadeados, mas depois começa a ganhar poderes sobrenaturais de telecinésia e até a habilidade de apagar memórias, a la MIB Homens de Preto.

O jogo mistura o estilo furtivo que vemos em games como Hitman e Assassins Creed com um adventure onde você tem que varrer a mansão em busca dos itens certos para levar a diante os assassinatos, e ao mesmo tempo parecer uma criança inocente.

Nunca enfie a cara embaixo de um piano quando um moleque satânico com telecinésia está por perto























Se levarmos em conta que este é o primeiro game da Lace Mamba, e que o protagonista é um garotinho de seis anos, Lucius é um jogo muito bem feito. Se mantém fiel a sua premissa de terror do começo ao final e faz uma boa homenagem ao filme A Profecia. Se você gosta de filmes de terror no estilo O Exorcista e Premonição, e jogos stealth como Hitman e Assassins Creed, vai se divertir bastante com este game. No entanto, há vários pontos negativos que podem e devem ser colocados aqui...

Graficamente Lucius é bem fraco. A mansão é enorme, mas sua planta não faz muito sentido, normalmente com um caminho muito longo para se chegar a lugares que nem são tão distantes. Como o moleque caminha lentamente, ir de um lado para o outro da mansão acaba sendo cansativo.

Os rostos e modelos de personagens não são muito bem feitos, principalmente do pequeno Lucius. Efeitos como fogo e sombras são toscos e poderiam (deveriam) ser melhorados.

O maior pecado de Lucius, no entanto, é a jogabilidade. Para parecer um menino normal, o protagonista tem que executar tarefas como limpar o quarto e levar o lixo para fora, e essas tarefas, junto com as missões de eliminar os habitantes da casa, nem sempre são bem explicadas, e o jogador passa horas e mais horas para descobrir, por exemplo, onde fica a lixeira no exterior da casa ou onde é o banheiro para se escovar os dentes.

O jogo também é impiedoso ao dar Game Over. O protagonista foi pego andando pela casa durante a noite? Game Over! Foi pego acordado até tarde? Game Over! Estava carregando um cadeado na mão? Game Over! Andando com uma lanterna no escuro? Game Over!

Nada de colocar o moleque de volta no quarto ou poder arrumar uma desculpa qualquer para justificar ("vou tomar água na cozinha" ou "vou ao banheiro"), é Game Over e loading do último save, sem choro nem vela. Isso é bem chato, ainda mais levando em conta que o moleque é lento para andar e péssimo para se esconder, e algumas missões colocam personagens ativamente procurando por ele...

Prepare-se para muitos Game Overs em Lucius...


















Outro problema é a falta de pistas, e de maneiras alternativas de eliminar seus alvos. Cada habitante da casa só pode ser eliminado de uma maneira, e muitas vezes o jogo não te dá pistas o bastante para você saber como fazê-lo ou onde encontrar os objetos para preparar as armadilhas para eles, o que te deixa andando sem rumo pela casa, esperando esbarrar em alguma coisa que possa resolver seu problema...

No mais, Lucius é um game de terror diferente, sem zumbis, sem mutantes e sem tiroteio, com aquele clima de filme clássico do gênero. A jogabilidade depende bastante da sorte do jogador e de ser extremamente observador, pode ser bem frustrante de início, mas considerando que é o primeiro jogo da softwarehouse, é bastante bem feito e vale a pena para quem gosta de terror.



1 de novembro de 2012

Prototype 2 (PC, Xbox 360, PS3) (****)


Diga o nome de cinco protagonistas de games que sejam negros em menos de 1 minuto. Difícil não é? Eu mesmo só consegui lembrar de CJ de GTA San Andreas e do Jax do Mortal Kombat (que teve um game de aventura próprio). 

Eis que Prototype 2, sequência do jogo de 2009, trás mais um para a lista, um sujeito tão foda que poderia ser interpretado no cinema pelo Samuel L. Jackson. 

O sargento James Heller, depois de voltar da guerra do Iraque, descobre que sua mulher e filha morreram, vítimas de um dos zumbis criados pelo vírus Blacklight, que voltou a atacar Nova York, aparentemente por culpa de Alex Mercer, o protagonista do primeiro jogo. 

Louco por vingança, Heller decide caçar Mercer e despachá-lo para o além, custe o que custar, e ele prova que é um legítimo badass logo no começo do jogo, ao se infiltrar na zona dominada por monstros e zumbis armado apenas com uma faca, e peitar o mutante Mercer, que tem poderes quase divinos. Por algum motivo até então desconhecido (se eu revelar será spoilers!), o super-mutante resolve infectar Heller, dando a ele poderes semelhantes aos que Mercer tinha no primeiro jogo.

Agora um mutante super-poderoso, Heller inicia sua guerra contra Mercer, contra os militares e cientistas da Gentek (empresa que faz a Umbrella de Resident Evil parecer a farmácia da esquina), contra os mercenários da Blackwatch, outros mutantes e zumbis que cruzam seu caminho. 

James Heller, é difícil achar alguém no jogo contra o qual ele NÃO quer se vingar...
 A narrativa de Prototype 2 tem mais buraco do que peneira, e nenhum personagem tem uma motivação muito clara ou que faça sentido, e o próprio Mercer age de maneira tão diferente do primeiro game que eu esperei até a última missão com certeza quase absoluta de que ele era um clone ou algum outro mutante se passando pelo personagem...

No entanto, o enredo confuso e forçado pode ser deixado de lado. A jogabilidade e a excelência gráfica do game acabam criando uma experiência tão divertida e envolvente que compensam. Pense em Prototype 2 mais como um filme do Michael Bay, com história fraquinha mas que diverte bastante pelas explosões, ação desmiolada e personagens absurdamente fodões. 

A parte gráfica é muito boa, com cada parte da cidade tendo uma atmosfera própria, dos campos de refugiados, becos e prédios baixos da Zona Verde aos arranha-céus tomados por mutantes e gororoba da Zona Vermelha. Os personagens são bem modelados e tem movimentos convincentes. 

O que chama mais atenção em termos de gráfico, no entanto, são as cutscenes, com atores reais e filmadas em um branco-e-preto metálico com detalhes coloridos que lembra filmes como Sin City. Bonitos, bem produzidos e com atuações boas, esses filmes entre missões dão um tom sombrio ao jogo.

Cutscenes bem produzidas lembram o filme Sin City
A jogabilidade, no entanto, é o maior chamariz de Prototype 2. O primeiro jogo da série era cheio de pequenos desafios e missões soltas, sem muito a ver com a narrativa, mais para explorar uma ou outra mecânica ou movimento de Mercer, este, no entanto, eliminou essas frescurinhas em nome de missões mais bem estruturadas e sombrias. 

Além da narrativa principal, seguida através de letras no mapa, onde você encontra personagens secundários e cumpre objetivos em nome de sua vingança contra Mercer, há também os trailers militares que dão acesso à "BlackNet", uma rede interna dos mercenários da Blackwatch e dos cientistas da Gentek. Disfarçado de mercenário, Heller pode acessar essa rede e descobrir o que os vilões estão fazendo no momento, podendo frustrar os planos deles devorando cientistas e comandantes, libertando monstros que estavam sendo transportados para pesquisas, recuperando destroços de helicópteros derrubados ou explodindo bases e laboratórios. 

Somado a isso há uma enormidade de coisas a se fazer e objetos a recuperar, incluindo discos contendo comunicação entre os mercenários e cientistas, personagens especiais que se forem devorados melhoram uma ou outra habilidade do protagonista, times de cientistas trabalhando (que você deve eliminar), bases de mercenários e ninhos subterrâneos de mutantes.

"Fala agora senão vai pro saco!"
Assim como o primeiro game da série, a grande sacada de Prototype 2 é dar um personagem estupidamente poderoso para você se divertir em um mundo aberto. Heller, assim como Mercer, pode planar, escalar paredes, saltar grandes distâncias, é resistente a balas e pode devorar qualquer personagem (mutante, soldado, cientista, civil...) para recuperar vida ou mudar de aparência. 

E conforme se evolúi no jogo, completando missões, eliminando inimigos, acessando a BlackNet e encontrando coisas no cenário, Heller vai ficando ainda mais poderoso, capaz de sequestrar tanques de guerra e helicópteros, arrancar lança-mísseis de veículos inimigos e usá-los "no braço", refletir balas e mísseis, controlar mutantes e muito mais. Praticamente um super-homem. 

No geral Prototype 2 é um ótimo jogo, divertido e exagerado, cheio de monstros gigantes, poderes absurdos e belos cenários. A narrativa meia-boca é um ponto negativo para quem gosta de histórias complexas e muito background, mas a ação desmiolada e bons controles compensa!