Batman Arkham Asylum (PC, PS3, Xbox360) (*****)
Talvez você não saiba, mas o Batman foi um dos primeiros superheróis a aparecerem nos quadrinhos e na TV. Nos anos 40, em plena 2ª Guerra Mundial já existia o "homem-morcego" nos gibis da Detective Comics, atual megacorporação DC Comics.
Nos anos 90, no entanto, o pobre Batman entrou em decadência. Os filmes deram uma aura beeeemmmm boiola ao herói (ok, ele sempre foi meio suspeito, mas filmes como Batman e Robin realmente exageraram...), e os quadrinhos se concentraram em detonar o coitado, que ficou paraplégico, se aposentou, sofreu com um terremoto de proporções absurdas, enfrentou aliens, clones e aquilo de sempre...
Eis que agora, no final dos anos 2000's, Batman está voltando à antiga forma. Dois filmes recuperaram o herói como o maior detetive do mundo (ainda que seja difícil dar credibilidade a um mané que sai fantasiado de morcego...), e agora o game Arkham Asylum vem para colocar o morcego como o herói mais cool, violento, inteligente e sombrio do momento.
Festa estranha com gente esquisita...
A Eidos é aquela conhecida empresa que nos deu Tomb Raider, e, depois de um tempo sumida, ressurgiu com este excelente game.
Tudo em Batman Arkham Asylum beira a excelência. Os gráficos são primorosos, os efeitos de luz são excelentes, as vozes são simplesmente maravilhosas (com direito a Mark "Luke Skywalker" Hammil como Coringa), os personagens são extremamente bem construídos, o enredo é divertido, as fases são desafiadoras, a ambientação é incrivelmente bem feita e a música é muito boa.
No enredo, Batman consegue pegar o seu arquinimigo Coringa, e o leva em cana para o Asilo Arkham, o hospício judiciário de Gotham, onde ficam os vilões mais escrotos da cidade. Logo no início vemos que este não é um jogo raso ou um daqueles horrendos games baseados em filmes. O asilo está cheio de conspirações, e tudo cheira a problemas. O novo diretor é um daqueles tubarões capitalistas que só quer encher o bolso, e por isso abre parte do asilo para tratar doentes comuns. Ele ainda está tentando concorrer a prefeito, e pretende investir pesado na "cura" de alguns supervilões para se dar bem com a opnião pública.
Por outro lado, o homem-morcego saca que algo não está certo. O Coringa se deixou prender muito facilmente, e isso é mal sinal.
A abertura, com você, Batman, escoltando o palhaço do crime pelos corredores do hospício, é deliciosa para fãs de quadrinhos. Vários vilões antigos vão dando as caras aos poucos, assim como aliados do morcegão.
Todos os personagens estão extremamente bem construídos. Do incisivo e monosilábico Batman ao verborrágico Coringa, cheio de piadinhas de mal gosto, disparando observações bizarras pelos altofalantes do hospício a cada dez segundos.
Some a isso alguns vilões famosos, como o Charada, que te desafia a encontrar antigos personagens dos quadrinhos e pistas em todo o gigantesco hospício, e outros nem tanto, como a Harlequina, Era Venenosa, Crocodilo, Espantalho...
Além deles você ainda vai brigar com capangas do Coringa, loucos do asilo e armadilhas cuidadosamente preparadas por seus inimigos. O divertido é que os controles são simples, basta um botão ou dois para emendar combos imensos e arrebentar a fuça de seus alvos. Os golpes são tão bem feitos e chegam a doer no jogador de tão realistas e brutais. Além da porrada comum (Batman é treinado em centenas de artes marciais, e você vai reconhecer alguns golpes específicos de karatê, judô, muay thai...), ele ainda conta com vários "brinquedinhos", como os tradicionais bat-bumerangues, explosivos, arrombadores de portas, lançadores de corda... Tudo para arrebentar seus inimigos com classe.
No entanto, vale lembrar que Batman não tem superpoderes. Ele ainda pode morrer com um tiro na cara. Contra inimigos armados, o melhor é investir na furtividade, ativando o excelente modo stealth do game. O morcegão conta com visão de raio-X e com suas habilidades acrobáticas e lançadores de arpões para subir em gárgolas, plataformas e tubos de ventilação, surgir por trás de inimigos desprevenidos e acabar com eles silenciosamente. A visão especial do Batman também permite ver a pulsação dos oponentes, e nada é mais engraçado (e sádico) do que derrubar furtivamente um bando de capangas e ver os últimos de desesperarem e sairem atirando em tudo, incluindo uns nos outros, se borrando de medo.
Conforme você investiga o asilo, vai encontrando antigos aliados e inimigos do Batman, alguns que não dão as caras em revistas ou filmes à mais de 60 anos! Cada um encontrado mostra um perfil com a história dele, primeira aparição no universo de Batman, qual doença psiquiátrica ele sofre, e às vezes até mesmo divertidas fitas de áudio com sessões de psicanálise dos vilões (Crocodilo e Coringa são os mais engraçados). As fichas são a diversão de todos os fãs de quadrinhos, principalmente por incluirem personagens tão antigos e raros. Você lembra do Chapeleiro Louco? E do Homem-Calendário? E do Cara de Lama? Pois é, estão todos aqui!
O jogo flui sempre divertido, sem partes brochantes demais, e com muitos extras (nada mais difícil do que concluir todos os desafios do Charada!) que tornam divertido jogar denovo. Quanto mais você avança, mais você libera desafios extras que liberam pontos no sistema Live (Xbox360 e PC, PS3 ficou de fora dessa).
Se você gosta do homem-morcego, se você gosta de quadrinhos e, principalmente, se você gosta de jogos extraordinariamente bem feitos, compre Arkham Asylum. Vale cada centavo.
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