22 de junho de 2011

O Futuro dos Games

O Futuro dos Games

Nessa E3 de 2011 ficou muito clara a tendência do mercado dos games para os próximos anos. Poucos títulos novos, muitas continuações, e a separação dos jogos em diferentes categorias. Se você é velho o bastante para ter vivido os anos 80, deve se lembrar de como eram os games na época.


Lembra daquele Atari com lateral de madeira e controle estranho? Os jogos dele raramente tinham mais que duas ou três frases de "história". Toda a história de Space Invaders podia ser resumida em "Naves chegando, você atirando nelas". Pac Man era e ainda é uma incógnita, ninguém sabe por qual motivo aquela cabeça decapitada fica devorando bolinhas e fugindo de fantasmas. Se me lembro bem, o game com a maior "história" da época era Pitfall.

Naquele tempo os games era apenas passatempos, praticamente desafios para quem tem os dedos rápidos e boa capacidade de apertar botões de acordo com o que aparecia na tela. Com a chegada dos anos 90 os games passaram a dar cada vez mais valor à narrativa. Ainda havia games que eram simplesmente sobre apertar botões, mas mesmo eles ganhavam histórias por trás. Quer um exemplo? Lembra do Mário (não, não aquele atrás do armário...)? Nos anos 80 ele era o "jumpman", um carinha de bigode pulando barris para pegar a princesa sequestrada por um clone mal feito do King Kong. Por qual motivo? Quem era o cara? O que ele fazia? O que aquele gorila estava fazendo lá? Nada disso importava, apenas pular os barris e pegar a garota.


Com a chegada dos anos 90, Mario ganhou toda uma história com personagens, reino dos cogumelos, princesa Peach, inimigos, amigos, um irmão e, principalmente um motivo para ficar pulando por aí.

No final dos anos 90, o videogame tinha deixado de ser um jogo de "apertar botões" e se tornado uma nova mídia, uma nova maneira de contar histórias, ao lado do cinema e dos quadrinhos. Até games de luta e corrida passaram a contar com tramas complexas, filminhos (cinematics) e dublagem para os personagens.

Outra mudança visível é a diminuição na variedade dos jogos. Eu me lembro de ter comprado uma revista nos anos 90, daquelas que vinha com CD cheio de demos de games pra PC, só com jogos de estratégia. E realmente tinha muitos jogos, muitos eram bons, e todos estavam no mesmo nível de produção (gráficos, som, narrativa...). Além de Warcraft 2 e Diablo (que ficaram mais famosos) tinha também Warwind (um Warcraft extraterrestre), Crusader No Remorse (um Diablo futurista divertidamente violento), Gender Wars (um game divertido onde você podia jogar com homens invadindo um planeta só de mulheres ou vice-versa), Sim City, Caesar II, X-Com e vários outros jogos. E hoje? Quantos games de estratégia foram lançados em 2009? E quantos deles estavam no mesmo nível de gráfico/som/jogabilidade de Starcraft 2?

Pior ainda, mesmo títulos diferentes hoje parecem iguais. Quer um exemplo? Pegue Medal of Honor novo, Call of Duty Black Ops, Operation Flashpoint e a maioria dos games do Tom Clancy. Agora pegue esse CD de jogos de estratégia que eu mencionei acima.

No CD dos anos 90 tinhamos (apenas os que eu me lembro):

- Warcraft 2: Jogo de estratégia onde você podia jogar com os malignos e sanguinários orcs ou humanos, construir fortalezas, criar exércitos, gerir recursos e lutar pela dominação do continente de Azeroth

- Diablo: Jogo de estratégia isométrico onde você controlava um personagem medieval em labirintos cheios de demônios que assombram uma vila medieval. Cada inimigo requeria uma estratégia diferente para ser enfrentado, e você tinha que gerir os itens e atributos de seu personagem para criar um guerreiro eficiente.

- War Wind: Jogo de estratégia onde você podia escolher uma raça alienígena entre várias (se não me engano eram 8 raças, cada uma com construções, unidades e tecnologias próprias) e batalhar por seu planeta, construindo fortalezas, montando exércitos e gerindo recursos

- Crusader No Remorse: Jogo de estratégia isométrico onde você controlava um ciborgue maligno e tinha que eliminar todos os humanos de uma estação espacial usando da criatividade para criar armadilhas e matá-los com requintes de crueldade

- X-Com Terror From the Deep: Jogo de estratégia onde você controlava um pelotão de soldados para lutar contra inimigos sub-aquáticos, cada um com suas próprias habilidades e equipamentos.

- Gender Wars: Jogo de estratégia isométrico onde você escolhia ser um soldado homem ou mulher e invadir o planeta dominado pelo sexo rival, com direito a muito machismo e piadas sujas.

- Caesar 2: Jogo de estratégia onde você tinha que administrar uma cidade romana, construir prédios e fazendas.

-Sim City: Jogo de estratégia onde você tinha que administrar uma cidade moderna/futurista.

Ok, os puristas podem argumentar que Diablo e Crusader não eram lá muito "estratégia", estão mais para o gênero que hoje chamamos de RPG, mas dá para ver uma coisa aqui, há vários jogos diferentes, com cenários diferentes, inimigos diferentes, estilos diferentes e visuais completamente diferentes. Agora vamos ver alguns jogos de RTS recentes:

-Call of Duty Modern Warfare 2: RTS onde você é um soldado e deve matar terroristas

-Call of Duty Modern Warfare: RTS onde você é um soldado e deve matar terroristas

-Call of Duty Black Ops: RTS onde você é um soldado e deve matar terroristas

-Medal of Honor: RTS onde você é um soldado e deve matar terroristas

-Operation Flashpoint: RTS onde você é um soldado e deve matar terroristas

Ok, ok, tem também para os fãs de zumbis

-Left4Dead: RTS onde você deve se armar com o que estiver ao alcance e matar zumbis

-Left4Dead 2: RTS onde você deve se armar com o que estiver ao alcance e matar zumbis

-World of the Dead Road to Fiddlers Green: RTS onde você deve se armar com o que estiver ao alcance e matar zumbis

-Extra de Call of Duty Black Ops: RTS onde você deve se armar com o que estiver ao alcance e matar zumbis

E a um tempo atrás teve para fãs de II Guerra Mundial:

- Battlefield 1942: RTS onde você é um soldado e está na II Guerra Mundial para matar nazistas (ok, neste você pode ser o nazista também...)

- Medal of Honor: RTS onde você é um soldado e está na II Guerra Mundial para matar nazistas

- Medal of Honor Pacific Assault: RTS onde você é um soldado e está na II Guerra Mundial para matar nazistas

- Medal of Honor Airborne: RTS onde você é um soldado e está na II Guerra Mundial para matar nazistas

- Return to Castle Wolfenstein: RTS onde você é um soldado e está na II Guerra Mundial para matar nazistas

- Brothers in Arms: RTS onde você é um soldado e está na II Guerra Mundial para matar nazistas

- Call of Duty: RTS onde você é um soldado e está na II Guerra Mundial para matar nazistas

- Call of Duty 2: RTS onde você é um soldado e está na II Guerra Mundial para matar nazistas

- Call of Duty 3: RTS onde você é um soldado e está na II Guerra Mundial para matar nazistas

- Call of Duty 4: RTS onde você é um soldado e está na II Guerra Mundial para matar nazistas

Isso excluindo as dezenas de games inspirados no autor Tom Clancy, que praticamente todos colocam o jogador na pele de um soldado que deve matar terroristas (algumas variações incluem um policial que deve matar terroristas...)

É possível ver, portanto, que está acontecendo com os games a mesma coisa que está acontecendo com os filmes de Hollywood. As empresas ganharam uma boa grana no começo dos anos 2000, se acostumaram a lucros exorbitantes e ficaram com medo de inovar. Basicamente tudo funciona na onda da "modinha". A moda agora são terroristas? Dá-lhe games onde você tem que se esgueirar nos mesmos cenários, com as mesmas armas e atirar nos mesmos caras barbudos.

Também é fácil ver que a indústria de games está adotando uma outra estratégia de Hollywood, a moda das séries com continuações e prequels. Os estúdios americanos ficam com tanto medo de lançar alguma coisa nova, que acabam se agarrando em infinitas continuações de seus filmes. Uma nova ficção científica? Que nada, vamos lançar um novo prequel/continuação de Star Wars, ou Jornada nas Estrelas, ou X-Men... Cansou de continuação? Vamos mostrar as origens então!

Basta dar uma olhada nos games anunciados na E3. Teremos a continuação de Bioshock, a continuação de Uncharted, a continuação de Resistance, a continuação de Call of Duty Modern Warfare, o prequel de Tomb Raider, a continuação de Mass Effect, a continuação de Gears of War, a continuação de Halo, a continuação de Fable, um prequel de Resident Evil...

Isso é bom? É ruim? Difícil dizer. Para as empresas é uma faca de dois gumes, enquanto elas economizam roteiristas, designers e se arriscam menos lançando continuações e games "da moda", elas também arriscam levar os jogadores ao tédio. Se você joga um game onde você é um soldado americano com uma M16 no Afeganistão, porque você vai comprar um game de outra empresa que é absolutamente igual, tanto no enredo quanto nos gráficos?

Isso já está acontecendo nos MMORPGs. Quando World of Warcraft começou a ganhar popularidade, apareceram vários jogos similares, no intuito de criar uma "modinha" como a que acontece com os RTS ultimamente. Age of Conan, Lord of the Rings, Warhammer Online, Dungeons & Dragons Online e inúmeros outros resolveram "aparecer" com o mesmo visual de World of Warcraft, narrativas similares e estilos idênticos.

Resultado, Dungeons & Dragons Online e Lord of the Rings se tornaram MMOs grátis, e Age of Conan vai seguir ambos em breve.Outros foram descontinuados. Até uma tentativa da toda-poderosa série Star Wars fracassou em se tornar um MMO de sucesso. E World of Warcraft? Vive muito bem, tão bem que a Blizzard está adiando "ad eternum" seus outros títulos para manter o MMO rodando sempre com novidades.

O motivo? Se o sujeito já paga uma quantia por mês para jogar como um elfo com uma espada matando orcs em World of Warcraft, ele não vai pagar para fazer a mesma coisa em outro game de outra fabricante...

Para o jogador também há uma perda substancial na variedade de games. Se você gosta de II Guerra Mundial, por exemplo, o início dos anos 2000 até 2007 foi um período de muita diversão, com todo tipo de game sobre o tema. Se você não gosta, foram poucas as oportunidades de se desviar para algo diferente.

E o futuro? Como alguns analistas já estão acreditando, os games estão a caminho de sofrer uma ruptura. De um lado ficarão os games casuais, tipo Angry Birds e Fazenda Feliz, de outros, games que são uma mídia capaz de contar uma história, praticamente um filme interativo. Jogos "da moda" ainda farão sucesso nas LAN houses e na internet, onde jogadores podem competir para ver quem é o melhor, seja em pilotar um carro de corrida, seja em atirar em zumbis. MMOs pagos vão tender a sumir, com dificuldade em fazer frente ao todo-poderoso World of Warcraft, e MMOs gratuitos vão aparecer aos montes, impulsionados principalmente pelos asiáticos. Além destes, um novo tipo de game, o "Fit Game" está aparecendo. Mirado na epidemia de obesidade estes games que usam o corpo todo vão logo se tornar um nicho a parte.

Com o poder de fogo dos atuais celulares, e a popularização dos tablets (até a Nintendo entrou nessa!), games casuais como os disponíveis em redes sociais serão cada vez mais comuns. Um game em que cada fase pode ser concluída em questão de segundos e sem uma história densa são uma ótima pedida para distrair a pessoa na sala de espera do dentista ou na fila do banco, muitos são gratuitos ou custam uma mixaria (que normalmente é descontada na conta do telefone mesmo...), o que os torna populares para pessoas com pouco dinheiro (crianças e adolescentes) ou que não querem gastar dinheiro em games (adultos e idosos).

Em contrapartida, as novas possibilidades da mídia vão tornando os filmes cada vez mais interativos, e os games mais cinematográficos tendem a se manter estáveis no mercado. Há uma versão do filme Premonição 4, se não me engano, em DVD, que é praticamente um RPG, onde você pode escolher a fala ou ação de um ou outro personagem e assim alterar o final, e às vezes o filme todo. No outro lado, Heavy Rain é praticamente um filme onde você usa um controle ou teclado para controlar o personagem principal. Quem jogou L.A.Noir ou Dead Space 2 sabe que games podem ter um bom enredo e boas atuações.

Jogos competitivos também parecem se manter estáveis no mercado por um bom tempo. Desde os tempos do Atari há games de corrida ou esportes, e antes do videogame já apostavamos corrida ou brincavamos de polícia-e-ladrão com nossos colegas. O que parece estar sendo comum hojé é este tipo de jogo ter uma versão singleplayer que serve na verdade de treinamento ou chamariz para o multiplayer. Vejamos Brink, por exemplo, é um game praticamente todo focado no multiplayer, usando as missões solitárias como publicidade. Esse também é um modo inteligente de enfrentar a pirataria, deixando o pessoal baixar o jogo "de graça", jogar singleplayer, mas sabendo que a maior parte dos recursos está disponível apenas para quem jogar o multiplayer nos servidores do fabricante, mais ou menos como os CDs de demos dos anos 90, criando expectativa e levando os piratas a comprar o game original apenas para jogar o "jogo principal".

Um tipo de game que tende a sumir são os MMOs pagos. Pagar uma mensalidade para jogar foi uma idéia de gênio para a Blizzard e para os primeiros MMOs, afinal eles nunca "vendem" o produto (jogo), apenas "alugam" ele e o jogador paga eternamente, enquanto tiver saco para jogar. Acontece que a invasão da PSN mostrou um lado meio feio das transações online, você confia mesmo na segurança da empresa de games? Como saber se seus dados de cartão de crédito estarão seguros com uma empresa de jogos se não podemos confiar nem em bancos na internet?

Outro problema é que os MMOs pagos demandam muito das empresas. Para manter os jogadores jogando, sem fugirem para outros games offline ou para MMOs similares, as empresas tem que oferecer novidades constantemente, e muitas vezes esta torrente de novidades acaba espantando os jogadores novos. Não é preciso ir muito longe para ver isso, nos quadrinhos aconteceu a mesma coisa. Para manter o público comprando gibis do Superman, a Detective Comics teve que ir jogando cada vez mais novidades, fez o cara voar, ir para outra dimensão, introduziu novos tipos de kryptonita, colocou ele pra lutar com o Mohammed Ali, trocou a cabeça dele por uma de inseto, criou um clone maligno de outra dimensão, matou o herói, ressuscitou, matou denovo, ressuscitou denovo... Agora, depois de tudo isso, fale para um moleque de dez anos para começar a ler a revista do Superman, (segundo a Wikipédia, a revista chegou no número 1.000 em 1998, e eu não faço idéia de que número está hoje...) hoje, sem conhecer nada daquele universo...

Agora vamos para World of Warcraft. Quando o MMO começou, a Blizzard trouxe o mundo de Warcraft como apresentado em Warcraft 3. Algumas expansões depois e veio um novo continente. Agora o dragão DeathWing está destruindo o mundo e vários locais estão em ruínas. Imagine alguém que acabou de jogar Warcraft 3, resolve pagar a mensalidade e jogar Word of Warcraft hoje, sem saber nada da história que já se passou nesses 7 anos (WoW foi lançado em 2004). Ele com certeza vai ficar se perguntando o motivo de alguns locais estarem em chamas, ou o que são aqueles bichos azuis com cara de polvo que não apareciam no jogo de estratégia...

E daqui sete anos? Para jogar WoW o sujeito vai ter que recorrer a algumas centenas de páginas sobre tudo o que aconteceu nesses 14 anos? Quantas pessoas você conhece que recentemente começaram a ler o gibi do Superman? E quantas começaram a ler o mangá cujo primeiro número saiu ontem nas bancas?

Outro obstáculo para os MMO pagos são, logicamente, os MMO gratuitos. Quem percebeu isso logo foram os coreanos, e hoje basta uma olhada rápida na internet para ver que a maioria dos MMO grátis vêm da mesma terra que o Tae Kwan-Do.Estes MMO são rentáveis a medida que vendem itens dentro do jogo ou pacotes especiais, muitos jogadores que torcem o nariz para pagar 20 dólares por mês desembolsam tranquilamente 5 ou 6 dólares para uma espada mágica ou um "kit" de personagem exclusivo, e acaba que alguns jogos que usam este modelo conseguem oferecer mais novidades com menos funcionários e menos estresse por novidades. A Blizzard, mãe do World of Warcraft, tem 4.600 empregados, já o Astro Empires, MMO de browser com mais de 500.000 jogadores pagando por "contas premium", tem SEIS empregados. Adivinha qual, proporcionalmente, tem mais lucro?

Por último, nós estamos vendo o nascimento dos chamados "fit games", jogos feitos para colocar o jogador para suar, perder uns quilinhos e ficar fortão. Com os novos consoles com detectores de movimento (Wii, WiiU, Kinect, PSMove...) e muitos gamers acima do peso precisando de fazer ginástica mas sem saco para academias, um mercado novo está surgindo. E não pense que é apenas uma moda passageira ou uma enganação, teve gente que perdeu muito peso com este tipo de game, e marcas famosas como o UFC (Ultimate Fighting Championship, torneio de artes marciais dos EUA) já estão entrando para os fit games:



Daqui até o fim do mundo (2012 tá ai, não é?) a indústria de games parece estar caminhando para a criação de nichos muito específicos. É triste a perda de variedade nos games atualmente, mas novas maneiras de jogar estão aparecendo. E, se tudo der certo, ainda teremos muito o que jogar pelo resto de nossas vidas...

18 de junho de 2011

The Witcher (PC) (***)

The Witcher (PC) (***)

Houve um tempo onde os bons games vinham apenas dos EUA e Japão, onde encanadores de bigode e porco-espinho azuis dominavam os jogos. Esse tempo acabou. Hoje a Europa desponta com um novo centro de criação de ótimos games, não só a Europa Ocidental, como a francesa Ubisoft (Assassins Creed, Far Cry 2...), mas também o Leste Europeu, e The Witcher é um surpreendente RPG polonês que todo fã de um bom game deve jogar.

Antes de mais nada, esteje avisado. Instalar The Witcher é um pé no saco sem dó nem piedade. Pelo visto a polonesa CD Projekt Red esqueceu que a indústria de games vende mais do que a de cinema, ficou morrendo de medo de pirataria, colocou uma proteção meio esquisita no jogo, depois desistiu de tudo e largou The Witcher na mão...

Pessoalmente eu vi o game por um preço acessível numa livraria e comprei o original. Instalei normalmente e o jogo não deu sinal de vida. Ao entrar na página de The Witcher na internet, descobri que não tem qualquer auxílio da produtora para o game, apenas uns dois patchs para baixar. Baixei os dois, mas nenhum instalou.

Basicamente funciona assim: Você instala o game mas não pode jogar de imediato. Se seu sistema for Windows 7, você precisa ir até a página da TAGES protection (empresa que faz o sistema de proteção à cópias do jogo), baixar o drive deles e instalar.

Mas não jogue ainda. O sistema da TAGES vai derrubar seu jogo depois de poucos minutos de início! Agora é hora de ir na página da Gamespot e baixar os patches de 1.1 até 1.3. Instale todos!

Mas não jogue ainda, o TAGES ainda vai derrubar seu game!. Agora vá para o site do game e baixe os patches 1.4 e 1.5 e o language pack. E tenha um bom tradutor aberto em outra aba, porque a parte do download está em polonês!

Baixou tudo? Agora vá no instalador do TAGES que você baixou, clique e desinstale ele. Sim, você precisa dessa praga pra instalar os patches 1.1 à 1.3, mas o 1.4 não instala se você tiver ele. E pra variar ele não aparece em Painel de Controles - Desinstalar Programas...

Agora é hora de instalar a versão 1.4. E reze com muita fé para ela instalar, porque o game vai choramingar para você se cadastrar na comunidade de The Witcher (e o cadastro não funciona nem no site oficial... simplesmente não existe link para ele...) e muitas vezes não vai querer ir para a frente por conta desse maldito cadastro. Se (ou melhor, quando) der certo, instale o patch 1.5 e pronto, finalmente, quase 4 horas depois, você vai poder jogar The Witcher.

A instalação é tão bugada que uma pesquisa rápida no Google por "The Witcher problems" ou "The Witcher Instalation" retorna mais de 9 milhões de sites, a maioria listas de discussão com o pessoal reclamando que não consegue jogar o game. Dá até vontade de comprar o game original (porque é muito bom, e a CD Projekt Red merece) e baixar o mesmo game já crackeado no PirateBay para poder instalar e jogar em paz.

Fora os problemas de instalação, The Witcher é um jogo muito bom. A narrativa, baseada nos romances do escritor polonês Andrzej Sapkowski, teve consultoria do próprio autor, por isso é bem mais consistente que a maioria dos RPGs que vemos por aí hoje.

O protagonista, Geralt of Rivia, é um "witcher", um caçador de monstros profissional, que ganhou fama após libertar a princesa de um reino de uma maldição. Dado como morto, ele reaparece vivo na sede dos caçadores, um castelo em péssimo estado de conservação, que é prontamente atacado por um grupo de bandidos chamados "Salamandra".

De início a história não empolga muito, mas conforme o game anda, fica claro o cuidado da CD Projekt Red com a narrativa. Há muitas decisões deixadas para o jogador, que mudam o game todo, e que realmente fazem sentido dentro da história. Se você se alia a uma facção e tem outra como inimiga, o jogo muda totalmente, desde as pessoas que você vai encontrar até os inimigos que vai enfrentar ou os locais que vai visitar.

Outro ponto muito positivo de The Witcher é que o game é extremamente adulto, fugindo daquele moralismo dos jogos americanos. O game não tem pudores em mostrar mulheres (e homens, e mortos-vivos, e monstros...) totalmente nuas, sexo explícito, palavrões e violência digna de um Mortal Kombat. Na verdade, praticamente todas as mulheres que o protagonista encontra podem acabar na cama dele, cedo ou tarde, e cada vez que Geralt transa com alguém, o jogador ganha um "cartão" com um belo desenho da personagem, muitas vezes com direito a nudez frontal, pintado em um estilo art-noveau.

Claro que a versão americana de The Witcher teve várias partes censuradas, mas o patch 1.4 normalmente adiciona as partes "calientes" novamente, portanto, prepare-se para ver coisas que normalmente não aparecem em jogos.

The Witcher, no entanto, não é apenas sobre pancadaria e mulheres nuas. Além das várias escolhas que você vai ter que fazer, ele trás cenas raramente vistas nos RPGs eletrônicos. Que tal ir para a taverna e discutir com amigos antigos de Geralt sobre as garotas do jogo? Ou escolher se mudar para a casa de uma enfermeira sexy ou uma feiticeira gostosona (com direito a crise de ciúmes da que você não escolheu...)? Ou educar um pirralho com poderes mágicos?

The Witcher também trás muitas referências à cultura pop. Que tal o eremita que discute os livros de Dan Brown (O Código Da Vinci)? Ou a divindade Dagon, das obras de H. P. Lovecraft? Ou a Dama do Lago das lendas do Rei Arthur?

The Witcher tem alguns probleminhas com a parte gráfica. O pessoal da CD Projekt Red ficou com preguiça de criar modelos diferentes para cada personagem, e resolveram reciclar muitos modelos. Tudo bem quando isso afeta apenas personagens sem importância, que apenas passam pela rua sem falar com você, mas aqui a coisa passou dos limites. Vários personagens importantes para a trama tiveram seus modelos reaproveitados à exaustão, e a impressão é que quase todos no mundo de The Witcher tem vários irmãos gêmeos vestidos com as mesmas roupas zanzando por aí.

Encontrar um personagem específico no meio de uma multidão de "clones" é bastante chato... Bastava usar o "método Mortal Kombat", mudar as cores da roupa e cabelo de um destes modelos e pronto, seria mais fácil localizar alguns personagens entre os "clones" deles.

Os cenários também apresentam bastante diferença entre si, um efeito meio similar ao de Diablo II, que parece que cada parte foi feito por um (ou um time de) level designer diferente. Há ambientes bem construídos, com muita variedade de prédios e cores, e há locais simplórios, com uma paleta de cores feiosa e pouca liberdade de exploração. O começo do game, principalmente, é meio desanimador, com um mapa em forma de rosquinha e missões meio enjoativas (em certa parte você tem que escoltar uma garçonete em meio a uma infestação de monstros, o problema é que ela sempre corre em direção ao primeiro monstro que aparece, e morre em uma mordida só, antes que você tenha condições sequer de chegar no bicho primeiro...), mas depois tudo melhora bastante, de mapas mais amplos a cores mais vistosas e quests mais bem feitas...

Em resumo, The Witcher é um bom game, tem uma boa narrativa, um ótimo sistema de combate, mulheres sem roupa, é divertido e tem uma trilha sonora competente. A pouca variedade de modelos conta um pouco contra, assim como a animação meio tosca de algumas cutscenes, mas o que realmente enche o saco é a instalação esquisita do jogo.

8 de junho de 2011

E3 2011

A Eletronic Entertainment Expo (aka. E3) é aquela feira mágica nos Estados Unidos, onde as empresas de games mostram seus futuros lançamentos, consoles e gadgets de deixar todos com água na boca.

E o Blog da Resenha, como de costume, não poderia deixar de trazer pra você, leitor, as novidades que vão pintar nessa penúltima E3 (porque todo mundo sabe que em 2012 o mundo acaba...).


A Ubisoft trouxe para a E3 2011 a prévia do novo Assassins Creed. Deu para ver que Enzio realmente conquistou o coração da galera, e vai estrear seu terceiro game consecutivo (enquanto o chato do Altair ficou só com o primeiro game). Para deixar o pessoal curioso, vai ai o trailer do Assassins Creed Revelation, prometido pra 15 de Novembro para  PC, Xbox 360 e PS3 (pule para os 2:20 que a palestra do cara já acabou...)







A Sony chegou na E3 2011 arrebentando tudo, pronta para fazer os "sonystas" esquecerem o problema do PSN. A principal novidade ficou por conta do PSVita, o novo portátil da empresa:



Fora o portátil, a Sony também anunciou dois novos games futuristas: Starhawk e Dust514, e uma futura versão de Bioshock exclusiva para PSVita, além do Bioshock Infinity, com versão para PS3. Um novo Uncharted também foi apresentado.






Resistance 3 também não ficou de fora, prometendo um confronte direto nas prateleiras contra um Gears of War 3 da concorrente Microsoft. E só para brigar com a Nintendo, o PS Move (aka. o Wii do PS3) ganhará um RPG medieval:







A Microsoft resolveu não fazer feio, e também chegou anunciando novidades, principalmente no que diz respeito aos games. Sob as asas do todo-poderoso tio Bill Gates, os estúdios apresentaram suas novidades na conferência da empresa, e muita coisa boa vem por aí. 

Só para dar água na boca, o novo Call of Duty já chegou mostrando a que veio:


E para completar, lembra da Lara Croft? Aquela heroína muito gata dos antigos Tomb Raiders, que praticamente caiu no esquecimento depois dos filmes (muito ruins) em que foi interpretada pela bocuda Angelina Jolie? Ela também está de volta, repaginada, mais realista e com a cara de outra gostosa de Hollywood, Jessica Biel. Parece que finalmente teremos um Tomb Raider bom, depois de tantos jogos meia-boca. 


E não é só isso! Ainda teremos Mass Effect 3, Gears of War 3, Ryse (exclusivo para Kinetic), Halo 4, Forza Motorsport 4, Fable The Journey (para Kinetic) e Star Wars Kinetic. Parece que a Microsoft não quer mesmo deixar o Kinetic morrer por falta de games, como aconteceu com o antigo Playstation Eye, e está jogando tudo o que pode nesse gadget. Não se espante se logo logo o tio Bill Gates resolver lançar Kinetic pra PC (há rumores de que a Microsoft já está pensando - seriamente - nisso)


















A Nintendo foi a grande estrela da E3. Se os jogos não são lá grandes novidades (Zelda, Mário... o de sempre...), o console novo pegou todo mundo de surpresa. Você ouviu os boatos aqui e agora tudo foi confirmado. O Project Cafe (cujo nome comercial agora é o estranho "Wii U") é realmente um tablet/game portátil que pode ser usado em conjunto com o console na TV, com o Wiimote ou sozinho, para games mais simples. 

Ao contrário do primeiro Wii, o WiiU vai ter poder de fogo para receber games como Batman Arkham City, Assassins Creed Revelations e Darksiders 2. Nada de ficar jogando apenas um WiiU Sports ou WiiU animais de estimação... 







Outros games foram anunciados na E3 2011. 

- Resident Evil Operation Racoon City:

 O novo Resident Evil, nas mãos da Slant Six Games (SOCOM), promete mais ação na cidade de Resident Evil 3, agora vista pelos olhos dos agentes da Umbrella. 



- Dead Island:

Os zumbis continuam em alta, desta vez atacando em uma ilha paradisíaca no Pacífico. Dead Island parece um Dead Rising em primeira pessoa, mas pelo jeito é bem sangrento.


- Battlefield 3:

Fãs de FPS vão ter o que jogar neste ano 2011-2012. Além de Call of Duty Modern Warfare 3, ainda vem ai o esperado Battlefield 3:



- Prototype 2:

Mais zumbis! Os mutantes de Prototype estão de volta em um novo game. 


- GTA 5:

Quem não gosta dos games de mundo aberto da Rockstar? Vem ai o novo GTA, e esperamos que seja tão bom quanto os anteriores!