19 de setembro de 2012

Darksiders 2 (PC, PS3, Xbox360) (****)


Em 2010, a softwarehouse Vigil Games e a THQ iniciaram uma bem sucedida série de ação com Darksiders. A premissa bastante original te colocava controlando um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, Guerra, que foi manipulado a começar o fim do mundo mais cedo e acabou tendo que mover céus e infernos para encontrar quem o enganou.

Mas enquanto Guerra distribuia tiros, espadadas e combos por uma Terra destruída, após a extinção dos humanos, o que seus outros três colegas estavam fazendo?

Eis que Darksiders 2 trás a história de Morte, outro dos Quatro Cavaleiros, tentando provar ao Conselho que seu irmão Guerra era inocente e, para redimí-lo, procurando ressuscitar a Humanidade.


Morte,, cuidando da sua não-vida enquanto Guerra busca vingança.

Darksiders 2 foi criado bastante diferente do primeiro. Enquanto a saga de Guerra envolvia mais combates e inimigos imensos, arremesso de objetos e chefes que demoravam horas para serem derrotados, Morte tem que se embrenhar por um caminho mais próximo dos RPGs, com muitos puzzles tridimensionais a serem resolvidos (incluindo sua própria versão "Darksiders" da Portal Gun de Portal), equipamento a ser coletado, novas armas, roupas, armaduras e amuletos a serem comprados (alguns podem até ser customizados), quests paralelas e muitos mundos para visitar.

Ao longo do game, Morte viaja ao mundo dos Makers, gigantes meio vikings, ao mundo dos mortos (com direito a um monstruoso navio voador rebocado por dragões), ao Paraíso, ao Inferno e à Terra, o que garante uma boa variedade de cenários e puzzles.

A possibilidade de trocar as armas e armaduras de Morte também introduz mais variedade ao jogo e a possibilidade de equipar o personagem de acordo com o seu estilo de jogo. Algumas armas como alabardas, martelos e machados são lentas, porém causam muito dano e atingem todos à volta do personagem, enquanto escudos, garras e manoplas causam menos dano e acertam um alvo só, mas são incrivelmente rápidas.

As armaduras também tem suas próprias características, sendo que umas dão dano a quem te acertar, outras aumentam sua vida ou te dão mais proteção. Alguns outros itens são "possuídos", e podem ser customizados, você "sacrifica" itens que não quer mais e tem a possibilidade de escolher novas habilidades para seu item "possuído".


Céu, Inferno, mundo dos mortos, mundo dos Makers, Terra... cada ambiente é diferente e tem seus próprios desafios

A jogabilidade é competente, e, aliada a bons puzzles e muitos locais para explorar, torna Darksiders 2 bastante divertido. Morte pode escalar algumas paredes, saltar e correr na lateral de uma parede, e ao decorrer do jogo ganha ainda mais habilidades, como invocar uma "mão espectral" para segurar em ganchos e balançar entre plataformas, uma habilidade muito similar (praticamente um plágio) da Portal Gun, que permite que você crie portais entre duas paredes distantes, um portal para viajar ao passado e a divertida e desafiadora habilidade de se dividir em dois para ativar botões e painéis de pressão em lugares diferentes.

Há grandes áreas no mapa onde você pode cavalgar o cavalo de Morte, chamado Desespero, locais a explorar e ruínas cheias de puzzles que não estão relacionadas à narrativa do jogo. Apesar de bastante linear como o primeiro Darksiders, o game dá mais liberdade para você descansar da história principal e se divertir pelos seus ricos e imensos cenários.

Apesar de ter menos combates que o jogo anterior, Darksiders 2 ainda surpreende com uma imensa gama de inimigos, combos violentos, "fatalities" e muita luta. Desta vez os chefões podem ser derrotados na base da estratégia e do bom uso de suas habilidades e poderes, evitando aqueles chefes do primeiro Darksiders, que demoravam vários minutos em animações desnecessárias (e invulneráveis) até poderem ser atacados por alguns poucos segundos e depois voltarem à outra forma invulnerável...


Golpes especiais e poderes de invocar criaturas ajudam bastante na hora da luta.

Graficamente Darksiders 2 é competente. Os cenários são bem construídos e sempre podem ser revisitados depois que você adquire novas habilidades. Pessoalmente eu não gosto do visual do jogo, com personagens cartunescos, fora de proporção (os braços de Morte lembram os do Popeye) e a colorização do jogo, com muito foco em cores primárias bastante saturadas.

Mesmo no nível máximo de gráficos, os personagens de Darksiders 2 não tem sombra, muitas texturas são feias e desfocadas quando vistas de perto e os efeitos de luz nem sempre são satisfatórios.

Há alguns bugs também, sobretudo quando os personagens ficam "presos" na geometria do jogo, afundam no chão ou pregam nas paredes. Algumas vezes o som das falas some durante as cutscenes, enquanto efeitos sonoros e música de fundo permanecem normalmente.

Por falar em música e efeitos sonoros, esse jogo se destaca na parte de som. As músicas são belíssimas e vale a pena comprar a edição especial com CD de áudio do jogo (se você der sorte de encontrá-la por aí...). A dublagem é ótima e os personagens soam muito bem, desde o cínico, desbocado e mal educado Morte à sedutora Lilith e o sarcástico Vulgrim.

Ao carregar um jogo salvo, desenhos e a narração sarcástica contam os últimos desafios enfrentados por Morte e pelo jogador, o que é uma ótima idéia para relembrar quem ficou algum tempo sem jogar.


"Mina, você é de uma beleza angelical!" 

Darksiders 2, no entanto, peca em algumas coisas. O personagem Morte se locomove de uma forma bem estranha, ele é excessivamente lento quando à pé ou à cavalo e bastante rápido quando nadando ou escalando, o que rende algumas piadas ("a Morte chega mais rápído dentro da água!") e testa a paciência do jogador quando o personagem tem que se deslocar de um local para outro.

Ao contrário do primeiro Darksiders, este jogo é também bastante fácil, mesmo no nível mais difícil. Raramente você irá sentir que Morte está em perigo, e até os últimos chefes são bastante tranquilos de matar.

Darksiders 2 é um game divertido e violento, e enquanto o primeiro game focava no combate, este se concentra mais na exploração e resolução de puzzles. Embora os gráficos tenham seus defeitos, a trilha sonora épica, ótima dublagem e grande criatividade em ambientes, equipamentos e inimigos vai deixá-lo ligado no jogo por um bom tempo.


Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto, ficou bem legal.
    Realmente achei esse jogo muito bom, concordo que ele falha um pouco nos graficos, mas ao meu ver isso não interfere em nada.
    Abraço

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