19 de janeiro de 2007

Warcraft III



Warcraft III (***)


Alguns jogos costumam se tornar clássicos involuntários. Games medianos como o mod multiplayer Conter Strike e o RTS Myth foram alavancados ao estrelato quase que por acaso.
Esse definitivamente não é o caso da série Warcraft, extremamente bem feita, já se tornou clássica desde o início.

A Arte da Guerra
A Blizzard é uma das mais importantes produtoras de games do mundo. Seus jogos destacam-se dos outros por dois motivos, tem um enredo envolvente e são extremamente bem feitos. Desde os tempos dos videogames Super Nintendo que a Blizzard faz a diferença com seu antigo e divertidíssimo Blackthorn. Nos anos 90, iniciou uma série de RTS com gráficos ultrapassados chamada Warcraft, onde humanos e orcs batalhavam em um mundo medieval fantástico (obviamente inspirado em Senhor dos Anéis). O jogo fez tanto sucesso que no ano seguinte foi lançada sua continuação, Warcraft II, de longe um dos melhores, se não o melhor RTS já feito.
Depois de se aventurar na ação/RPG com seu Diablo I e II e no RTS com Starcraft (que de início muitos pensaram ser orcs e humanos no espaço), a Blizzard, pressionada pelos fãs, voltou ao cenário de Warcraft com sua terceira edição.
O enredo, como sempre é envolvente. Intimamente ligado com o dos jogos anteriores da série, é difícil citar algo sem fazer spoiler... Digamos que de um lado temos os Humanos, não tão bonzinhos como de costume; do outro temos os Orcs, muito mais bonzinhos que de costume; além dos Mortos-Vivos, que fazem papel de vilão; e os Elfos da Noite, protegendo a natureza...
A estória é bem amarrada, sendo que os fanáticos pela série vão relembrar alguns personagens e acontecimentos dos jogos anteriores.
A ambientação também é primorosa, assim como a jogabilidade, não acrescentando muito ao que já haviamos visto em Warcraft II. Agora os heróis realmente fazem a diferença, com muitos poderes, ganham experiência, se tornam mais fortes...
É divertido ver como o cenário também mudou. No Warcraft II tinhamos porcos, ovelhas e outros animaizinhos andando pelo mundo, que poderiam ser mortos facilmente e não lutavam, ficando só como parte do cenário de fundo. Em Warcraft III temos dezenas de tipos de animais nos cenário, de inofensivos a inimigos ferozes e muitas vezes mais poderozos que os inimigos.
Mas o que realmente chama a atenção no game são as "cutscenes", os filmes entre as fases. O nível de detalhe gráfico é impressionante, fazendo os personagens do jogo parecerem pessoas reais (diga-se de passagem, mais reais do que os do filme Final Fantasy, que fez um alarde danado...).
O Caos
Afinal, o jogo é um Warcraft, tem enredo maravilhoso, filmes capazes de te levar às lágrimas, boa jogabilidade... o que deu errado para ele ganhar apenas tres estrelas?
Pra começar, Warcraft III é um jogo feio. Se Starcraft e Diablo rumavam para gráficos cada vez mais detalhados e realistas, parece que Warcraft III fez o caminho inverso. A equipe gráfica parece ter se concentrado demais nas cutscenes e esqueceu do game em si.
Os gráficos são realmente horrorosos. Os personagens são caricatos, as construções não tem escala, os efeitos de luz são pífios... Até mesmo os portraits (retratos animados dos personagens, no HUD) são feios e muitos beiram o ridículo. Outros chafurdam...
Não bastasse os gráficos estarem ruins, o enredo tomou rumos inesperados. Se você já jogou ou não liga muito pra estoria, leia a seção "spoilers" abaixo.
Outro problema é a seleção de tropas. O problema vem se alastrando desde o primeiro game até Starcraft, você só pode selecionar uma quantidade minúscula de tropas de cada vez... Aqui não é excessão....
A criatividade também passa longe da Expansão, Frozen Throne. Além de manter os mesmos problemas do Warcraft III normal, ele ainda tem uma grande falta de inovação no que diz respeito às fases. Elas normalmente se resumem a uma fórmula: Você tem duas bases e dois exércitos diferentes pra comandar, e vai ficar sob ataque o tempo inteiro. O que parece desafiador no começo se torna chato ao longo de algumas dezenas de fases praticamente idênticas...
Outro problema é o Editor de Mapas. No Warcraft II, fazer suas próprias fases era divertido, em Starcraft ele abria uma gama enorme de possibilidades extremamente criativas, embora fosse um pouquinho complicado de se pegar o jeito (certa vez fiz um trabalho de literatura usando o editor de mapas do Starcraft...). Em Warcraft III o editor de mapas pode fazer qualquer coisa, até mesmo construir personagens novos, mas é absurdamente complicado. Se você não for um gênio da computação ou um engenheiro de computação com pós-doutorado, é pouco provável que você consiga montar uma fase single player por lá... Até mesmo um mapa simples para deathmatch é absurdamente foda de se fazer...
Spoilers (cuidado, aqui eu vou contar coisas do enredo do game, se você se importa em saber de antemão, não leia...)
O maior problema de Warcraft III, no entanto, é a onda de moralidade que invadiu a série.
No primeiro jogo, os humanos viviam tranquilos e em paz em seu reino, quando um bando de monstros sanguinários de pele verde, os orcs, invade seu mundo, vindos de uma fenda entre as dimensões. No segundo jogo a guerra se amplia, os humanos fecham a fenda por algum tempo, mas na expansão eles tem que viajar para o mundo dos orcs para tentar fecha-la permanentemente.
Em ambos, os orcs são seres crueis, sanguinários e malignos, usam magia negra e adoram demônios, e são capazes de atos indizíveis. Eles são o tipo de ser que colocaria óleo de rícino na merenda escolar de uma creche sem pestanejar...
No Warcraft III, pasmem, somos apresentados a uma desculpa das mais esfarrapadas para a "má indole" dos orcs nos jogos anteriores. Segundo o enredo, eles (os orcs) eram seres pacíficos (!), bonzinhos (!!) e amigáveis (!!!), mas, no entanto, um de seus líderes fez um pacto com demônios e tornou os orcs seres maus, expansionistas e adeptos da guerra...
Os orcs da Warcraft III retornam à sua bondade, se juntando com os Tauren, uma raça de minotauros e passando a possuir uma cultura que lembra muito os índios norte-americanos (totens, capas de pele, xamâs, espíritos, mocassins...). Absolutamente ridículo.
Ai muitos podem dizer "Mas os vilões são os Mortos-Vivos!!!". Mentira. Eles estão sendo manipulados pelos mesmos demônios que manipularam os Orcs, aqui chamados "Legião Flamejante" (a simples menção da palavra "demônio" costuma diminuir as vendas nos EUA, e a Blizzard que já publicou dois "Diablos" deve ter experiência com isso...).
Quem é o vilão do enredo então??? Simples, a Legião Flamejante... mas ela não está disponível para ser controlada pelo jogador. O mais perto de vilão que há para se jogar é justamente os Humanos, que seguem o príncipe Arthas, um sujeito que vai sucumbindo à maldade ao longo do enredo. (Mas também não é mal, lógico, está apenas sendo controlado pelo Rei Lich, que por sua vez também está sendo controlado pela Legião Flamejante...).
Os Elfos da Noite também são uma raça estúpida. Eles são frágeis, ficam invisíveis e suas construções são àrvores, que se levantam e lutam. No entanto, no enredo eles são um tipo de "Capitão Planeta" misturado com New Age de botiquim... Parecem saidos de algum filme da Disney...
No fim, temos quatro raças INIMIGAS de caras bonzinhos!!! Todos "manipulados" pela Legião Flamejante para lutar uns contra os outros.... Saudades da época em que havia menos moralismo nos EUA e podíamos ver VILÕES de verdade nos games...
A expansão trás algumas raças diferentes. Temos os "Naga", homens-peixe difíceis de se combater quando se joga contra eles e extremamente frágeis quando se joga com eles (será que a Blizzard acha que o jogo fica mais difícil e desafiador assim???). Temos também os Blood Elvens (Elfos do Sangue), que se tornam inimigos dos humanos depois de serem usados como "bucha de canhão". Mas vale lembrar, nenhum deles é mau, eles só estão sendo "manipulados" pela Legião Flamejante....
No final, Warcraft III até fica engolível, sobretudo para quem gosta muito da série, mas poderia ser beeeemmmmm melhor.... Ou talvez os programadores estivessem sendo "manipulados" pela Legião Flamejante.....hehehehehehehe

7 comentários:

  1. Anônimo9:39 AM

    Esse cara deve se crente so pode

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  2. Com certeza o moralismo fanático-religioso dos Estados Unidos (que anda crescendo bastante ultimamente) deve ter influenciado a Blizzard...
    Uma pena, a série poderia ter tido uma continuação mais pesada...

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  3. Anônimo3:42 PM

    Bom,nunca gostei de RPG,mais esse Warcraft III até que me agradou.

    Agora referente a fanatismo religioso, concordo em tomar certos cuidados em alguns tipos de games pq a maioria dos consumidores são garotos na faixa dos 12 anos que pode chegar a influênciar certos cabeças ocas. hehehe

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  4. O estranho é o fanatismo religioso por parte da Blizzard, justo a empresa que despejou dois games chamados "Diablo" no mercado...

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  5. Anônimo9:51 AM

    ''Em Warcraft III o editor de mapas pode fazer qualquer coisa, até mesmo construir personagens novos, mas é absurdamente complicado. Se você não for um gênio da computação ou um engenheiro de computação com pós-doutorado, é pouco provável que você consiga montar uma fase single player por lá... Até mesmo um mapa simples para deathmatch é absurdamente foda de se fazer...''

    hehe' eu ñ sou um gênio, muito menos um engenheiro de computação, kk' so so um adolescente normal msm, e esse editor ai, eu uso ele uns 2 anos já, no começo era foda msm, dá ate desanimo de ver como a coisa é complicada, mais com o passar do tempo, eu mesmo crio minhas fases, agora eu ja to criando ate campanhas personalizadas '-'
    ñ é impossivel aprender a mecher nele, so é muito complicado, hehe'
    lembrando que o meu editor é espanhol, fica um pouco mais fácil... (H'

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  6. Anônimo5:45 PM

    3 estrelas para Warcraft III, acabei de lembrar porque não sigo mais esse blog, preferindo JOGAR os jogos.

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  7. Anônimo3:16 PM

    Maneiro, mas como se cria um cenário nesse jogo? :(_:)

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