Warhammer 40.000, e seu jogo irmão, o Warhammer Fantasy, são pouco conhecidos no Brasil, mas na Europa e nos EUA, ambos são extremamente famosos, servindo de inspiração para as mais diversas obras.
Warhammer 40.000 (ou 40k, como costuma ser abreviado) foi criado como um jogo de tabuleiro no início dos anos 1980, e tinha como pano de fundo um futuro distópico, onde a humanidade era governada pelo terrível Imperador, vivendo praticamente uma era medieval com tecnologia futurista. O Imperador era reverenciado como um deus, e uma inquisição futurista garantia que todos o servissem com fervor suicida.
Entre os humanos, os mais poderosos eram os Adeptus Astarte, também conhecidos como Space Marines (algo como Fuzileiros Espaciais), soldados modificados por engenharia genética, portando partes biônicas, armaduras robóticas e armamento extremamente pesado. Um Space Marine sozinho poderia facilmente dizimar um exército inteiro de alienígenas ou desertores humanos.
Devido a seu cenário exagerado, humor negro sutil e crítica social, Warhammer 40k ganhou vários fãs no hemisfério norte, e junto um universo expandido capaz de rivalizar com o de Star Wars. Hoje Warhammer tem gibis, jogos de tabuleiro, action figures, games eletrônicos para as mais diversas plataformas e até alguns curtas-metragens (e um filme longa metragem prometido a tempos, mas ainda sem data de lançamento...).
Ao contrário, Dawn of War 2 é um game mais próximo do antigo Commandos do que de um Warcraft. Aqui você conta com pequenas esquadras (ou mesmo personagens solitários), todos famosos Space Marines, prontos para fritar alienígenas nas bordas da galáxia.
Cada um deles tem suas próprias habilidades especiais. Seu comandante atua sozinho, mas é mais forte que um tanque. Thaddeus e sua equipe possuem jetpacks e podem voar sobre o campo de batalha. Avitus carrega armas pesadas, enquanto Cyrus fica invisível e Tarkus pode arremessar granadas. Em cada fase você pode levar até quatro personagens/equipes, e coordenar todos eles é a chave para o sucesso.
Entre as fases você pode personalizar suas equipes com equipamento encontrado durante a batalha. Que tal colocar seu comandante para carregar um lança-mísseis, ou dar à Cyrus um rifle de precisão? Isso dá margem a muitas estratégias. Se Cyrus fica invisível, por exemplo, porque não enchê-lo de explosivos remotos, minas terrestres e outras armadilhas, para infiltrá-lo em terreno inimigo e espalhá-las por lá?
Cada peça de equipamento encontrada no campo de batalha trás um pouco da história de Warhammer 40k, e um fã irá de deliciar em tentar descobrir todas as inúmeras referências contidas em cada uma delas. Quem é novato no universo de Warhammer 40k também irá se divertir com o estilo exagerado e o humor negro do cenário. Que tal um lança-chamas (!!!) usado em execussão de hereges? Ou o personagem Thaddeus, que sozinho(!) e desarmado(!!) arregaçou todo um exército(!!!) de revoltosos?
A força dos Space Marines fica clara durante os combates. Com apenas uma meia-dúzia de soldados você consegue esmagar centenas (e talvez milhares) de inimigos, sem ao menos suar. Quanto mais rápido e eficiente você for, mais seus soldados irão evoluir, tornando-se verdadeiras máquinas de matar.
O enredo é bem construído, cheio de reviravoltas, atos heróicos absurdos e surpresas. Praticamente não dá para entrar em maiores detalhas sem revelar algumas das diversas surpresas presentes no game.
Os gráficos também são bons. Em relação ao primeiro Dawn of War, neste game os personagens parecem mais magros e altos, mais metálicos e menos "borrachosos". Os reflexos e os efeitos de luz são muito bons, assim como os pedaços de construções e barricadas voando para todos os lados. Os combates continuam sanguinários, embora menos do que no primeiro Damn of War. Há muitos "fatalities" dados tanto pelos Space Marines quanto pelos inimigos, com direito a muito sangue e corpos espalhados pelo chão.
Embora seja interessante, Dawn of War 2 tem um ponto negativo importante. As fases são praticamente todas iguais. Você escolhe seu esquadrão, desce em algum lugar de algum planeta e atravessa uma região infestada de inimigos, para combater um chefão que SEMPRE fica do lado oposto de onde você começou. Isso funciona bem nas três primeiras vezes que você vai para o combate... mas algumas fases depois você já vai estar achando a tela de personalizar suas unidades mais interessante do que os combates em si, e quando isso acontece nesse tipo de jogo é sinal que temos um problema por aqui.
Ao longo do game a coisa só vai piorando. Fora uma ou outra hora em que você terá de defender uma posição ou estrutura importante, e as fases finais, tudo é muito repetitivo. O cenário, os inimigos, as táticas... Isso torna o jogo um pouco chato, e dá um pouco de vontade de "passar rápido" as fases só para saber mais do enredo...
Os efeitos sonoros também não ajudam. Embora os diálogos entre os personagens sejam divertidos e bem construídos, os sons em si são irritantes. As armas tem sons monótonos e enjoativos, os personagens berram o tempo todo coisas como "Esmague o Alienígena!" e "Pelo Imperador!". Estes berros são repetitivos, e também são repetidos milhares de vezes por batalha, à uma altura insuportável aos ouvidos, que deixa a música de fundo quase como um detalhe...
Dawn of War 2 é bonito e tem uma história empolgante. Se você é fã de Warhammer 40k ou gosta de games com bom enredo, vai se divertir. Se você está procurando ação de qualidade em um RTS, jogue o Dawn of War original.