Assassins Creed 2 (PC, Xbox360, PS3) (*****)
O primeiro Assassins Creed foi lançado com muita cobertura na mídia, com direito até a uma paródia nos Simpsons. Aqui no Blog da Resenha ele ganhou um mísero "três estrelas" por ser um game mediano. Apesar de interessante, o jogo falhava em investir na furtividade e na história, mesclando duas linhas narrativas de uma forma tosca que quebrava o clima de ambas.
O pessoal da Ubisoft parece ter tido decepções similares de muitos consumidores, e eis que Assassins Creed 2 vem totalmente remodelado, um dos melhores jogos de ação que você vai ver por aí.
Se no primeiro game o protagonista era Altair (ok, na verdade é um tal de Desmond, mas vamos ignorar a parte "futurista" por enquanto), um assassino da época das cruzadas, Assassins Creed 2 trás Ezio, filho de um rico banqueiro florentino na Renascença Italiana. O primeiro ponto positivo é como o jogo apresenta Ezio. Altair era um mané muito experiente, mas muito mala, sem educação e abusivo, que foi "rebaixado" na organização dos assassinos após uma missão desastrosa. Na época de Ezio, os assassinos são muito "espalhados", sem uma sede ou organização formal, e muitos "passam" para seus filhos os ensinamentos e habilidades da ordem. O jogador acompanha a vida de Ezio desde o nascimento, e no começo do game não tem como não pegar uma certa simpatia pelo personagem.
Ao contrário do antipático Altair, Ezio é um adolescente "normal" de sua época. Briga na rua com os vizinhos que xingam sua família, escala as paredes da casa da namorada para encontrá-la de noite, acompanha a mãe nas compras, ajuda o vizinho Leonardo da Vinci (ele mesmo!) a carregar caixas de material de pintura, entrega cartas para seu pai, ajuda o irmão menor a colecionar penas de águia...
De uma hora para a outra, o pobre Ezio se vê em meio a um turbilhão de acontecimentos, traições, vingança e armas ocultas. A trama é bem construída, e há sempre algo impulsionando ela. Os diálogos são bem feitos, bem gravados, e algumas "atuações" são muito boas, principalmente o "gordinho maligno" Rodrigo Bórgia e o amalucado Leonardo da Vinci.
Os gráficos são bons, embora alguns rostos, principalmente os femininos, fiquem um pouco "estranhos" vistos de perto. O som também é ótimo, das belas músicas italianas às vozes e ao barulho das pessoas no mercado.
Também é divertido a inclusão de falas, missões e situações que lembram filmes e games, incluindo o hilariante tio de Ezio, que se apresenta com a frase dos desenhos animados do Super Mário Bros. ("Its me, Mário!").
As missões são bem variadas, e vão de assassinatos furtivos à infiltrações, passando até por vôos de asa delta desenvolvida por Leonardo da Vinci. Fora das missões há muita coisa a se fazer. Pessoas nas cidades ainda precisam da sua ajuda, seja para espancar um marido infiel, assassinar um mensageiro inimigo ou entregar correspondências.
Uma rápida passada pela cidade e você encontrará ladrões em fuga, os quais você pode roubar (e matar) para ganhar um dinheiro a mais. Lojas também vendem armas, armaduras, munição, pinturas, mapas (para tesouros espalhados pelas cidades), roupas, bolsas e medicamentos, e há muitos "extras" espalhados pelos mapas, incluindo as penas que o irmão de Ezio colecionava, tesouros, túmulos de outros assassinos, grupos de mercenários que podem ser contratados... É quase um "GTA Itália Renascentista".
Além da ação nas cidades, ainda há o feudo do tio de Ezio. Se você juntar dinheiro o bastante, pode reformar o local e ganhar alguns deliciosos descontos nas lojas locais, além de guardar suas armaduras, armas e tudo o mais no castelo.
A transição entre a narrativa renascentista e futurista não chega a quebrar o clima, e na maioria das vezes você nem irá se lembrar que há uma parte futurista na história. Exceto quando você topar com símbolos estranhos pichados nas paredes de monumentos, que revelam charadas deixadas lá por alguém um parente de Desmond, o "real" protagonista de Assassins Creed.
Assassins Creed 2, diferentemente do seu antecessor, é um excelente jogo, com muitas possibilidades, recursos e muita coisa a se fazer, uma narrativa que cativa e ótimos personagens. Não perca, vale cada centavo.
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