11 de abril de 2011

Far Cry 2 (PC, PS3, Xbox360) (***)

Far Cry 2 (PC, Xbox360, PS3) (***)

É um pouco raro ver qualquer conflito na África apresentado em um game. Exceto por um ou outro jogo que mostra as batalhas da Segunda Guerra Mundial no deserto do Saara.

Far Cry 2 resolveu então explorar este território praticamente virgem em um bom FPS. Curiosamente este jogo não tem nada a ver com o primeiro Far Cry, não são os mesmos personagens, nem tem aqueles mutantes estranhos, o que é um alívio.

Aqui você joga com um mercenário, enviado para uma nação africana em guerra civil, com o objetivo de encontrar e matar um traficante de armas conhecido como "O Chacal". Logo na chegada as coisas já saem ruins para nosso herói. Com malária, preso a uma cama e com o Chacal decidido a matá-lo e a guerra civil comendo solta nas ruas.

Far Cry 2 tem excelentes gráficos, e muita, muita liberdade, quase um "GTA África". Os efeitos de sombra são muito bons, assim como as mudanças climáticas, iluminação e texturas.

Algumas texturas ficam meio desfocadas quando vistas de perto, sobretudo em pedras, madeira e grama, mesmo com os gráficos no máximo, mas nada que estrague o "show" gráfico do jogo.

Os efeitos de som são críveis, cada arma tem um som diferente, e o efeito de surround é ótimo. Muitas vezes você consegue saber onde os inimigos estão apenas ouvindo eles andarem ou falarem, e quais armas estão usando apenas de ouvir os tiros. Há um surpreendente efeito de som em movimento, sendo que você ouve os carros inimigos de longe, o som vai crescendo, chega perto e vai embora junto com o veículo. Muito bem feito em comparação com outros games onde você só ouve o veículo quando pode vê-lo.

Há muitas boas idéias em Far Cry 2. O jogo consegue com sucesso mostrar o clima de caos de uma guerra civil africana. Como é um game "livre", você não tem uma "missão principal" a seguir, depois de um breve tutorial, você pode ir para onde quiser e fazer o que quiser.

Há missões dadas por duas forças paramilitares locais, há missões dadas por mercenários em um bar, há missões dadas por celular, por uma voz desconhecida, e até briga entre traficantes de armas menores, que pedem para você eliminar a concorrência em troca de novas armas e equipamentos. As únicas missões "obrigatórias" são as do "submundo", onde você tem que levar passaportes falsos de um lado para o outro em troca de remédio para Malária, senão você não consegue nem ficar de pé.

Far Cry 2 tem ótimas idéias para acrescentar mais realismo no FPS. O modo de medir a "vida" do personagem, por exemplo, é similar ao de outros games, mas se você tomar muita bala, terá que aplicar anestésicos apertando "H". Se a situação foi realmente crítica, além dos anestésicos, o personagem também ira usar facas, alicates e fósforos para retirar balas alojadas no corpo, cauterizar ferimentos ou estancar sangramentos. O efeito visual é muito divertido, e deveria ser aplicado a outros games ao invés do tradicional "esconda-se atrás da caixa até sua vida voltar ao normal".

Outra boa idéia diz respeito às armas. Armas pegas de inimigos normalmente são usadas e em péssimo estado de conservação, se você quiser armas novas, terá que visitar um traficante (que também vende equipamentos, roupas camufladas e manuais para melhorar o uso de certas armas). Depois de andar no mato, nadar e atirar bastante, sua arma também vai se desgastando, ficando enferrujada e então começará a travar, até explodir na sua mão.

Esse efeito, além de realista, é bastante divertido, e te obriga a sempre fazer uma visita aos traficantes de armas de plantão.

Outra idéia divertida é a dos "amigos". Ao longo do game você vai encontrando (normalmente salvando) outros mercenários, que podem ficar amigos. Os amigos vão te ligar quando você receber alguma missão, dando dicas ou oferecendo ajuda, e alguns podem te resgatar se você "morrer", te dando cobertura enquanto você extrai as balas do corpo e fecha as feridas.

Divertido também é a malária do personagem. Enquanto você está tomando o remédio, você vai melhorando, mas às vezes os sintomas (sobretudo calafrios e vista nublada) atacam do nada, principalmente durante as lutas, e você tem que tomar um remédio na hora ou vai cair desacordado no meio do mato.

O carro-chefe de Far Cry 2 são os efeitos de fogo, e eles realmente são muito bons. Experimente jogar um cocktail molotov no meio do capim seco, e o fogo vai se alastrar na direção do vento, queimando tudo ao redor, incluindo armas e veículos.

Embora seja cheio de boas idéias, Far Cry 2 tem alguns pontos realmente negativos. A música, por exemplo, é bastante problemática.

Normalmente, enquanto você anda pelas savanas e florestas africanas, a música é uma batida "africana" meio genérica, mas quando em combate a música muda para uma batida forte. Ou deveria mudar. O problema é que a "música de combate" às vezes aparece do nada, sem nenhum inimigo por perto, e às vezes ela demora tanto a aparecer que todos os inimigos já foram mortos antes dela dar as caras. Pode não parecer, mas isso faz muita diferença, e muitas vezes você acaba um pouco paranóico pensando que tem algum inimigo por perto por causa da música.

Outro problema grave é a enorme distância e as muitas partes "sem nada" do jogo. Normalmente as missões são "ir a um lugar muuuuiiiitttoooo longe e matar alguém". Os "pontos de ônibus" ajudam, te levando do meio do mapa para as bordas, mas nem sempre a algum local mais próximo de seu objetivo, obrigando você a passar longos minutos dirigindo por estradas sinuosas no meio da mata fechada, sem um minimapa para se orientar (nem mesmo uma bússola!), até chegar no local indicado. Às vezes há postos de guarda ou patrulhas no meio do caminho, mas eles só atrapalham, não dando aquele sentimento de realmente estar fazendo alguma coisa divertida.

Outro problema grave é a "regeneração" do cenário. Você passa por um posto de guarda, por exemplo, mata cinco mercenários, destrói os carros dele, põe fogo nas casas... beleza, mas se você virar as costas por cinco minutos, tudo volta ao normal. Os mercenários ressuscitam, as casas ficam novas, os veículos dão respawn... Embora seja comum isso em games, é um pouco contrastante com a tentativa de realismo de Far Cry 2, e te deixa um pouco frustrado com aquela sensação de que nada do que você faz realmente muda alguma coisa. Não é como em Mercenaries, por exemplo, que você podia explodir uma ponte e ver ela explodida depois, ou conquistar um local e saber que lá é seguro para se passar, pelo menos durante alguns dias.

Isso, aliado à "liberdade" do game, transforma ele em uma corrida maluca onde você passa por uma estrada destruindo tudo, dá meia-volta e lá está tudo bonitinho denovo, como se você nunca tivesse passado no local. Poxa, até no primeiro Far Cry as bases destruídas FICAVAM destruídas.

-- Dica extra para os brasileiros: Far Cry 2 saiu na revista FullGames, por um preço beeeeeem mais barato!



Um comentário:

  1. Unica coisa ruim é que eu acho meio monotono pra um fps com armas.

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