2 de maio de 2012

Shogun 2 Total War: Rise of the Samurai (PC) (****)


Houve uma época, a algum tempo atrás, em que games, alguns anos depois de lançados, ganhavam expansões, pacotes com novos mapas, nova narrativa single-player, missões, personagens e modos de jogo que prolongavam a vida útil daquele game. A série Total War sempre foi assídua com estas expansões como os excelentes Rome Total War Alexander, Rome Total War Barbarian Invasion e Medieval 2 Total War Kingdoms.

Há algum tempo atrás, no entanto, as grandes e bem feitas expansões começaram a ser substituídas por DLCs (Downloadable Content), muitas vezes "caça-níqueis" que acrescentam apenas algumas poucas mudanças estéticas ao jogo por um preço abusivo. Os DLCs passaram a vender "aos pedaços" coisas que antes viriam em patches gratuitos e expansões, desde mapas, missões, personagens extras á narrativas singleplayer completas.

A SEGA e a Creative Assembly cairam em tentação com Shogun 2 e lançaram alguns DLCs meia-boca, incluindo um estúpido Blood Pack, que iria adicionar (mais) sangue aos combates mas é simplesmente ridículo (o tal "sangue" parece mais tosco que o que saia dos lutadores do primeiro Mortal Kombat...).

Eis que finalmente os responsáveis pela franquia resolveram voltar as raízes da série e lançar uma excelente expansão para o já maravilhoso Shogun 2 Total War.

Samurais, antes de ficarem famosos na Guerra Civil Genpei
Rise of the Samurai acrescenta toda uma nova campanha single player para Shogun 2, além de uma nova ambientação para o multiplayer e a novas batalha histórica de Anegawa. A narrativa de Rise of the Samurai acontece 400 anos antes da de Shogun 2, durante a Guerra Civil de Genpei,  quando os clãs Taira e Minamoto entraram em guerra, cada um apoiando um filho do Imperador japonês ao trono.

E a expansão se esforça para recriar o período. Os agentes de Shogun 2 sairam de cena para dar lugar a agentes mais tradicionais, próprios da era Juei, e os exércitos contam com novas unidades, armaduras diferentes e novas habilidades.

Basicamente seu exército pode ser composto de Levy, aldeões recrutados as pressas, que podem ser lanceiros (com naginata) ou arqueiros, Attendants, soldados profissionais, que podem ser lanceiros (com naginata), arqueiros ou espadachins (e esqueça as espadas bonitas como as katanas, estes manejam imensas espadas curvas no estilo chinês) e finalmente os samurais, que são poucos mas são excelentes tanto a distância com arcos quanto corpo-a-corpo com katanas. Samurais montados, arremessadores de bombas e monges (com naginata ou arco) completam seus homens, assim como heróis (monges com tetsubo, um tipo de porrete gigante, mulheres samurai, monges com naginata e samurais montados).

A mesma ordem prevalece para navios, sendo navios leves, médios e pesados com levy, attendants e samurai, e as batalhas navais, sem canhões, são baseadas em flechas e abordagens, raramente algum navio sendo afundado.

Monge com Tetsubo: "Hulk esmaga, né?"

No geral os ambientes também foram remodelados, e as construções parecem mais primitivas do que em Shogun 2, mas a maioria dos relevos foram reaproveitados.

Há novos clãs, e você pode começar escolhendo entre dois que apoiam cada família durante a Guerra Civil Genpei, dois que apoiam os Taira, dois que apoiam os Minamoto e dois que apoiam os Fujiwara. A campanha single-player começa bem tranquila, te colocando em meio a clãs amigáveis e que apoiam as mesmas famílias e durante os primeiros turnos é tecnicamente simples fazer alianças, conseguir vassalos, rotas comerciais e expandir seu território... Mas logo que você expande demais, todos os outros clãs (incluindo seus aliados) vão se virar contra você e te atacar, e todas suas rotas de comércio serão perdidas.

Talvez a maior crítica a Rise of the Samurai seja sua IA. Essa "traição em massa" na campanha parece inconcistente. Por qual motivo seus aliados, que apoiam o mesmo pretendente ao trono, decidem, do nada, sabotar todo o progresso que você tem feito por eles e te atacar junto com os inimigos? Só para aumentar a dificuldade do jogo? Não faz o menor sentido dentro da narrativa...

Nas batalhas a IA também demonstra problemas, praticamente qualquer luta é uma guerra de moral, e seus inimigos (e soldados) vão fugir do campo de batalha muito facilmente. Na verdade você vai mais afugentar do que matar soldados em Rise of the Samurai, o que poderia soar crível com tropas recrutadas entre aldeões, mas não com samurais leais a seu Daimyo e seguidores do Bushido (que como o jogo até cita "é escolher a morte sempre que houver uma escolha entre a vida e a morte)... Ver suas tropas veteranas de samurais baterem em retirada simplesmente ao ver que o exército inimigo é maior parece um tanto quanto "errado" para guerreiros que teoricamente deveriam preferir a morte à desonra...

Novos agentes e unidades tornam Rise of the Samurai um jogo completamente diferente.
A mesma crítica que fiz a Shogun 2 continua, há pouca variedade de unidades, e praticamente não há unidades exclusivas de cada clã. A Creative Assembly poderia ter aproveitado a oportunidade para incluir soldados que refletissem as especialidades de cada clã, seu modo de lutar, artes marciais específicas, armamento tradicional... É difícil acreditar que todos os clãs do Japão da era Juei eram exatamente iguais, guerreavam da mesma maneira, usavam as mesmas armas e vestiam seus soldados com as mesmas armaduras...

Se você gostou de Shogun 2, não perca a chance de jogar Rise of the Samurai, vendido como DLC no Steam. É "mais do mesmo", mas com um período histórico completamente novo, unidades novas e clãs mais antigos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário