- Star Wars Battlefront 2 (PC, PS2, Xbox) (***)
Vamos ser francos, quem nunca se imaginou nas épicas batalhas dos filmes da série Star Wars? Quem nunca pensou quando criança, em ser um piloto imperial, um jedi ou mesmo um daqueles stormtroopers que caem aos montes nos seis filmes da série?
A fixação dos Star Wars é tão grande que, no censo de 1999, na Inglaterra, 3% dos britânicos declararam ter como religião a crença dos Cavaleiros Jedi.
Eis que a Lucasarts, uma das mais tradicionais softwarehouses do mundo, resolveu, em conjunto com a Pandemic (Destroy all Humans), lançar uma continuação para seu shooter de Star Wars.
Battlefield Star Wars?
Quem se lembra dos idos anos 90, com certeza se lembra da Lucasarts como uma das melhores e mais originais empresas de games do mundo. Sucessos como The Dig, Full Throttle e a série Dark Forces fizeram a alegria de quem tinha um PC naquela década.
No entanto, o tempo passou e a Lucasarts ficou para trás. Após amargar prejuízos em suas infindáveis sequências de Dark Forces/ Jedi Knight e nos medianos Star Wars Rebellion e Yoda Stories, a empresa passou a, muito descaradamente, copiar games famosos, mudando apenas os skins dos personagens para os personagens de Star Wars.
Quem não se lembra do tosco Star Wars Galactic Battlegrounds? A cópia do programa por trás de Age of Empires II, da Microsoft, era tão descarada que alguns tiros laser dos stormtroopers chegavam a ficar fincados no chão, como acontecia com as flechas e lanças de Age of Empires...
Star Wars Galaxies, MMORPG da Lucasarts feito no vácuo de World of Warcraft, também naufragou, com poucas assinaturas e mundos praticamente vazios.
Eis que a Lucasarts resolveu então, clonar outro sucesso. A vítima da hora foi a série de shooter Battlefield. Star Wars Battlefront é praticamente um "Battlefield Star Wars". E, embora seja muita falta de criatividade da empresa, não é um game ruim.
O grande trunfo de Star Wars Battlefront 2, continuação "Battlefield" do primeiro, é justamente a grande quantidade de modos de jogo disponível.
O game passa por toda a saga Star Wars, principalmente do Episódio III ao Retorno de Jedi. Quatro facções são disponibilizadas para o jogador: os Separatistas e seus dróides, A República e seus clones, O Império e seus Stormtroopers, e os Rebeldes.
No modo single player, é possível jogar uma interessante campanha que conta a saga da guarda pessoal de Darth Vader, antes mesmo de Vader existir. Sabe os clones que lutaram contra os separatistas no final de Star Wars Episódio II? Eles são os astros da campanha, o esquadrão 301, que com o surgimento do Império, se tornaram os mesmos Stormtroopers a invadir o planeta Hott em O Império Contra-Ataca, e a defender Endor em O Retorno de Jedi.
Quem é fã da série vai se deliciar com a campanha. Com cenas dos filmes como cutscenes, ela enfoca muitos pontos até então ocultos da saga, sobretudo o que aconteceu nos bastidores dos eventos mostrados nos filmes. O tal esquadrão 301 foi o responsável por distrair as naves na batalha do início do Star Wars Episódio III para que Anakin e Obi-Wan pudessem resgatar o senador Palpatine, deu apoio tático na invasão do templo Jedi em Coruscant, onde Anakin exterminou todos os Jedi do planeta, destruiu a fábrica de clones da República, encontrou peças para a construção do canhão da Estrela da Morte...
Não à toa, é uma das melhores campanhas single-player já vistas em shooters. A narrativa cativa, a ação é ininterrupta e as batalhas fazem sentido.
Ainda singleplayer, é possível jogar uma campanha customizada, um misto de shooter e estratégia. Escolha uma facção e viage pelos planetas de Star Wars, recrutando soldados e combatendo seu rival. Este modo é divertido e dá liberdade para você escolher onde e quando quer lutar.
As batalhas em si também são interessantes. Embora a maioria dos cenários sejam menores do que os de Battlefield, o objetivo é o mesmo, capturar pontos estratégicos e matar inimigos até que eles fiquem sem reforços. Após muitas mortes você tem a oportunidade de jogar com personagens dos filmes. Chewbacca, Bobba Fett, Darth Vader, Luke Skywalker, Han Solo... dependendo do planeta é possível jogar com eles, ligeiramente mais poderosos que os outros soldados, mas bem divertidos para os fãs.
Assim como em Battlefield, você pode entrar em qualquer veículo. Com destaque para os imensos andadores AT-AT do império e para as motinhas de O Retorno de Jedi.
O Lado Negro da Força
Infelizmente, Star Wars Battlefront 2 tem seu "lado negro". Principalmente no que diz respeito à inteligência artificial do jogo. Ou melhor, à falta dela.
Talvez para tornar mais desafiadoras as batalhas, a Lucasarts e a Pandemic optaram por diminuir drasticamente a inteligência artificial de seus aliados. Na maioria das fases tem-se a impressão de que se está jogando sozinho, pois os demais soldados aliados ficam simplesmente andando em círculos ou parados em algum lugar, se escondendo de medo.
O pior é que os soldados inimigos também não tem uma IA avançada. Pelo contrário, eles são apenas programados para matar o jogador, só isso. Frequentemente eles ignoram centenas de inimigos do lado deles para atirar em você.
Se o Battlefield original tinha um grande menu de ordens para se dar à IA, coisas como tomar uma base específica, defender um lugar, dar suporte e entrar em veículos específicos, Battlefront 2 se resume a duas ordens simples, dadas quando você está dentro de um veículo: "entrar" ou "sair", dada para os soldados próximos. Isso prejudica muito um game onde deveriam acontecer batalhas massivas.
Na campanha single player há fases quase injogáveis. Um exemplo é a onde você invade o templo Jedi junto com Anakin. Em certa parte você tem que defender uma biblioteca que os Jedi querem destruir, mas seus soldados não cooperam, preferem ficar no saguão principal do templo, enquanto cabe a você, sozinho, proteger dezenas de estantes de livros de uma turba de Jedis enlouquecidos, capazes de te matar com uma só espadada.
Outro problema é o número de reforços. Assim como em Battlefield, você tem um número limitado de soldados em campo. A cada soldado morto, o número diminui, até que você não possa mais dar "respawn" quando morre. No entanto, diferente de Battlefield, em Battlefront 2 os soldados são praticamente suicidas. Eles enfrentam sem medo metralhadoras fixas, veículos muito maiores que eles e andam em círculos, sem rumo, pela fase, frequentemente dando as costas para os inimigos. Por mais que você sobreviva e mate inimigos, logo estará sozinho na batalha, sem mais aliados ou "respawns" disponíveis.
Problemático também é o combate espacial. Alardeado como o grande diferencial de Star Wars Battlefront, esses cenários ocorreriam no espaço, onde você deve destruir a nave-mãe dos inimigos. Cada nave-mãe tem pontos importantes que devem ser explodidos para tirá-la de jogo, como ponte de comando, suporte de vida, antena de comunicação e etc, sendo que alguns ficam dentro da nave, e tem que ser destruídos à pé, pousando no hangar e lutando pessoalmente.
Isso em teoria. Na prática não adianta nada explodir estes pontos que a nave inimiga NÃO sai de jogo. E seus aliados normalmente ficam voando sem rumo e sendo abatidos sem dó pelos inimigos, sem te ajudar nem um pouco.
O patch, liberado pela Lucasarts, que deveria resolver estes problemas, na verdade só os faz piorar. Por incrível que pareça o tal patch só deixa as unidades mais burras ainda. Com ele instalado é até engraçado ver rebeldes e stormtroopers andando uns de costas para os outros, em círculos, sem se engajarem em batalha.
Em resumo, Star Wars Battlefront 2 é um game para ser jogado em modo Multiplayer, ou para você encarnar o Rambo e dizimar um exército inteiro sozinho. Se você é fã de Star Wars e Battlefield, aproveite o relançamento de Star Wars Battlefront (por volta de 20 a 30 reais). Se não joga em modo multiplayer e está procurando diversão de qualidade, melhor economizar para comprar um legítimo Battlefield...