8 de julho de 2010

Red Faction Guerrilla (***)

Red Faction Guerrilla (PC, Xbox360, PS3) (***)

A primeira vez que ouvi falar de Red Faction foi em uma época muito distante, onde os games eram muito limitados em questão de cenário. O jogo vinha com a promessa de ter cenários 100% destrutíveis. Você poderia pegar uma metralhadora e colocar uma parede abaixo na base da bala, por exemplo.

Hoje muitos jogos como Battlefield Bad Company contam com uma ampla possibilidade de destruição de cenários. Mas a série Red Faction ainda é líder nesta tecnologia.


Guerrilha!

Em Red Faction Guerrilla, o planeta Marte foi quase totalmente modificado pelo processo de Terraformação. O ar é respirável, e em muitas partes há plantas crescendo e belas mansões. Apesar da boa imagem passada para os terráqueos, Marte ainda é um local brutal e desumano. A Earth Defense Force (EDF, Força de Defesa da Terra), que deveria funcionar como uma polícia em Marte, acabou se tornando uma força de ocupação com ares totalitários. Os agentes da EDF saem pelas ruas atirando em quem quiserem, sequestram operários e mineradores para submetê-los a interrogatórios violentos e saqueiam os pobres e desabrigados. Nos locais mais ermos, humanos conhecidos como Marauders regrediram a um estado de selvageria, andando por aí com armaduras cheias de espinhos e crânios e matando pessoas por diversão.

Para se defender destes perigos, muitos mineradores e operários se juntaram à Red Faction, grupo terrorista com ares comunistas que luta pela idependência de Marte.

É neste cenário que o jogador, na pele de Alec Mason, aterrisa. Ao viajar para Marte a fim de trabalhar como engenheiro de minas, Alec acaba emboscado pela EDF, que o acusa de ser membro da Red Faction e ainda assassinam seu irmão na sua frente. Sem escolhas, Alec acaba se ligando mesmo aos terroristas, e as próximas horas de jogo são dedicadas a exterminar soldados e bases da EDF, assim como a descobrir alguns segredos sobre os Marauders e o mundo à sua volta.

Em relação aos gráficos e ao som, Red Faction Guerrilla é competente. Nada de tirar o fôlego, como em Call of Duty Modern Warfare 2, mas também nada "feio" como em Mount & Blade Warband. De negativo temos um estranho efeito, quando se movimenta o personagem na lateral, ou se gira o campo de visão dele, um desfoque desnecessário deixa o jogo um pouco confuso, embaralha os gráficos e torna difícil saber onde realmente se está, além de dar um pouco de vertigem. As animações são bem feitas, as texturas poderiam ser melhores, mas não fazem feio, e os objetos respondem bem à física do jogo. Aparentemente Marte teria uma gravidade bem menor do que a Terra (não sei se isso é verdade na vida real...). Lá, Alec Mason pode cair de grandes alturas sem se machucar tanto, saltar muito mais longe, arremessar objetos aparentemente pesados a enormes distâncias...

A jogabilidade também é interessante. Você pode "roubar" qualquer veículo que encontrar, e alguns, como os tanques de guerra e os robôs de construção (estilo aquele do Alien) são bem divertidos de se pilotar. Explosões e demolições são a alma do jogo. A maior parte do tempo você estará usando explosivos ou robôs para pôr abaixo todo tipo de construção, de torres de defesa a pedágios e de quartéis a torres de comunicação.

De fato, Red Faction Guerrilla é um jogo divertido, sobretudo para quem gosta de destruição em grande escala. O problema é que ele é muito pouco cativante.

Praticamente tudo o que vemos aqui já tinhamos visto em outros locais. Muita coisa dos Marauders parecem saídas de filmes como Mad Max, e de outros games como Fallout. A EDF é aquela "força militar futurista padrão" que aparece em centenas de games, e mesmo os robôs tem pouca personalidade.

Algumas escolhas dos desenvolvedores são, no mínimo, estranhas. Embora você tenha um enorme arsenal de lançadores de mísseis, explosivos, escopetas, rifles e metralhadoras, sua melhor arma é um simples e nada tecnológico... martelo. Sim, uma grande marreta de construção, que não parece ter nenhuma modificação tecnológica, é capaz de matar QUALQUER COISA no jogo, e de derrubar quase qualquer construção (a única coisa que não consegui derrubar com a marreta foi uma ponte...). Tá, é legal usar a marreta, sobretudo quando há algum inimigo atrás de um muro e você derruba ele e o muro em um golpe só... mas então por qual motivo inventaram metralhadoras e armas futuristas neste game? Porque todos os soldados não usam marretas? Caramba! Elas são mais fortes que escopetas e boa parte dos explosivos à sua disposição!

Outra coisa sem graça é o próprio protagonista. Mason é um herói à moda antiga, fala pouco, é usado como cobaia por praticamente todo mundo no game, recebe as missões mais estúpidas sem reclamar, tem agilidade, força e saúde sobre-humanas e uma regeneração de fazer inveja ao Wolverine. Não importa se você tomou vinte balas de fuzil, dois tiros de escopeta na cara e ainda caiu um prédio em cima da sua cabeça, basta ficar uns dois segundos parado atrás de um muro e pronto, já está novo em folha. Seria legal para um super-herói, um mutante ou ciborgue... mas para um engenheiro de minas? Não tem lá muito a ver...

A moda do coitado do Mason também é estranha. Ao ver o jogo de relance, meu irmão disse "Uai, que jogo engraçado! Você é um lixeiro?!". Sim, Alec Mason se veste como um lixeiro, até as listrinhas refletoras na roupa ele tem. Não seria muito ruim, se todos os outros personagens não tivessem roupas mais legais e armaduras mais "cool" do que você. Depois de um tempo você vai achar que é o único "freak" vestido daquela maneira em Marte...

As missões também acabam sendo repetitivas. Quase sempre você estará colocando alguma construção abaixo, matando alguém ou resgatando alguma pessoa. E praticamente nenhum personagem no jogo é minimamente interessante. São todos muito tradicionais, como o general maligno e incompetente, a inventora cheia de segredos, o líder confiante e esperançoso, o cowboy revoltado com sotaque texano... Não chegam nem perto dos personagens de um Mass Effect, por exemplo.

Outra coisa curiosa é que o jogo (através do líder da Red Faction e de um "manualzinho" de guerrilha) informa que "fazer ataques frontais à EDF é morte certa", e conclama o jogador a optar por táticas de guerrilha, emboscadas, sabotagens e infiltrações. Porém, em quase 100% das missões, você ESTARÁ fazendo ataques frontais à EDF, e eles caem como moscas, principalmente se você sair distribuindo marretadas neles. É... nada de guerrilhas por aqui...

No mais, Red Faction Guerrilla é um game de ação desmiolada, como aqueles filmes do Rambo e do Schuaizneageer dos anos 80, cheio de explosões, violência gratuita, um protagonista quase imortal, robôs gigantes arremessando carros longe. É extremamente divertido, mas não cativa nem prende o jogador. É um game sobre um cara vestido de lixeiro demolindo prédios e dando marretadas, não sobre uma guerrilha buscando a liberdade de um planeta.

2 comentários:

  1. Anônimo4:39 PM

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