6 de julho de 2011

Duke Nukem Forever (PC, Xbox360, PS3) (*)

Duke Nukem Forever (PC, Xbox360, PS3) (*)

Quando se fala em Duke Nukem, do que você lembra? Provavelmente do excelente shooter de 1996, Duke Nukem 3D, que chocou todo mundo na época, misturando um protagonista valentão e violento, mulheres seminuas, mutilação absurda e muito tiroteio. Mas, fora este jogo, nenhum dos outros 22 jogos deste personagem fez sucesso. Com o anúncio do tão esperado Duke Nukem Forever e a volta de Duke para os shooters, muitos torceram para que o bom ano de 1996 estivesse de volta. É, não foi dessa vez...

Resumindo tudo em uma única linha, Duke Nukem Forever é um game em que as partes que deveriam ser chatas são muito boas, e as partes que deveriam ser boas são muito chatas. O jogo começa tirando onda com o tempo que demorou para ser lançado, praticamente 15 anos, e logo vemos que o bom e velho Duke de 1996 está de volta, soltando palavrões, tirando a água do joelho na privada e podendo pegar dejetos de dentro do vaso sanitário e jogar nas paredes. Muita coisa pode ser usada no cenário, incluindo equipamento de ginástica, quadros negros, e até autografar um livro, te dando a liberdade de desenhar qualquer coisa no papel... Mulheres bonitas por todos os lados e piadas sendo jogadas a torto e a direito, incluindo um garotinho acompanhado da mãe boazuda com uma camiseta escrito "Got Milf?". (Sátira com a campanha publicitária de leite nos EUA, com o slogan "Got Milk", mas substituindo "milk" (leite) por "milf" (Mothers I Like to Fuck - Mães com quem eu gostaria de transar))

Estas partes de exploração, que juntam piadas sujas com mulheres boazudas e mostram o quão metido e machão é o protagonista são a melhor parte do game. São divertidas, dão liberdade e são muito engraçadas. Desenhar algo ofensivo no livro que o molequinho pede pra você autografar é um nível de liberdade nunca oferecido antes por outro game.

Mas infelizmente, Duke Nukem Forever é um shooter, não um adventure ou um RPG em primeira pessoa, e são justamente as partes da ação que mais sofreram nesses 15 anos de espera. Se a Bethesda transformou o então atrasado Fallout 3 (outro jogo que ficou no limbo por vários anos) em um excelente shooter/RPG, a Gearbox conseguiu fazer este game virar uma mistura chata de shooter antigo e jogo de corrida tedioso, com controles porcos e gráficos ruins. É impressionante o quanto Duke Nukem conseguiu dar errado de uma vez só.

Para começar, Duke não tem uma barra de vida, mas sim uma barra de "ego". Para aumentar o ego, basta interagir com objetos novos. Se olhar no espelho ou fazer ginástica te torna mais resistente aos tiros dos inimigos. Embora seja uma abordagem interessante pra um RPG, para quem estava querendo só enfiar bala em mutantes alienígenas é bem chato ficar caçando objetos pelo cenário para interagir enquanto inimigos te enchem de bala. Se o ego de Duke cair, basta esconder um pouco, no estilo Call of Duty. O problema é que as fases são extremamente lineares, e há pouquíssimos lugares para se esconder...

Ao contrário do antigo Duke Nukem 3D, aqui você só pode carregar duas armas. Faz sentido em um Call of Duty onde você leva uma arma pesada (escopeta, metralhadora, fuzil...) e uma arma leve (submetralhadora, pistola...), mas não quando você pode carregar duas bazucas diferentes ao mesmo tempo e não pode trocá-las por três pistolas diferentes...

Outro problema é a falta de efeito dos armamentos. Atirar na cabeça ou nas pernas dos inimigos tem o mesmo efeito, e armas como a escopeta ou as bazucas não tem tanto efeito na mira ou na movimentação como era esperado. No decorrer do game fica a impressão de que todas as armas causam o mesmo dano e tem o mesmo poder de fogo. Até as armas de fogo de Mount & Blade Fire and Sword são mais realistas (e estamos falando de um game indie feito praticamente no fundo do quintal de dois turcos com conhecimento mínimo de game design, não de uma game a uma década e meia em produção!). Ou melhor, quase todas, troféus e pesos de musculação arremessados nos inimigos causam morte instantânea, enquanto uma escopeta precisa de cinco a dez tiros para matar o mesmo inimigo... No mundo de Duke Nukem Forever os exércitos provavelmente usam troféus como armas, e pistolas são usadas por crianças em casa...

Mas o pior mesmo são as longas (e monótonas) sequências onde você dirige um Monster Truck (ora de brinquedo, ora de verdade). Os controles são muito ruins, os carros derrapam muito, a física não segue o esperado (parece que o carro está flutuando em gravidade zero) e não há muito o que fazer além de andar para a frente durante horas e esperar que aquilo acabe rápido.

Os gráficos são bem abaixo do esperado. As texturas são ruins, a iluminação é apenas suficiente e os modelos são feios (as namoradas de Duke parecem um tanto "quadradonas"). As texturas são ligeiramente inferiores às de Doom 3 (um jogo de 2004!), e tudo o que é visto de longe parece tosco, mal acabado e "achatado". O som também é ruim, e as dublagens soam como se fossem tocadas por um walkman dos anos 80 em formato mono, principalmente a voz de Duke, que tem a mesma qualidade da que usaram no game de 1996.

O jogo é tão ruim, mas tão ruim, que no final o próprio Duke (e/ou o designer) parece ter perdido a paciência e começa a reclamar do game (a tradução seria mais ou menos "Mas que m*rda de final é esse?!"). Duke Nukem Forever é um FPS medíocre, que teria dado um bom game se estivesse nas mãos da Bethesda ou da Visceral Games, mas a Gearbox não conseguiu levar adiante um projeto tão atrasado e mal feito. É uma pena, mas não devemos apostar sempre no Duke...

Nenhum comentário:

Postar um comentário