Jogos que abordam guerras atuais viraram febre nos últimos anos. Séries como Call of Duty, Battlefield e Medal of Honor deixaram para trás o cenário de 2ª Guerra Mundial para se concentrar nos conflitos atuais. Entre todos eles, pouca coisa diferencia um do outro, alguém passando por perto e olhando casualmente dificilmente conseguiria diferenciar um destes games do outro.
Eis que a 2K Games resolveu se envolver numa missão quase impossível. Ressuscitar a finada série Spec Ops e se destacar em um mercado tomado por jogos de ação situados em guerras modernas. E eles conseguiram cumprir a missão com todas as honras.
Para começar, Spec Ops The Line abandonou aqueles cenários conhecidos de Nova York, Washington e montanhas do Afeganistão que andam populando os games atualmente, e optou por criar sua narrativa em Dubai, um dos lugares mais ricos do planeta.
Na narrativa do game, os Emirados Árabes Unidos foram assolados pela maior tempestade de areia da história, um paredão de areia simplesmente varreu os emirados e ficou rodando em volta deles como um furacão. Em Dubai, o 33º esquadrão americano (conhecido como Malditos), recém removidos da guerra do Afeganistão, tentou organizar uma caravana de refugiados para cruzar a tempestade e subitamente perdeu contato com o mundo exterior. O exército americano então envia o Capitão Martin Walker e um pequeno time de reconhecimento para encontrar o 33º esquadrão e seu coronel, Konrad.
Shooting like a boss! |
Longe se ser um jogo heróico no estilo Call of Duty, Spec Ops The Line é cru, tenso e muito dramático, mostrando sem pudores os horrores da guerra. rotineiramente o jogador é confrontado com situações que provam o quanto é difícil se manter ético no caos de um conflito. Você iria preferir salvar o agente da CIA com informações sobre como chegar a Konrad ou alguns civis desconhecidos que estão para serem executados? Você usaria morteiros de fósforo branco, proibidos pela ONU e considerados crime de guerra, para enfrentar um exército de inimigos rapidamente ou iria preferir correr riscos peitando tanques de guerra a centenas de soldados de uma só vez? O que você faria ao ver civis (incluindo mulheres e crianças) comemorando o enforcamento de um companheiro seu e te ameaçando com paus e pedras?
O jogo conduz a narrativa de forma tão bem estruturada que não há respostas claras para estas questões. O jogador pode ficar impressionado com suas próprias ações, tomadas no calor da batalha. E elas é que vão influenciar no final, se o protagonista vai ou não deslizar rapidamente para a insanidade...
Nunca antes um game tratou a guerra com tanto realismo e de forma tão adulta. |
Além da excelente narrativa e da caracterização dos personagens, Spec Ops também acerta nos gráficos, com belas paisagens, modelos bem feitos e animações realistas. Há muito cuidado com detalhes, os locais são bem modelados e se enquadram bem no clima luxuoso de Dubai. Grafites nas paredes, muros cobertos de fotos de desaparecidos e areia para todo lado fazem você entrar no clima da narrativa, e conforme você progride no jogo as coisas ficam cada vez mais sombrias.
As texturas são boas, e é divertido ver como seu personagem e os aliados dele vão ficando mais e mais feridos ao decorrer do jogo, acumulando arranhões, olhos roxos e roupas rasgadas. Muitas vezes, sobretudo nas cutscenes, as texturas demoram a carregar, mas em geral, durante o jogo, tudo funciona normal. O som também é de primeira, com uma trilha sonora excelente, ótimas dublagens e efeitos convincentes.
War is Hell |
Outro probleminha da jogabilidade é a linearidade extrema do jogo. O game inteiro é praticamente um túnel do começo ao fim, com algumas áreas maiores, outras menores, mas sem possibilidade de se mover para outro ambiente, flanquear os inimigos ou liberdade para explorar Dubai. Para remediar isso há coisas escondidas ao longo dos cenários, que quando recuperadas rodam algumas memórias do protagonista ou gravações de entrevistas com Konrad e cartas de personagens, mas em geral as únicas portas que abrem ou passagens acessíveis são aquelas que levam adiante na narrativa.
Fósforo branco. Banido pela ONU e considerado crime de guerra. Dá até dó das vítimas desse troço... |
No geral, Spec Ops The Line é um dos melhores games de ação de 2012. Bem feito, sério, adulto, violento e tecnicamente excelente, merece ser comprado e guardado com carinho do lado de seus DVDs do filme Apocalypse Now. Poucas vezes você vai ter a oportunidade de jogar um game tão bem trabalhado.
Me convenceu a comprar. Obrigado pela resenha!
ResponderExcluirComo faço o comando para arremessar granada???
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