25 de janeiro de 2013

Grand Ages Rome (PC) (***)


A Kalypso pode até não ser a distribuidora mais conhecida ou bem sucedida de games que temos por aí, mas ela preenche um espaço bem interessante no mercado. Enquanto as gigantes como a EA, Ubisoft e Blizzard passam anos desenvolvendo jogos caros e franquias famosas, a Kalypso joga vários games menos conhecidos, de estúdios mais humildes, no mercado todos os anos. Mais ou menos como aqueles filmes "direto para DVD" que existem nas locadoras.

Sensivelmente mais baratos, menos rebuscados e muitas vezes surpreendentemente bons, os games da Kalypso são sempre bem vindos para manter os jogadores se divertindo enquanto as distribuidoras mais famosas não apresentam seus títulos "blockbusters".

E enquanto a Creative Assembly, da Sega, não termina seu Rome II Total War, uma boa alternativa para os fanáticos por games de estratégia no Império Romano é Grand Ages Rome, sucessor de Imperium Romanum de 2008.

Mal consegue esperar por Rome II Total War? Dá pra quebrar o galho com Grand Ages Rome...

Grand Ages Rome é um daqueles games de administração e criação de cidades, nos moldes das séries Caesar, The Settlers, Sim City e Tropico, e assim como a série Caesar, se passa na Roma antiga, durante os eventos que derrubaram o ditador Lucius Cornelius Sulla e antes que o triunvirato de Júlio César, Crasso e Pompeu tomasse o poder.

Ao contrário de outros games do mesmo estilo, que simplesmente te "soltam" em um local qualquer para construir sua cidade, a campanha de Grand Ages Rome mistura elementos de RPG e RTS. Você cria um personagem, pode evoluí-lo, ganhando diversos bônus nas construções e batalhas, comprar locais específicos do mapa (bônus em recursos naturais) e também é chamado a tomar decisões que afetam as missões disponíveis para você.

Além de construir e garantir que sua cidade funcione perfeitamente, você também deve cuidar da segurança dos cidadãos, recrutando exércitos e lutando batalhas em tempo real. Seus exércitos são bastante grandes, mais ou menos ao estilo Total War, com vários soldados por unidade, e mesmo tendo poucas unidades, as batalhas ficam bastante épicas de se ver. Há uma boa variedade de soldados, incluindo os tradicionais hastati romanos, cavaleiros, gladiadores, armas de cerco e muitas tropas de auxilia, mercenários não-romanos que lutam por você também. Cada unidade tem uma habilidade especial que pode ser ativada a qualquer hora no combate e dá abertura a várias estratégias diferentes.

Belas cidades e muitas construções fazem a festa de quem gosta de jogos deste tipo.

Embora os combates sejam divertidos e bastante táticos, a maior parte de Grand Ages Rome é dedicada à construção, administração e manutenção de cidades, e nisso o game relembra muito os clássicos dos anos 90, sobretudo na sua curva de dificuldade bem acentuada.

Ao começar qualquer cidade, tudo parece bem claro e objetivo. Casas populares (Ínsulas) atraem plebeus, que trabalham nos serviços mais "ralé", obtendo matéria prima, mineirando, produzindo carne e vegetais em fazendas e fabricando tijolos. Açougues, mercados e padarias, associadas a fazendas, mantém a plebe alimentada e contente, assim como fontes evitam que eles bebam água contaminada e fiquem doentes e prefeituras fazem prevenção a incêndios. Arenas, teatros e termas mantém o povo feliz e evita revoltas.

Mas conforme você constrói sua cidade, outros tipos de população se tornam necessários (equites, patrícios...) e outras demandas vão surgindo (templos, fóruns, escolas, manufaturas...) e fica cada vez mais difícil arrumar lugares para construir tudo isso e manter sua cidade funcionando. Não raro a plebe se revolta e põe fogo na cidade toda, ou um terremoto joga suas construções no chão...

Grand Ages Rome também adiciona duas novas mecânicas que tornam ainda mais desafiador construir suas cidades. Uma delas é a questão de popularidade, construir em alguns locais específicos te dá popularidade, assim como certas construções, e se sua popularidade cair muito, a população se revolta e incinera sua metrópole inteira. Casas de plebeus, por exemplo, dão popularidade se forem construídas encostadas umas nas outras, enquanto as casas de equites te tornam popular se forem feitas ao lado de mansões dos patrícios, que precisam de solo coberto por paralelepípedos na porta de casa para apoiar seu governo... Tentar suprir as demandas da população e construir de maneira a obter os bônus de popularidade é bastante desafiador, ainda mais depois que sua cidade cresceu demais ou quando você está com a popularidade baixa.

Perder construções (seja por demolição, fogo, terremoto...) abaixa sua popularidade, e logo que a população fica descontente, começam a por abaixo sua cidade e fazer com que sua popularidade caia ainda mais, deixando mais gente descontente, em uma espiral da qual dificilmente você conseguirá sair...

Uma cidade feliz e produtiva exige muita perícia e cuidado na hora de colocar cada construção na tela...

Outra mecânica interessante é a de "Estados" da cidade. Quando alguma coisa acontece, a cidade pode entrar em um ou mais "estados", dando bônus ou penalidades para você. Por exemplo, se você construir muitas casas em sequência, a cidade entra em estado de "Frenesi de Construção", permitindo construir mais rápido que o normal. Ou quando se tem muitos templos para uma só divindade, sua cidade entra em estado de "benção" daquele deus, aumentando os ganhos monetários e as contribuições dos templos e dando mais dinheiro para você gastar em novas construções. Poucos prédios de entretenimento como arenas e teatros também podem te levar para estados de "Baixo Entretenimento" ou pior, "Revoltas", que fazem os cidadãos sairem com tochas nas mãos e colocarem fogo na cidade inteira enquanto você não resolver o "problema".

Graficamente Grand Ages Rome é bastante bom, com belos mapas, construções detalhadas, civis e unidades militares bem animadas e modeladas. Uma rápida olhada pela cidade e pode-se ver as pessoas indo às compras, visitando templos, trabalhando e assistindo combates de gladiadores, tudo muito detalhado e bem animado. Durante a noite (há ciclos de dia e noite no jogo, assim como chuva e raios) as casas ficam iluminadas com luzes trêmulas, semelhantes a tochas e velas, dando um belo clima ao jogo.

No entanto a arte de Grand Ages Rome é horrenda. Menus são toscos e parecem feitos no Flash sem o mínimo cuidado com a estética, e as pinturas e desenhos que se vê por detrás dos menus iniciais e entre as fases são sofríveis. Os ícones também são feios e excessivamente grandes.

A dublagem e as músicas são regulares, não se destacando muito. A campanha é interessante e bem feita, tanto do ponto de vista histórico quanto da jogabilidade. Porém, Grand Ages Rome não deixa de demonstrar ser um game barato, com pouco investimento na produção. A IA é fraca e previsível, muitos eventos são mais frequentes do que deveriam (principalmente fogo, que te obriga a construir dezenas de prefeituras, uma ao lado da outra, pois elas pegam fogo quase que uma vez a cada dez minutos em alguns cenários) e a jogabilidade como um todo é muito próxima de outros jogos similares, o que torna esse um game bastante "genérico".

No geral Grand Ages Rome vale seu preço, é divertido e satisfaz os fãs de simuladores de cidades (que ganham no máximo um ou dois games assim por ano...), ainda que seja bastante genérico.

2 comentários:

  1. Angelo Jr6:59 PM

    very interesting!!! vou arranjar logo, pois esse tipo de jogo trata exatamente da minha área de estudo (arquitetura e urbanismo)

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  2. a ultima imagem da avaliação é muito engraçada, desbalanceado kkkkk

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