Confesso que quando vi a capa em lojas de games, ela não me chamou atenção. Mass Effect me pareceu mais um daqueles jogos de ficção espacial, cheios de clichês óbvios e jogabilidade mediana, estilo Chrome.
Veja só, temos um herói espacial estilo "fodão", com armadura e tal. Um alienígena posando de "mano do gueto", a tradicional gostosa de armadura colante, um planeta ao fundo, navezinhas e olhos alienígenas ameaçadores. É mais ou menos o cartaz do primeiro Star Wars, nos anos 1970... E naquela época era novidade...
Mas, como diz o ditado, não se deve julgar um livro pela capa. Muito menos um jogo.
Eis que Mass Effect é uma grata surpresa para quem achou, como eu, que se tratava de mais um caça-níqueis espacial.
Efeito de Massa
Ao iniciar o game, é dada a você a possibilidade de jogar com o personagem padrão do game, o Comandante Sheppard, ou criar seu próprio membro da família Sheppard, escolhendo gênero (masculino ou feminino), primeiro nome e construindo o rosto dele como você quiser. O sobrenome será sempre Sheppard, principalmente por causa das falas e cutscenes do game, onde todos se referem a seu personagem como "Sheppard".
O enredo é envolvente, e foge dos típicos clichês de ficção espacial. Há uma grande quantidade de raças alienígenas, cada uma com suas próprias políticas, intrigas e ideais. O jogo tenta fugir dos esteriótipos de "alienígena espiritualizado" (alguém disse Protoss? Tau? Eldar?) e "alienígenas bestiais" (Zergs? Tyranids? Aliens?). Embora alguns sejam mais animalescos e outros mais sábios, todos tem personalidades muito distintas.
Toda a história de Mass Effect gira em torno de um conselho galático formado pelas raças mais "importantes" da galáxia. Este conselho habita uma estação espacial chamada Cidadela (Citadel), e tem como braço direito uma rede de agentes chamados de Spectres. Estes Spectres tem liberdade total para resolver qualquer problema em nome do conselho ou da Cidadela, meio como um agente 007.
É então que o problema começa, quando um Spectre resolve se rebelar e destruir uma colônia humana. Você acaba tendo que não só deter o maluco como também vencer o preconceito que os alienígenas tem para com os humanos, considerados patéticos, idiotas e dispensáveis.
Os gráficos são acima da média, com excelentes efeitos de iluminação. Os efeitos de sombra não são tão bons, e algumas vezes as sombras aparecerão "listradas". O som é apenas mediano, e alguns efeitos sonoros (como o barulho do Mako, o tanque de guerra que você irá usar na maior parte das missões) são irritantes. O que realmente se destaca no game são os diálogos. Ao começar a falar com algum personagem, a tela muda e fica parecendo uma daquelas séries de ficção espacial, tipo Battlestar Galactica ou Firefly. As falas são todas dubladas, e as vozes são excelentes, assim como a sincronia labial, os tons e, principalmente as opções de fala.
Em Mass Effect você pode ser tão simpático ou escroto como quiser. Há sempre opções para mentir, xingar, intimidar, seduzir ou ofender seus interlocutores, assim como também há opções mais diplomáticas. Um medidor mostra o quanto você é um exemplo a ser seguido (Paragorn) e o quanto você é desprezivelmente mal educado (renegade), e se você completar o medidor de uma dessas opções, terá a oportunidade de ver um final alternativo.
O universo de Mass Effect é bastante rico, e uma enciclopédia no game te fala sobre as raças, planetas e política galática. Além das missões principais, você pode vagar pela galáxia resolvendo missões menores, pegando artefatos perdidos e explorando planetas e sistemas estrelares, incluindo nosso sistema solar e o planeta terra. Estas missões secundárias não são tão cativantes quanto a principal, e muitas parecem bastante mal feitas, do tipo "leve alguma coisa até algum local" ou "atire em tudo o que se mova".
Mass Effect é um excelente game de ficção espacial, e muitas vezes parece mais um filme ou série de TV do que realmente um game. Seus personagens são cativantes a ponto de você acabar baixando um ou mais papéis de parede de seus favoritos. Os diálogos são excelentes e a história prende você até o fim. Infelizmente a liberdade de ação do game tem um preço, e a missão principal é excessivamente curta (são só seis fases!). Vale a pena, mas merecia ser um pouco maiorzinho...
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