21 de março de 2011

Dragon Age 2 (PC, Xbox 360, PS3) (***)

Dragon Age 2 (PC, Xbox 360, PS3) (***)

Existem RPGs e existem RPGs da Bioware. A softwarehouse é simplesmente épica no que diz respeito a este tipo de jogo. Recentemente, duas franquias próprias da Bioware tem se destacado e crescido paralelamente. O futurista Mass Effect e o medieval Dragon Age.

Dragon Age Origins foi muito bom, principalmente por lidar de forma madura com as missões e o enredo, sem apelar para o tradicional "bem versus mal". Agora chega a esperada continuação, Dragon Age 2.

Se você estava ansioso para importar seu Grey Warden de Origins, esqueça, aqui não é Mass Effect, tudo o que você fez no primeiro game pode ser importado, mas não terá nem de longe o mesmo peso que o primeiro Mass Effect teve em Mass Effect 2. Aqui você irá jogar com um sujeito chamado Hawke, que pode ser uma mulher ou homem humano, guerreiro, mago ou ladino. Hawke fugiu da invasão no primeiro Dragon Age, levando a tira-colo a mãe e os irmãos e mais dois outros sobreviventes até chegar em Kirkwall, uma cidade portuária que antes era um grande mercado de escravos.

Os gráficos e as texturas, assim como as expressões dos personagens estão muito melhores em relação à Origins. Alguns personagens lembram atores, com destaque para a templária que lembra a Milla Iovovich (logo nas primeiras cutscenes). Os efeitos sonoros também são agradáveis, e a jogabilidade sofreu algumas mudanças desnecessárias, que nem pioraram nem melhoraram o game.

No entanto, o enredo, em si, é o grande calcanhar de Aquiles de Dragon Age 2. Se em Origins tínhamos todo um longo prólogo onde você "jogava" no passado do seu personagem, e suas escolhas definiam o futuro dele e influenciavam na narrativa, aqui não tem isso. Você já começa fugindo dos Darkspawn, sem saber quem diabos são as pessoas correndo ao seu lado.

Isso nem seria problema em se tratando de outro jogo, mas é certamente um retrocesso em relação ao primeiro Dragon Age.

As missões e todo o design delas também pesa contra. Praticamente não há nada que te "empurre" para a frente. No primeiro game havia todo o enredo da invasão dos Darkspawn, dos Grey Warden, de ter que ir por todo o continente procurando aliados contra os monstros, além, é claro, da história pessoal de cada personagem (a dos guerreiros humanos era uma das mais épicas). Em Dragon Age 2 há "vislumbres" de um enredo, com os Qunari, humanóides fortões e com chifres, criando problemas na cidade, ou os atritos entre magos e templários, mas nada que realmente "move" seu personagem para a frente. A impressão que dá é que se Hawke sentar e ficar coçando a cabeça, tudo se resolve por si só.

Há algumas missões com tendência a bugs. E o pior, são justamente as missões principais. Em uma delas, eu devia matar um traficante de escravos e descobrir a pista no corpo dele que me levaria ao rapaz que eu estava procurando. Matei o sujeito, revistei o corpo e nada de pista. Em lugar nenhum. O mapa continuou mostrando que lá estava o que eu precisava para avançar na missão, mas não havia nada no cenário.

Uma rápida busca em fóruns na internet e é fácil encontrar várias reclamações e dúvidas sobre bugs como estes. Ao reiniciar o jogo com outro "Hawke", consegui matar o mesmo traficante e pegar a pista normalmente... ou seja, alguma coisa no jogo anterior criou conflito na programação e me deixou sem pistas... e sem ter como prosseguir na missão.

Outra vez que tive de recomeçar o game do zero foi quando recebi uma missão, logo no início do jogo, para juntar 50 moedas de ouro e patrocinar a expedição de uns anões. Todas as outras missões em Kirkwall seriam meios de conseguir o dinheiro. Por ficar entretido com as outras missões, personagens e etc, acabei esquecendo de juntar as 50 moedas, e então, quando acabei todas as missões disponíveis, descobri que mesmo se eu vendesse todo o equipamento de todos os meus aliados (e do meu personagem também), não teria as malditas 50 moedas! Como não há local onde você possa ir enfrentar monstros aleatórios ou algo assim, simplesmente não tive escolha a não ser deixar de lado meu personagem (e todas as inúmeras sidequests completas, itens, combos, relacionamentos com os NPCs, romances...) e iniciar do zero com um novo.

O grande chamariz de Dragon Age continua sendo a interatividade com os personagens e os diálogos. Você pode bater longos papos com seus aliados, namorar um deles e ficar amigo ou rival deles tomando atitudes com as quais eles concordam. Diferente do primeiro Dragon Age, onde seu personagem não tinha voz nem vez, Dragon Age 2 está mais próximo de Mass Effect, onde você escolhe "no geral" que tipo de conversa quer ter e as cutscenes mostram seu personagem falando. Apesar de muito bem dublado, e das excelentes expressões faciais, os vários ícones que aparecem em cada opção de fala não dão muita dica do que é o que. Volta e meia você pode cometer uma grosseria indesejada ou até passar uma cantada sem querer, se guiando pelos símbolos meio "nada a ver" das opções de diálogo.

Em relação ao primeiro Dragon Age, há poucos NPCs realmente interessantes. Lembra da língua afiada de Morrigan? Das músicas de Lelianna? Aqui você fica meio restrito a estereótipos (pirata baderneiro, elfa lolitinha, maga peituda, elfo boiola...), com raras exceções, mas nenhum personagem realmente marcante.

Dragon Age 2 é bom, mas poderia ser bem melhor.


Um comentário:

  1. Anônimo4:40 PM

    Boa noite galera .

    Cara acho que fiz a mesma coisa ..

    me add no msn ai ...

    rockb69@hotmail.com

    abrç.

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