Brink (PS3, PC, Xbox360) (***)
No futuro os EUA constroem uma cidade flutuante chamada "The Ark" (A Arca). Tudo começa como um experimento para criar uma cidade perfeita, que usa fontes de energia limpas, possui transporte coletivo de qualidade e todos tem acesso a comida, moradia, educação e segurança de qualidade.
Então o aquecimento global derrete as calotas polares e todas as cidades costeiras afundam no mar. A "Arca" começa a receber os refugiados, mas logo as coisas saem de controle. Os refugiados passam a criar favelas, ancorando navios na cidade e juntando restos de embarcações. Logo a Arca se tornou um pesadelo, a comida, água, medicamentos e serviços não são o suficiente para todos e grupos terroristas começam a se formar nas favelas. Bem vindo a Brink, o novo shooter da Bethesda.
Brink foi muito anunciado como um shooter que misturaria parkour, personagens altamente customizáveis a ação estilo Battlefield e Counter Strike. E consegue chegar nisso tudo, mas de uma maneira um pouco medíocre. Não espere o ótimo trabalho que a softwarehouse tem feito com a série Fallout, mas também não chega a ser um game ruim.
Logo no início o game nos convida a criar um personagem. E são muitas (e muito divertidas) as opções. Os rebeldes possuem vários tipos de roupas esfarrapadas, bandanas, armaduras improvisadas e máscaras de gás, enquanto os policiais da Arca possuem um arsenal de armaduras e uniformes bastante diversificado. Some a isso a possibilidade de escolher tatuagens, cicatrizes, óculos e outros itens e você terá uma boa gama de opções para seu personagem.
O divertido é que a Bethesda resolveu fazer um pouco de propaganda da sua série Fallout e da série Doom, com roupas, armas e peças fazendo referência a estes jogos. Há várias opções de idades e etnias divididas em "arquétipos", que reunem negros jovens, negros velhos, caucasianos jovens, caucasianos velhos, orientais jovens, orientais velhos e outras variações.
Há três modos de jogo em Brink. "Campanha" te leva a mapas que narram a campanha dos revolucionários para saírem da Arca e procurarem outros locais no planeta ainda não submersos, ou a campanha dos policiais para manter a ordem e a paz entre os revoltosos. Você pode jogar a Campanha sozinho ou com amigos, mas vamos falar disso mais tarde.
O modo "Desafio" te coloca em desafios single-player, e em dificuldades altas são osso duro de roer. Você é bom mesmo no parkour para chegar nas lâmpadas de uma sala em pouquíssimos minutos? Você consegue executar um monte de ações sob fogo inimigo? Consegue escoltar um robô desarmado com um monte de inimigos querendo seu couro? E não é só isso, cada desafio vencido libera novas armas, roupas, armaduras e até compleição físicas diferentes. Assim que você as libera pode mudar seu personagem para ser "forte" (ganhando mais vida mas sendo pesado demais para fazer le parkour) ou "magro" (mais frágil e rápido, porém menos resistente).
O modo "Jogo Livre" te deixa escolher um cenário e juntar os amigos na net (ou jogar contra o computador) para o tradicional "mata-mata" virtual.
Todas as opções são bem divertidas e recompensadoras. Praticamente a cada missão você estará liberando novas roupas, cortes de cabelo, armas e habilidades para seu personagem.
Graficamente Brink é um pouco complicado. A versão 1.0 tinha muitos bugs gráficos, mas felizmente o patch lançado pela Bethesda resolveu a maioria deles. É curioso a empresa ter escolhido gráficos tão cartunescos para o game. Todos os personagens parecem charges ou paródias, mas o resto do game (cenários, armas, violência...) em nada lembra o estilo de, digamos, um Team Fortress (só para citar outro game cartunesco). Parece que os personagens cairam de paraquedas em um Call of Duty, mataram todos os personagens sérios e os substituiram...
Um ponto positivo de Brink é que tudo é muito contextualizado. Em qualquer modo de jogo há cutscenes explicando o motivo do confronto, e também cutscenes no final, mostrando qual lado foi o vencedor. Não há "batalhas soltas", tudo é bem amarradinho no enredo e isso dá um senso de realidade bem interessante.
Pontos negativos ficam por parte da Inteligência Artificial. Brink é um game para ser jogado multiplayer, em LAN houses ou pela internet, e jogá-lo sozinho e um tanto frustrante. Os inimigos são bastante espertos e sempre tentam te flanquear ou surpreender, mas seus aliados são umas moscas mortas, e ficam a maior parte do tempo correndo sob fogo inimigo e caindo mortos aos montes. Como o game foca muito no trabalho de equipe, com classes complementares a exemplo de Battlefield (médico, soldado, engenheiro, espião...), é bem chato jogar sozinho contra hordas de inimigos habilidosos e tendo apenas uns fracotes como aliados...
Outro problema é o excesso de zoom na visão em primeira pessoa. O jogo tem pouco senso de profundidade, e a sua visão é muito limitada, o que torna difícil, por exemplo, o parkour, que seria o diferencial de Brink. Tentar saltar, escalar ou pular em obstáculos é bem complicado porque você nunca sabe bem onde cada obstáculo está, ou se você pula longe o bastante para alcançá-lo.
A seleção de armas também decepciona um pouco, pois falta variedade. Todas as pistolas e revolverem parecem iguais, todas as armas automáticas (fuzis, metralhadoras, submetralhadoras...) também parecem idênticas, e os rifles são quase sempre a mesma coisa. Os mapas também são confusos e apertados, raramente mais do que corredores e passagens estreitas. A maioria deles também sempre tem dois ou três rotas diferentes para o mesmo lugar, tornando fácil flanquear (e ser flanqueado por) inimigos.
Se você gosta de Counter Strike, Battlefield e outros FPS voltados para o multiplayer, e principalmente, se você é um daqueles jogadores que adora ficar pulando, saltando e correndo sem parar, vai curtir muito Brink. Se você gosta de FPS mais sérios e sombrios como Call of Duty ou de jogar como sniper em campos abertos e belas paisagens, vai achar pouca graça na ação frenética deste jogo.
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