Mount & Blade: With Fire and Sword (PC) (***)
Mount & Blade é uma série corajosa. Enquanto gigantes dos games como a EA praticamente monopolizam o mercado de jogos, dois turcos sozinhos e inexperientes (e com nomes inpronunciáveis, Armağan Yavuz e İpek Yavuz) criaram, programaram, moldaram e soltaram na internet um dos jogos mais inovadores dos últimos tempos.
Uma busca rápida no PirateBay mostra o quão popular é a série, sendo que normalmente ela fica na primeira página entre os games mais baixados do site, com dezenas de milhares de jogadores.
Boa parte do sucesso da série vem do fato de Mount & Blade ter sido criado por gamers, simplesmente, porque, segundo eles "não havia, no mercado, jogos do tipo que eles queriam jogar". O resultado é um RPG com um sistema de combate e gerenciamento similar a um Total War. Outro fator que alavancou a série é a possibilidade de baixar o game gratuitamente no site da empresa, e jogá-lo até o final sem pagar nada (seu personagem não vai poder evoluir além do nível 7 e você não poderá jogar o multiplayer, mas dá para terminar o game tranquilamente).
Fire and Sword chega mais como uma expansão para Mount & Blade: Warband do que como um game independente. Os turcos da Taleworlds viram que praticamente todos os mods feitos para o game anterior da série tinham algumas coisas em comum: adaptavam o mundo fictício de Caldaria para nações reais da Idade Média Européia e acrescentavam armas mais letais.
Resultado, estas duas características foram incorporadas em Fire and Sword. Aqui o game foca no século XVII no Leste Europeu, uma época e lugar que raramente vemos em games. Toda a trama envolve os reinos da Suécia, Polônia, Rússia, Criméia e o Hetanato Cossaco, todos em guerra por questões religiosas e políticas. Dependendo do reino ao qual você se aliar, você poderá seguir uma narrativa opcional que se desenvolve em uma grande campanha, seja buscando uma relíquia pagã ou o filho bastardo de Ivan, O Terrível.
O jogo é praticamente o mesmo de Warband. Os gráficos são reciclados e, embora sejam bonitos quando se pensa que foram feitos por dois sujeitos autodidatas, são meio antiquados. Os personagens são muito "quadradões" e muitas texturas são borradas. Os controles ainda precisam de melhorias, sobretudo no uso de lanças.
A parte sonora, por outro lado, é muito boa. Algumas músicas são surpreendentes, e os sons da batalha são bem divertidos.
Algumas novidades vão aparecendo ao longo do jogo. Agora não é possível recrutar voluntários em qualquer aldeia, apenas em campos de mercenários, e os recrutas não ganham armas novas a medida que "passam de nível", você tem que comprar as armas que quer para eles.
A idéia de personalizar as tropas é interessante, mas podia ser mais bem feita. Você escolhe os equipamentos em um menu de texto, sem saber que equipamentos são (quanto de dano fazem, quanto de defesa eles dão...), sem ver a cara deles e sem ver quanto dinheiro você ainda tem. É fácil ficar empolgado e ir à falência comprando armamento para suas tropas. Hoje, onde a maioria dos games tem sistemas complexos de personalização, permitindo escolher cor e modelo de equipamentos e uniformes, Fire and Sword ficou meio "para trás" no modo de se customizar a tropa...
Outra possibilidade interessante é a de se construir uma barricada improvisada com carroças e pedras. Se sua tropa estiver em menor número, vale a pena cercá-la com uma barricada!
As tão faladas armas de fogo também fazem bastante diferença. Apesar de lentas para carregar, elas causam um dano absurdo, e uma fileira de soldados com rifles pode eliminar uma tropa várias vezes maior antes que eles cheguem perto para lutar à corpo-a-corpo. Curiosamente há uma variedade menor de equipamento à disposição, uma vez que as armas de fogo baratas e acessíveis foram aposentando as armaduras pesadas e armas brancas.
A jogabilidade também não ganhou novidades. O game segue a mesma receita dos anteriores, onde você pode fazer as mesmas missões de Warband (matar bandidos, escoltar caravanas, colhetar impostos) para nobres e prefeitos, ou sair saqueando as mesmas vilas e caravanas de Warband. Mesmo dentro das cidades, não há muita diferença do anterior, e alguns locais pecam pelo excesso de "paredes invisíveis" e falta de personagens mais interessantes.
Também faz falta a opção de Warband onde você criava uma "história" do seu personagem e ganhava bônus em perícias relacionadas àquela história. E curiosamente, há poucas mulheres em Fire and Sword. Além de você só poder jogar com personagens masculinos, não há mais as filhas dos nobres andando por aí. Raramente você vê uma ou outra esposa de algum nobre. É uma pena, pois era bastante divertido passar cantada nas mocinhas do game anterior, decorar poemas e se casar com elas para ganhar prestígio e poder político junto ao sogrão. Por fim, Fire and Sword é um game interessante, pois trás a mesma mecânica inovadora de Mount & Blade, com um capítulo da história que raramente vemos em games (quando foi a última vez que você jogou com a Polônia, Criméia ou Suécia em algum jogo?), mas peca ao manter gráficos ultrapassados, e "ocultar" algumas idéias divertidas em menus de texto feiosos...
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