25 de maio de 2011

Portal (PC, PS3, Xbox360, MAC) (*****)

Portal (PC, PS3, Xbox360, MAC) (*****)

A Valve tem um sério problema em subestimar seus produtos. Quando lançou os shooters Half-Life e Half-Life 2 ela fez um grande sucesso no campo dos FPS, e produtos "secundários" começaram a surgir dentro da empresa, usando o mesmo engine dos shooters. Sem colocar muita fé nesses produtos a Valve passou a lançá-los sem muito alarde, normalmente por preços bem baixos ou em "pacotões" junto com seu carro-chefe, a série Half-Life.

Foi assim com Counter Strike, o FPS multiplayer que virou febre nas LAN Houses brasileiras (e acabou proibido no país, como tudo o que faz fama mas não dá dinheiro para os políticos), com Team Fortress, uma divertida paródia dos FPS multiplayers e com Portal.

Portal saiu em um "pacotão" chamado "Orange Box". O pacote contava com Half-Life 2, uma expansão e Team Fortress 2, sendo que ele e Portal seriam praticamente um "brinde". Portal, no entanto, foi tão inovador que ganhou fama na internet e agora virou uma série independente.

 Em Portal você é Chell, uma moça que acorda sem memórias em uma cela de vidro, e é avisada por uma IA chamada GlaDOS que está em um complexo de testes de uma corporação chamada Aperture. GlaDOS então guia você a uma série de câmaras de teste, e te apresenta um milagre da ciência, a Portal Gun, e seus portais.

Basicamente a Portal Gun é uma "arma" que pode projetar um portal azul ou laranja em superfícies não-refletivas, se você passar pelo portal azul, sairá no laranja, e vice-versa.

Basicamente os portais te teletransportam de um para o outro, e também podem transportar objetos. Se você estiver em movimento, a inércia passa junto pelo portal, fazendo você sair mais rapidamente do próximo. Se estiver em queda livre, por exemplo, e passar por um portal na vertical, poderá sair por outro, na horizontal, em grande velocidade.

As salas de teste são quebra-cabeças onde você deve usar os portais para transportar caixas para cima de botões, passar por torres de guarda sem ser metralhado ou andar de um local para outro até uma porta final. As primeiras salas são bastante fáceis, mas a coisa só vai complicando, e GlaDOS não tem dó em te jogar contra dezenas de torres de guarda (com munição real) ou encher o nível térreo da sala com ácido. Algumas das últimas salas são bem complicadas, mas nunca chegam ao ponto de serem frustrantes.

O melhor de Portal, no entanto, não é apenas a variedade de quebra-cabeças desafiadores e não-lineares, mas o humor negro por trás de tudo. GlaDOS é uma IA sádica e completamente maluca, e parece estar com sérios problemas de vírus ou falhas de arquivos. De tempos em tempos ela começa a falar em jargões empresariais absurdos, muda a voz para espanhol, dá conselhos ridículos ou tenta usar "psicologia" (indo do pessimismo constante à famosa psicologia reversa de desenhos animados).

É praticamente impossível não morrer de rir de algumas frases aleatórias soltas por GlaDOS, e a dublagem perfeita garante que ela possa ser extremamente cruel e sádica e ao mesmo tempo carismática e agradável. É uma personagem complexa, como raramente se vê nos games, e homens vão reconhecer em GlaDOS muitas ex-namoradas problemáticas...

Há outros toques muito divertidos, como as torres de defesa que tem voz de menininha de 5 anos, e soltam frases como "Você está ai?", "Onde está você?" e "Me põe no chão", mesmo portando armamento de grosso calibre e atirando em tudo o que se move...

Em certa câmara de teste, GlaDOS te dá um cubo com corações rosas desenhados, e passa a fase toda avisando que o cubo não é um ser vivo, que ele não fala e que tudo não passa de alucinação, mesmo sem o cubo ter falado uma única palavra.... Em outra GlaDOS tenta te subornar dizendo que está fazendo um bolo para você, ou tenta te matar e logo justifica que estava apenas blefando...

Graficamente Portal segue a linha de Half-Life 2, com boas texturas mas uma certa dificuldade com figuras humanas. Por sorte você não vê outras pessoas durante o jogo inteiro, o que minimiza esse probleminha.

Os efeitos sonoros são ótimos, com destaque para GlaDOS, e a música que ela canta ao final do game (onde ela zomba de sua mortalidade, dizendo que mesmo depois que você morrer ela ainda estará viva e fazendo ciência...)

Portal é um game muito, muito divertido. Vale a pena jogá-lo várias e várias vezes, descobrindo novos meios de terminar cada câmara de teste. O único problema de Portal é que o game é realmente curto. Como foi concebido para ser um "extra" e não um game completo, ele pode ser batido em menos de duas horas de jogo. No menu principal você tem a oportunidade de jogar as câmaras novamente, mas dessa vez mais "avançadas", por exemplo com o chão sendo substituido por ácido ou sem os blocos para colocar nos botões, exigindo o máximo do jogador.

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