17 de maio de 2011

Gears of War (***) (PC, Xbox360)

- Gears of War (***) (PC, Xbox 360)

Sempre ouvi falar bem de Gears of War, mas nunca tinha jogado. Basicamente Gears of War apareceu logo após o lançamento do Xbox360, como um game de ficção científica específico para aquela plataforma, concorrente direto de Resistance: Fall of Man e Killzone 2, ambos específicos para PS3.

Após algum tempo o pessoal da Epic Games e da People Can Fly resolveram trazer Gears of War para PC também, para a alegria daqueles que preferem o computador aos consoles.

Basicamente Gears of War é o embrião do amalucado e divertido Bulletstorm, o mais recente (e divertido) shooter da Epic/People Can Fly. Aqui temos o protagonista boca-suja, brigão e reclamão, as armas absurdas (granadas em forma de mangual que grudam nos alvos, bestas futuristas que atiram bombas e o assombroso fuzil com motosserra acoplada!) e as piadinhas de duplo sentido. Para Bulletstorm só falta chutar os inimigos para dentro de plantas carnívoras.

De modo geral a parte gráfica e sonora do game é boa, e dependendo da placa de vídeo que você tiver no PC, pode até superar a versão pra Xbox360. O game, no entanto, fica um pouco depressivo por conta da paleta de cores escolhida, com pouquíssimas cores, e a maioria em tons dessaturados, meio cinzentos. Às vezes fica difícil saber se tem algum problema com seu monitor/TV ou se o game é branco-e-preto mesmo.

Em alguns locais abertos é possível ver um horizonte meio embaçado, e as texturas vistas de muito longe são ruins, mas como o game se passa quase todo em túneis e corredores escuros, isso não chega a ser um problema.

A jogabilidade é um tanto cansativa, pois o game é todo focado em se esconder dos inimigos. Sim, ao invés de bancar o herói e sair distribuindo bala em todo mundo você precisa buscar abrigo, se esconder atrás de alguma coisa e de lá ficar acertando os oponentes, pois seus inimigos são milhares de vezes mais resistentes que você, e as armas podem te moer facilmente.

Outra coisa meio estranha é o mecanismo de recarga da arma. Você pode apertar um botão e deixar seu personagem recarregar normalmente (demora bastante) ou tentar apertar o botão novamente quando uma barra chegar em um local específico. Se você conseguir, ele não só recarrega mais rapidamente como a arma passa a causar mais dano por algum tempo, mas caso falhe, a recarga demora muito mais. Pode parecer interessante, mas no meio de um tiroteio pesado, ficar correndo de trincheira em trincheira e ainda prestando atenção na barra de recarga atrapalha um pouco.

O que realmente salva o game é o level design, muito bem feito. Em cada parte do jogo há novidades e desafios diferentes, se em certa parte você está se escondendo em praças e ambientes urbanos, em outro você estará se esgueirando pelas raras partes iluminadas da cidade, tentando fugir de criaturinhas devoradoras de gente que tem horror à luz e atirando em coisas inflamáveis para criar mais luz e mantê-las longe. Parte das fases acontecem no subterrâneo, em uma casa em ruínas, em uma fábrica sinistra, em uma favela... Sempre há locais novos para explorar, e todos são muito bem construídos.

As cutscenes também são bem feitas, e os personagens tem personalidade. É bastante divertido ver como eles reagem a cada acontecimento, e alguns até fazem referências a outros games (um deles costuma imitar Duke Nunkem gritando "Eat shit and die" toda vez que mata algum inimigo).

Uma falha grave de Gears of War é a falta de contexto. O game optou por explicar toda a sua história e ambientação em romances e quadrinhos, não no jogo. Se você não procurar na internet, não ficará sabendo nada sobre o que aconteceu, porque as cidades estão em ruínas, o que é o COG, o que são os inimigos (chamados Locust), de onde eles vieram, o que querem, ou o motivo de você estar atirando neles. Não há nenhuma cutscene ou qualquer coisa que te coloque naquela ambientação, e a sensação é que você simplesmente "caiu de paraquedas" em um mundo que já estava em movimento antes de você chegar.

Há muitos recursos sub-explorados. Em certa parte seu personagem, Marcus Phoenix, se torna comandante do batalhão e você ganha acesso a uma tela de "comando". Essa tela, no entanto, só tem três comandos: "Reagrupar", "Atacar" e "Parar de Atirar". Reagrupar e Atacar seus colegas já fazem automaticamente, e Parar de Atirar eles simplesmente ignoram, o que deixa a dúvida sobre a utilidade desta tela.

Há também locais onde você pode escolher ir por um lado ou por outro, mas no fim das contas qualquer lugar que você escolher estará passando pelas mesmas áreas, apenas em alturas diferentes. Um caminho pode passar por dentro de uma casa no nível térreo e outro na mesma casa dentro do primeiro andar, por exemplo.

Gears of War é um jogo bem feito, e tem bastante variedade de ambientes e inimigos. Podia ter alguma explicação sobre o mundo do game, e combates mais dinâmicos. Se você gostou de Bulletstorm, gosta de se esconder nas laterais de uma porta e mandar bala nos inimigos, vai curtir Gears of War. Se você gosta de belas paisagens, narrativas profundas e ação heróica, vai se cansar rapidamente...

Nenhum comentário:

Postar um comentário