6 de maio de 2011

Homefront (PC, PS3, Xbox360) (***)

Homefront (PC, PS3, Xbox360) (***)


Em 1984, época da Guerra Fria, o diretor de cinema John Millius lançou um filme chamado Red Dawn (traduzido como Amanhecer Violento). Com Patrick Swayze, mais conhecido por seu papel em Ghost - Do outro lado da Vida, o filme retratava uma invasão soviética nos Estados Unidos. Uma manhã, sem qualquer aviso, os russos simplesmente invadiam os EUA e acabavam com toda a força militar americana, ocupando a nação e obrigando um time de futebol americano (The Wolverines) a atuar como guerrilheiros e terroristas para tentar libertar seu país.

Red Dawn influenciou muitos outros filmes, desenhos e games, incluindo o ótimo World in Conflict. Hoje, muito tempo depois, a União Soviética acabou, e os Estados Unidos não tem mais medo de uma invasão estrangeira no estilo do filme... Mas Homefront vem mudar isso, trazendo um fps divertido e violento.

Homefront é praticamente uma versão FPS do filme de 1984. Só que aqui, ao invés dos russos, temos a Coréia do Norte invadindo os EUA. Absurdo? Nem tanto, o game cria uma longa linha do tempo mostrando como os EUA perderam todo o seu poder político e militar, se metendo em guerras no oriente médio, inclusive um conflito entre Irã e Arábia Saudita que elevou o preço dos combustíveis a 20 dólares o litro (!!!).

A maioria dos veículos de guerra americanos, como os super-porta-aviões, submarinos e bombardeiros stealth tiveram que ser desmanchados e vendidos como ferro-velho, pois sua manutenção era muito cara para uma nação na crise econômica que os EUA estavam. Enquanto isso a Coréia do Sul e do Norte se uniram, anexaram o Japão e praticamente todo o sudeste asiático, se tornando um poderio militar e econômico. Bastou um pulso eletromagnético coreano para "desligar" tudo o que tinha de elétrico e eletrônico nos EUA e permitir uma invasão e ocupação tranquila pelas forças coreanas. Algumas bombas atômicas no centro do país garantiu uma total dissolução do exército americano, colocando os coreanos no poder.

Aqui você é Jacobs, um piloto/sniper americano aposentado em um país ocupado por uma nação estrangeira. Nos primeiros minutos de jogo já é possível ver que a THQ não está de brincadeira. Execuções sumárias no meio da rua, crianças chorando sobre o cadáver dos pais e bombardeios de armas proibidas dão um tom de guerra no jogo.

Curiosamente há vários paralelos entre os EUA ocupado do jogo e os atuais Iraque e Afeganistão ocupados pelos EUA e a Faixa de Gaza ocupada por Israel. Há até uma muralha ao redor dos territórios ocupados pela Coréia, como a construída por Israel no mundo real...

Os gráficos são bastante bons, embora um tanto pesados. O som é bem feito, e os personagens são bem dublados. Os personagens em sua maioria são bastante estereotipados. Tem a mocinha medrosa, o militar durão, o nerd oriental, o ex-policial negro (que inclusive é o primeiro a morrer...), os caipiras malucos armados até os dentes... Não espere nada mais "profundo" do que aqueles personagens secundários de filmes do Van Damme...

O que chama atenção são as fases bem construídas. Praticamente todas as partes do game são divertidas de se jogar, seja quando você está se esgueirando por trás de caipiras malucos, seja quando está explodindo coreanos com um helicóptero. A Inteligência Artificial é muito boa, e os inimigos são criativos em buscar proteção, te flanquear (você vai morrer muitas vezes com coreanos contornando sua posição para te atacar por trás!) e mirar na cabeça. Até o nível fácil é bastante difícil por causa da Inteligência Artificial bem trabalhada.

Há um ou outro deslize, como as malditas "paredes invisíveis" que os level designers colocam quando ficam com preguiça de fazer um cenário maior (ou só colocar uma parede normal), mas nada que estrague a diversão.

A campanha singleplayer é muito curta, e na hora que a coisa começa a ficar divertida... o jogo acaba. Provavelmente veremos um Homefront 2 em breve, mas podiam se dedicar a uma campanha mais longa...

Quando estiver jogando, mantenha os olhos abertos para referências a filmes (incluindo Red Dawn, no cartaz "Go Wolverines" que aparece nos campos de prisioneiros) e outros games. Homefront é divertido, e vale a pena, principalmente pelo desafio intenso e pelo multiplayer, mas tenha em mente que o jogo single-player é curto e os personagens são rasos. Diverte como um filme de ação da Sessão da Tarde, mas não é nenhuma maravilha como Crysis 2...

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