Lionheart Kings Crusade (PC) (***)
Antigamente, jogos de estratégia tinham que depender de apenas algumas centenas de soldadinhos na tela. Os processadores e placas de memória RAM não conseguiam coordenar mais do que cem ou duzentos soldados na tela, quanto mais fazer cada um se mover de maneira independente. Então veio Shogun Total War e provou que sim, é possível, um jogo de estratégia com uma escala insana de unidades, aquelas multidões que vemos em filmes como O Senhor dos Anéis.
Logo os games com tropas limitadas passaram a ser vistos como antiquados, e jogos como Mount & Blade e Warhammer Mark of Chaos passaram a ter um estilo mais similar aos da série Total War.
Mas nem todos os clones e derivados são bem sucedidos...
Lionheart Kings Crusade tem gosto de Total War, e não tem como negar a semelhança, visto que, além de ser histórico (diferente de Mount & Blade, por exemplo), tem gráficos e jogabilidade muito similares. Não seria ruim se o game fosse extremamente bem feito ou tivesse uma boa história, como Warhammer Mark of Chaos...
Na prática o jogo acaba caindo em um design duvidoso, cheio de boas intenções não exploradas. Aqui você controla Ricardo Coração de Leão (Richard Lionheart), rei britânico que embarcou para as cruzadas e acabou derrotado e capturado pelos árabes sob comando do Sultão Saladino. Entre cada missão você tem um mapa com os territórios onde ocorreram as Cruzadas, e cada território tem uma missão, normalmente envolvendo a invasão de uma cidade. Você também pode contratar mais soldados, equipá-los e melhorar suas habilidades, assim como obter bônus especiais por ajudar alguma das facções de cristãos (na campanha dos europeus) ou muçulmanos (na campanha árabe). O estilo lembra muito Warhammer Mark of Chaos, ou, mais recentemente, Dawn of War 2.
Assim que você invade uma região e aceita ajudar uma das facções, o jogo passa para um mapa estilo Total War, onde você batalha com os tradicionais milhares de guerreiros a que tem direito. Praticamente não há (boas) novidades a respeito dos gráficos ou som, todos remetem a Medieval II Total War, das texturas do solo às armaduras dos soldados, apesar de os modelos dos soldados serem diferentes (no geral, mais "gordinhos" e altos do que os de Total War).
Um problema, a meu ver, são os HUD excessivamente e desnecessariamente grandes. Sim, há um espaço enorme, ocupando quase 1/3 da tela, reservado para informações que são mostradas em letras minúsculas, e não ocupam nem 10% do espaço. A maioria deste espaço inútil é entulhado de espadas nem um pouco históricas (parece saída de um gibi do Lanterna Verde!), escudos e longas dissertações sobre os tipos de terreno... Tudo muito inútil, e sem a opção de ocultar o HUD ou parte dele, como temos em quase todos os games de estratégia (de Warcraft a Total War...)
O zoom do mouse também é invertido. Se em praticamente todos os games (todos os Total War, Warhammer Mark of Chaos, Warcraft 3, StarCraft 2, Fallout 3, Fallout New Vegas, Mass Effect 2, Dragon Age Origins e etc...) você aumenta o zoom rolando a rodinha do mouse para cima, aqui é o contrário. E o pior, não tem como mudar isso nas opções, o zoom não segue o ponteiro do mouse, e ainda tem aquele HUD tampando suas tropas... ou seja, você acaba jogando o game todo sem dar zoom, vendo tudo de longe, e perdendo os excelentes gráficos e animações...
Outro problema é a IA, muito tosca. Segurar suas tropas é um horror. É mais fácil segurar um pitbull raivoso usando uma coleira feita de salsicha do que manter os malditos soldados no lugar. Basta um inimigo atirar flecha neles para os caras romperem a formação e correrem para cima dos inimigos, não importa se é um grupo de três arqueiros ou uma horda de mil. E muitas vezes não adianta clicar no botão de "segurar posição" (hold position), que teoricamente deveria mantê-los parados, basta descuidar um pouco e seu exército já virou uma bagunça, com cada pelotão de soldados em um canto do mapa...
Felizmente os inimigos controlados pelo computador tem os mesmos problemas, e basta um esquadrão de arqueiros para tirar qualquer pelotão da formação inimiga.
Resumindo, Lionheart Kings Crusade não passa de um Total War ruim (Empire Total War???), só que ambientado na Idade Média, com controles estranhos e opções gráficas esquisitas. As animaçõs são até bem feitas, e os gráficos e som não são ruins, mas é um game sem novidades, um pouco feio e difícil de manusear...
Nenhum comentário:
Postar um comentário