25 de maio de 2011

Metro 2033 (PC, Xbox360) (****)

Metro 2033 (PC, Xbox360) (****)


Enquanto nos Estados Unidos o pessoal tem mania de adaptar filmes para games (e quase todas as adaptações são um lixo), na Europa a moda é adaptar livros para jogos. O game The Witcher é uma adaptação do romance de Andrzej Sapkowski, Mount & Blade: With Fire and Sword é uma adaptação do livro Black Hetman, de Alex Trubnikov, e por aí vai.

Metro 2033 segue esta linha, e trás o mundo pós-apocalíptico dos livros de Dmitry Glukhovsky, e, por ser um jogo russo, baseado em um romance russo, é livre daqueles velhos clichês de filmes americanos, trazendo várias curiosidades que vão fazer muito sentido para quem conhece a Rússia.

Você sabia, por exemplo, que os russos são loucos por chá? Em praticamente todo lugar do game pode-se ver chaleiras sendo aquecidas em fogueiras improvisadas. Você provavelmente já ouviu falar também que os russos são chegados a uma gambiarra, e aqui temos todo tipo de gambiarras estranhas, de armamento feito praticamente de lixo (no melhor estilo Fallout) à motocicletas e caminhões aproveitados como vagões de metrô...

E por falar em metrô, você sabia que Moscou é a cidade com mais área subterrânea no mundo todo? Desde a idade média que catacumbas, túneis e masmorras são periodicamente construídos no subsolo da cidade, e com a Guerra Fria nos anos 60 a coisa só piorou, com bunkers, instalações nucleares e silos de mísseis escavados embaixo da cidade.

E é ai que entra Metro 2033. Em um futuro próximo, uma guerra nuclear devastou a Rússia. Os sobreviventes em Moscou se refugiaram na imensa rede de túneis, linhas de metrô, bunkers e silos sob a capital. Anos depois a sociedade está fragmentada entre estações de metrô que viraram praticamente cidades, com economia própria, plantações de cogumelos, batata, criação de porcos e até mesmo divergências políticas.

Se aventurar fora das estações é morte certa. Os túneis estão cheios de monstros, ratos e toupeiras mutantes e enormes, sedentos de sangue humano. Há praticamente um cadáver a cada dez metros. Muitas vezes mais de um.

A cidade acima está cheia de gases radioativos e só é possível sobreviver lá com roupas próprias e máscaras de gás. Some-se a isso mais monstros, como gorilas e morcegos mutantes. Fora isso ainda há guerras entre as estações de metrô, fenômenos bizarros percorrendo os túneis e fantasmas vagando pelas catacumbas. Você é Artyom, um rapaz que recebe a missão de avisar uma certa estação sobre a morte de um militar que caçava mutantes, e embarca em uma jornada violenta e assustadora pelas estações do mundo de Metro 2033.

 Graficamente Metro 2033 não perde para nenhum game mais novo como Homefront ou Call of Duty. As texturas são boas e os efeitos de iluminação são muito bem feitos. Os sons também são bem trabalhados, sobretudo o das armas, onde dá para diferenciar pelo barulho o tipo de munição que você está usando. Os personagens são bem dublados, e os diálogos em inglês vem com aquele sotaque de russo de filme de James Bond.

A jogabilidade também não fica muito atrás de FPS mais novos. Você tem uma boa quantidade de armas para escolher, pode usar táticas furtivas, atirando em lâmpadas e usando óculos de visão noturna para surpreender seus inimigos, tem bastante armadilhas para tomar cuidado e vez ou outra tem que recarregar as baterias de sua lanterna e óculos com um dínamo improvisado.

A narrativa também é bem feita, e você vai ficar o tempo todo tenso, pensando em que tipo de aberração ou estação maluca você vai cair em seguida. O game não se arrasta além do necessário, nem é curto demais, a sensação de terminar Metro 2033 é a de assistir um bom filme, ele acaba por cima, sem cair na mesmice ou ficar repetitivo, mas oferecendo uma boa gama de desafios e ambientes.

O game tem alguns probleminhas, no entanto. Um deles é o maldito autosave. O jogo tende a salvar antes de cutscenes ou em locais inadequados. Se você morrer em certos locais, vai ter que assistir filminho de novo...e denovo... e denovo. Em outros ele pode dar um autosave exatamente no momento que você cai em um abismo ou sua máscara de gás acaba o filtro, fazendo você carregar o game apenas para morrer em alguns segundos. Felizmente um sistema de Load Game no menu inicial permite que você carregue o jogo no início daquele capítulo, o que ajuda quando o game salva com você morrendo.

Há ainda alguns vários problemas com detecção de colisão. Como a maioria dos monstros ataca corpo-a-corpo, isso realmente atrapalha. Muitas vezes um monstro salta sobre você e "passa através" de seu personagem sem causar dano algum. Outras vezes você atira em um monstro à queima-roupa, suas balas passam "através" do alvo e ele nem se arranha.

Lutar corpo-a-corpo com alguém é um saco, pois normalmente sua baioneta ou faca vai acertar o alvo e não causar um arranhão, e vice versa.

Também falta um pouco de liberdade nos níveis. Enquanto a maioria dos games hoje deixam você explorar caminhos adicionais ou sidequests, ou até mesmo sair andando sem rumo pelo cenário, Metro 2033 é um shooter das antigas, bastante linear, onde você quase sempre precisa apenas andar para a frente e atirar em um bicho ou outro que apareça. Não deixa de ser muito divertido, mas eu, por exemplo, cheguei até o final do game esperando o momento em que eu poderia dar uma passeada pelas estações sem seguir a história do game...

Também falta opções adicionais, principalmente para se jogar novamente. Artyom é o bom e velho protagonista mudo e sem vontade própria de shooters, ele nunca fala e tem pouca capacidade de escolha além de comprar armas e munição nas estações de metro. Em certa parte chegamos em uma batalha feroz entre comunistas e fascistas, e você é obrigado a matar ambos para prosseguir, simplesmente não há como se aliar a uma facção, nem temporariamente. Também não há sidequests, e praticamente todos os personagens que você encontra na jornada morrem de forma escabrosa logo em seguida, deixando a impressão de que o tal Artyom é um baita pé-frio (e que não há personagens realmente memoráveis no jogo).

Metro 2033 é um bom shooter que merece ser jogado. É divertido e presta muita atenção nos detalhes, do visor de sua máscara de gás embaçando por causa do frio ao relógio de pulso do protagonista, com ponteiros movendo enquanto o tempo passa no game. Embora as lutas corpo-a-corpo possam ser meio chatas por causa da falha do jogo em perceber colisões, o conjunto da obra vai muito além dos defeitinhos.

Um comentário:

  1. Cara, como faço pra fazer recarga dos oculos de visão nooturna no xbox?

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