27 de junho de 2012

Star Trek Online (PC, MMO) ***


Os criadores da série de TV que começou em 1966 nos EUA nunca poderiam imaginar o quanto a ficção científica despretensiosa e até mesmo tosca iria marcar tanto a cultura pop. Hoje o universo de Star Trek (conhecida no Brasil como Jornada nas Estrelas) conta com 11 filmes de longa metragem (com mais um saindo ano que vem), seis séries diferentes para TV e um batalhão de fãs (coletivamente conhecidos como trekkies).

No entanto a série praticamente não despontou no mundo dos games. Enquanto os filmes de Star Wars já foram honrados com tantos jogos bons (Shadow of the Empire, Dark Forces, Jedi Knight, Knights of the Old Republic...), Star Trek coleciona uma série de jogos medianos e muitos terrivelmente ruins.

Eis que nessa era de MMORPGs, games massivos pela internet com milhares (às vezes milhões) de jogadores ao mesmo tempo, a Atari resolveu tentar a sorte com um jogo capaz de agradar trekkies e não-trekkies.

Nos anos 60, os americanos imaginavam que estaríamos assim no século 21...
Pessoalmente não sou trekkie e nem mesmo muito fã de Star Trek, no máximo assisti alguns episódios da série original de 1966 naquelas reprises de fim de noite na TV a cabo e um ou outro filme que passou na televisão. Mas praticamente todo mundo com acesso à internet e cultura pop hoje já viu alguma coisa sobre esse universo, nem que seja uma imagem do orelhudo espacial Spock fazendo aquele gesto de mão típico da raça dele. Em resumo, no futuro (que era distante para os anos 60, nem tanto para nós) os seres humanos descobrem que não estão sozinhos no espaço, e acabam se juntando à Federação, um grupo de alienígenas boa pinta das vizinhanças que buscam a paz, comércio e harmonia entre eles, mais ou menos como a ONU, só que no espaço.

Do outro lado há raças de alienígenas que não curtem muito essa história de paz e harmonia, como os Klingon, uma raça de testudos brutões, os Romulanos, orelhudos que vivem como uma "Roma antiga espacial", e os Borg, ciborgues espaciais que querem "assimilar" todas as formas de vida, transformando-as em ciborgues também. Nas séries e filmes normalmente as tramas envolviam estas e outras raças alienígenas como antagonistas, muitas vezes membros isolados e insanos destes povos que, por um motivo ou outro, queriam causar caos e quebra-pau nos mundos da Federação.

E é nesse universo que se inicia a campanha de Star Trek Online, com Klingons em uma guerra declarada contra a Federação, Romulanos grilados por terem perdido seu planeta natal e os Borg arrumando problemas para todo mundo.

Muuuuuuuuuuuuuitas opções de customização tornam Star Trek Online ótimo para quem gosta de customizar personagens
O que mais chama a atenção em Star Trek Online, no entanto, são as possibilidades de customização. Praticamente tudo pode ser modificado ou customizado, da raça de seu personagem (com alguma paciência dá pra fazer o Alien, o Predador ou qualquer coisa humanóide que vc quiser inventar) às roupas que ele veste, incluindo sua nave e todos os seus oficiais que vão te auxiliar em suas missões. Praticamente não se vê personagens iguais ou sequer parecidos no jogo...


Além das opções há também itens das séries e filmes que você pode comprar (com dinheiro real) para incrementar seu personagem ou espaçonave. Quer os brincos da Tenente Uhura da série de 1966? Ou que tal a camiseta que o Capitão Jean-Luc Picard usou no filme Nemesis de 2002? Estão todos a venda...


No que diz respeito a naves, as opções são mais restritas. Basicamente há três modelos de cada tipo de nave (mais um que pode ser comprado com dinheiro real), e você pode trocar partes específicas de um modelo para outro e mudar algumas cores e disposição das janelas, assim como escolher a decoração do interior dela. 


Para quem gosta de customização, Star Trek é uma experiência bastante divertida. Quer toda a sua tripulação com cabelo verde e uniformes amarelo-caneta-marca-texto? Ou todo mundo careca? Ou botar todos os seus oficiais com dreadlocks e uniformes com as cores da bandeira da Jamaica? As oportunidades para personagens engraçados, bizarros e divertidos são imensos. Embora o jogo não deixe você customizar (demais) as raças de seus oficiais, coisas como cor de pele, cabelo e roupas estão sempre à disposição para serem modificadas. 


"Tenente Lady Gaga, apresente-se na ponte de comando!"
Em termos de gameplay, o jogo se divide em duas partes bem distintas, a "fase espacial" onde você controla sua nave, e a parte onde você controla seu personagem. A parte espacial é, sem sombra de dúvidas, muito divertida. Você pode ir a qualquer canto da galáxia, explorar sistemas estrelares em busca de novos materiais/energia/formas de vida ou outras coisas, lutar contra grupos de inimigos que aparecem pelas redondezas com certa frequência, fazer comércio com outras naves e, depois de certo nível, recrutar uma tripulação e dar missões variadas a eles, como recalibrar suas armas (para ganhar bônus de combate), explorar planetas ou resolver pequenos problemas com políticos, comerciantes e contrabandistas em troca de dinheiro e experiência. 


Se fizer amizades no espaço, pode convidar seu camarada para visitar sua nave espacial, passando para a parte de controle de personagem e visitando as mais diversas partes de seu veículo, do quarto do seu personagem ao bar, da enfermaria ao motor...


Os combates espaciais são divertidos e bastante táticos. Toda nave tem escudos, campos de força em volta do casco, e você pode controlar a intensidade deles. Se seu escudo traseiro foi atingido e o inimigo está atrás da nave, você pode tirar energia do escudo frontal e colocar no que está sob ataque, da mesma forma que os capitães das naves costumam fazer na série e nos filmes. Diferentes tipos de armas afetam escudos e casco de maneira diferente, e uma boa combinação delas é necessária para diferentes inimigos, e explodir uma nave realmente grande é algo bonito e ao mesmo tempo entusiasmante. 


A parte espacial é bem feita graficamente. Embora tenha alguns problemas engraçados (chegue muito perto de um planeta e sua nave "quica" nele como se ele fosse uma bolona de plástico...), em geral os cenários são bonitos, os efeitos de luz são bem feitos e há uma surpreendente variedade de ambientes, de campos de asteróides a nebulosas e estrelas distantes de cores exóticas.


"Toda a força para os escudos dianteiros! Spock, lançe torpedos!"
A parte onde você controla seu personagem, em contraste, não é lá grande coisa. Graficamente ela lembra Knights of the Old Republic 2, de 2005, mas com animações mais toscas (seu personagem parece flutuar a alguns milímetros do chão...), texturas meia-boca e uma grande tendência para bugs e lags...


Em locais mais cheios de personagens, como na Terra ou em algumas estações espaciais, lags são constantes, e normalmente acontecem como se seu personagem fosse "puxado" para trás, como um "moonwalk" bizarro a cada cinco ou seis passos. 


Bugs também são comuns, como uma missão onde meus oficiais (e inimigos) literalmente "afundaram" na superfície do planeta e ficaram presos na geometria do solo.


A jogabilidade em geral tem altos e baixos. As missões da narrativa se tornam repetitivas rápido, e quase todas se resumem a ir a um planeta específico (difícil de encontrar no mapa confuso que fizeram pro jogo), enfrentar naves inimigas em órbita, descer para a superfície do planeta ou alguma base/nave inimiga e eliminar os oponentes, voltar para sua nave e destruir uma nave deles que estava camuflada só esperando para dar fuga aos safados. É divertido nas duas primeiras vezes, na centésima você já não aguenta mais...


Pelo lado bom, sendo um MMO, você não precisa seguir a narrativa principal. Há sempre dezenas de missões secundárias, pelo menos três "eventos" acontecendo todos os dias (que vão de promoções de itens em algum lugar a uma invasão em larga escala) e o melhor de tudo, missões desenvolvidas pelos próprios jogadores. 


Você pode criar missões com um criador próprio dentro do jogo, alguma paciência e prática, e muitos trekkers viram isso como a oportunidade perfeita para criar suas próprias séries. Muitas dessas missões são extremamente bem feitas (melhores que as da narrativa principal a maioria já é) e as melhores de todas ganham lugar de destaque no menu de eventos. 


A parte de controlar um personagem é bem tosca, parece um jogo de sete anos atrás...
Algumas possibilidades, como a produção de itens, são sub-exploradas, só podendo ser usadas em um local específico (no universo!!!) e não sendo nada úteis. Outras, como delegar missões à sua tripulação e promover seus oficiais, são úteis mas ficam enterradas sob uma tonelada de menus.


De modo geral, Star Trek Online precisa de uma faxina obrigatória. O HUD é carregado demais, e embora você possa se livrar de alguns botões e menus usando a tecla F12, praticamente todos são necessários e/ou não podem ser acessados de outra forma. Alguns exigem manobras enormes para serem abertos. Só para parâmetros de comparação, levei quase dois dias explorando os menus para encontrar onde eu poderia ver meus Achievements... 


Star Trek Online é um MMO divertido para quem gosta de ficção científica e não quer desembolsar uma grana para jogar The Old Republic. Sendo gratuito e podendo ser baixado pela Steam, é um jogo obrigatório para trekkers e ainda assim muito bom para quem nunca viu nenhum filme ou série de Star Trek. Embora algumas partes sejam um pouco "feias" ou poluídas com menus demais, as partes de customização e o constante suporte tornam esse jogo um dos melhores MMO gratuitos que se tem hoje...




22 de junho de 2012

Binary Domain (PS 3, Xbox 360, PC) *****


Ano 2080, o aquecimento global derreteu as camadas de gelo dos polos e várias cidades foram tomadas pelo mar. Para resolver o problema, países como o Japão construiram várias plataformas e camadas de cidades umas sobre as outras, enquanto os mais pobres tem que viver nas ruínas semi-submersas das antigas cidades, os mais ricos vivem com tranquilidade em luxuosas cidadelas futuristas, servidos por todo tipo de robô, de andróides semelhantes a pessoas a enormes guindastes autômatos e automóveis.

Com os avanços na robótica, os países mais influentes se uniram no "Nova Convenção de Genebra" e assinaram um tratado, banindo, entre outras coisas, a criação de robôs capazes de se passar por humanos. Times de soldados especializados em lidar com aberrações tecnológicas, os "Rust Crew", passaram a fiscalizar o cumprimento do tratado, caçando e destruindo qualquer criação que viole o tratado de Nova Genebra.

Eis que um dia uma pessoa adentra um dos maiores produtores de robôs, a empresa Bergen, e revela ser, na verdade, um andróide recoberto de tecido vivo, como os Terminators de Exterminador do Futuro. E não só ele, o general do exército americano também era um robô... e vários outros podem ser também, uma vez que esses seres mecânicos tem inteligência artificial tão avançada que nem eles mesmos sabem que são andróides.

Mutilação de robôs... lembra um pouco a mecânica de Dead Space
É nesse universo distópico que se passa Binary Domain. E, para falar o mínimo sem dar spoilers, fazia muito, muito tempo que eu não ficava tão satisfeito com a narrativa ao terminar um game. Jogos de ação não costumam ser famosos por sua história ou diálogos, e é exatamente ai que este se destaca.

Em Binary Domain você joga com Dan Marshall, um Rust Crew americano que é enviado para uma missão secreta no Japão, aprisionar Yoji Amada, empresário e gênio da computação que, suspeita-se, está por detrás dos andróides que se passam por humanos (conhecidos como "Hollow Child", algo como "Criança Oca").

Para auxiliá-lo na missão você conta com Bo, seu colega americano, Charlie, ex-agente secreto inglês chato e antipático, Rachael, ex-agente secreta inglesa especializada em explosivos (e feia feito um canhão), a lindíssima Faye, tenente do Exército Popular da China, o divertido robô francês Cain e o líder da resistência japonesa Shindo.

Seus aliados e vários outros personagens secundários encontrados ao longo do jogo são muito detalhados e bem construídos, e suas personalidades marcantes chegam a compará-los à tripulação da Normandy de Mass Effect. Os diálogos com eles são bem construídos e deixam evidentes suas preferências, gostos, críticas e elogios quanto a suas ações.

Binary Domain ainda conta com o "Consequence System". Durante o decorrer do jogo, a equipe terá que se separar diversas vezes, e você poderá escolher quem vai acompanhá-lo. Dependendo de como você trata seus aliados, responde aos diálogos e luta, eles podem ficar mais ou menos amigáveis a você, e o jogo vai, sadisticamente, colocar os aliados que você escolhe com mais frequência em partes trágicas ou perigos durante as missões, trazendo novas cutscenes e alterando a narrativa conforme você progride na história.

É... não é só em Mass Effect que você leva a gatinha pra cama sendo um cara legal...
Fora a narrativa e todo o sistema de interação com os aliados, Binary Domain ainda é um jogo de ação de tirar o fôlego. Naqueles moldes típicos de Gears of War e similares (visão em segunda pessoa, se protegendo atrás de barricadas a maior parte dos combates...), o jogo trás um sistema de mutilação parecido com o de Dead Space. Dependendo de onde você acerta os robôs inimigos você pode arrancar os membros deles ou até mesmo decapitá-los, fazendo com que eles ataquem seus próprios colegas.

Embora o armamento não seja lá grande novidade (fuzis, rifles de atirador de elite, escopetas, pistolas e lança-mísseis), há variações interessantes, principalmente de granadas, e você pode encontrar várias combinações interessantes de armas para todas as situações.

Binary Domain também se destaca por não deixar a peteca cair. O jogo te arremessa de um combate épico ao próximo, te colocando frente a frente com monstruosidades tecnológicas cada vez maiores, de andróides com dez metros de altura a aranhas mecânicas do tamanho de prédios, gorilas robóticos quase indestrutíveis, transformers e naves de assalto. Cada inimigo, aliado e arma tem uma ficha que pode ser acessada no menu do jogo e conta curiosidades e habilidades deles.

Derrotar cada um destes chefes é uma grande diversão, e não raro você vai passar algumas horas até fazer cada monstro desses cair em pedaços no chão.

"pequeno" robô de Binary Domain... sinta-se o Chuck Norris depois de destruir essa coisa!
Graficamente, Binary Domain impressiona. Efeitos de luz, sombra, névoa, fumaça e água são belíssimos, assim como os reflexos na lataria dos robôs e partes metálicas voando pelos ares. A animação dos personagens é um trabalho de mestre, assim como as texturas, que dão a impressão perfeita de como cada material seria sentido pelo tato.

A trilha sonora não chega a fazer grande diferença, mas as dublagens são muito bem feitas também, da fala sarcástica e cheia de sotaque de Charlie às piadinhas de Bo e piadinhas do robô francês Cain.

O jogo também conta com um recurso inovador de microfone, pelo qual você pode dar ordens a seus aliados e dialogar com eles simplesmente falando ao invés de apertar botões. Como o microfone do meu headset está quebrado, não testei este recurso para ver como ele funciona, mas pelo que pude ler na internet, não parece ser tão funcional... embora seja um passo para, talvez em um Binary Domain 2, termos uma versão melhor dessa tecnologia.

Se você não tiver um microfone ou não quiser usar um, ainda pode escolher as falas do protagonista pelos botões do controle ou teclado, o que faz desse "viva-voz" apenas um recurso extra.

Cain, o robô/esteriótipo francês salva a mocinha e te deixa se esborrachar no chão: "Ela é mais bonita do que você"
Enfim, Binary Domain, embora não tenha feito a mesma fama que outros games recentes, é extremamente bem feito, bem escrito, dublado e programado. Diversão garantida tanto para os fãs de Gears of War quanto para os fanáticos por Mass Effect, com uma jogabilidade fluida, gráficos e som maravilhosos e narrativa que vai te deixar impressionado.


19 de junho de 2012

Kingdoms of Amalur Reckoning (PC, PS3 e Xbox 360) ***


Você já se pegou imaginando como seria o "game perfeito" de um certo gênero? Pensando em quem contrataria para escrever o roteiro, modelar os personagens e programar este jogo dos sonhos? Aqui no Blog da Resenha fazemos isso com uma certa frequência, tanto para tentar prever o futuro quanto para fins humorísticos.

Vamos então imaginar um RPG de fantasia medieval ideal. Quem iria escrever o roteiro? Uma vez que J.R.R. Tolkien (Senhor dos Anéis) e Robert E. Howard (Conan) já morreram, outro grande escritor do gênero, como George R. R. Martin (Game of Thrones) ou R.A. Salvatore (Neverwinter). E para fazer o designer das criaturas? Ninguém melhor do que Todd McFarlane, o inventor de Spawn e dono de uma fábrica de action figures especializada em fazer miniaturas de monstros de filmes famosos. E que tal para cuidar do design o famoso Ken Rolston, designer de Morrowind e Oblivion, dois jogos da série Elder Scrolls da Bethesda. Um time assim não teria como dar errado...

...teria?

Eis que a Big Huge e a EA Games resolveram dar o pontapé em um RPG de fantasia medieval mais ou menos neste estilo. R.A.Salvatore, famoso escritor de fantasia medieval assinou o roteiro do jogo, com uma interessante narrativa de uma guerra entre fadas (não aquelas tipo a Sininho do Peter Pan, mais no estilo de elfos, como os dos filmes O Labirinto do Fauno e Hellboy II do Guilhermo del Toro) imortais e os humanos, anões e duendes mortais.

Todd McFarlane contribuiu com o design de muitas criaturas e inimigos que são enfrentados ao longo do jogo, e Ken Rolston trouxe uma mecânica de combate fluida, mais no estilo de games de ação como God of War, e a idéia de poder desmontar equipamentos e armas para criar outros usando os pedaços.

Combate fluido e violento com criaturas bem modeladas e uma história curiosa...
Mas infelizmente um jogo não é feito apenas de partes separadas, assim como no futebol os jogadores tem que agir em conjunto, os vários profissionais que trabalham em um game também precisam trabalhar em algo homogêneo. E isso não aconteceu em Reckoning. Na verdade o jogo parece uma colcha de retalhos, e em muitas partes temos a impressão de que os designers, programadores e roteiristas jamais se encontraram pessoalmente ou sequer viram o que os outros estavam fazendo.

No geral Reckoning é medíocre, no sentido de mediano, de algo que não parece ter um diferencial. A narrativa é diferente e curiosa, e funcionaria bem se alguém desse um estilo mais sombrio como Del Toro fez com as fadas de seus filmes. Na mão da Big Huge, as fadinhas e gnomos coloridos a la World of Warcraft não convencem, e os longos textos de Salvatore, embora interessantes, logo ficam cansativos de se ler. Você ouve falar muita coisa pela boca dos personagens, mas nunca chega a presenciar nada... daria certo em um livro, mas em um videogame acaba se tornando "encheção de linguiça" da pior espécie.

Graficamente Reckoning é inconstante. Temos modelos muito bem feitos, sobretudo o protagonista e alguns monstros (claramente trabalho do McFarlane), enquanto outros são apenas modelos genéricos aparentemente sequestrados do mundo de Warcraft. É difícil entrar "no clima" de um jogo onde você tem seres saídos do universo de Spawn ao lado de outros com visual cartunesco...

Falando em Warcraft, pode ter sido impressão minha, mas Reckoning faz uma força imensa para parecer com World of Warcraft, como se a mera semelhança fosse criar fãs instantâneos para o game... O jogo todo é imerso em cores berrantes e a maioria dos objetos, construções e personagens tem um tom exagerado e cartunesco nos moldes do MMO da Blizzard. No frigir dos ovos, Kingdons of Amalur Reckoning fica parecendo aqueles MMORPGs coreanos genéricos e gratuitos que tem aos montes pela internet (Anima, Prius Online, War of the Immortals, Runes of Magic, Flyff e centenas de outros), com a única diferença de ser singleplayer.

...não salvaram Reckoning de ficar parecendo MMO coreano...
Na narrativa de Reckoning o exército das "Fadas do Inverno" começou a destruir os dos mortais, principalmente pelo fato delas serem imortais. Cada elfo/fada se regenera depois de morta e volta a vida em poucas horas. Para contrabalancear isso, os gnomos criam um aparato mágico/alquímico chamado "Poço das Almas", que em tese seria capaz de trazer os mortais derrotados de volta à vida. O protagonista é o primeiro sucesso desse aparelho, sendo trazido de volta à vida sem memórias - e o mais importante - sem um destino.

No mundo de Kingdoms of Amalur, todos os seres são presos a "destinos" desde o nascimento. Uma pessoa destinada a ser um guerreiro poderoso nunca poderia se tornar um mago, por exemplo. O protagonista, após ter ressuscitado, não tem mais nenhum destino, pode alternar entre classes livremente, aprendendo qualquer perícia que julgar útil, seja ela magia, ataques com armas ou habilidades de ladino.

Gnomos contra fadas. Filme da Xuxa? Não, Kingdoms of Amalur Reckoning
Infelizmente a parte gráfica é meio fraca, com texturas ruins e efeitos de iluminação meia-boca. Dependendo do tamanho do monitor, a imagem fica distorcida e os personagens achatados, ou o texto fica ilegível. A parte sonora é mediana, não se destaca muito e também não te faz passar vergonha alheia.

A jogabilidade fica dividida. Os combates são bons, com bastante liberdade de movimento, uso de armas e magia, mas a parte de exploração e interação com outros personagens é bem prejudicada, o que é péssimo para um jogo que se diz RPG.

Ao invés de um "mundo aberto" como o de Skyrim, Reckoning tem um mapa linear com áreas amplas e arredondadas ligadas por corredores estreitos. Se localizar no mapa não é nada fácil, e pior ainda, os monstros tem mania de dar respawn praticamente em cima do personagem. Ou seja, não é para quem gosta de "zerar as dungeons", eliminando todo tipo de inimigo em cada área do jogo, nem para quem gosta de um certo realismo (ou detesta ver monstros se materializando do nada nos mesmos locais e mesmas áreas toda vez...).

Ao conversar com outros personagens você é agraciado com um HUD extremamente feio, e a maioria das falas que você seleciona não tem muito efeito no final do diálogo. Some a isso o fato de que o protagonista tem a mesma voz do Dr. Freeman de Half Life... nenhuma. Em tempos de Mass Effect onde cada diálogo é profundo, cheio de personalidade e quase cinematográfico, as falas monótonas e sem resposta, rodeadas por menus parecem algo ultrapassado.


Diz se não parece World of Warcraft!
Kingdoms of Amalur: Reckoning é meio como a atual seleção brasileira de futebol, um monte de craques muito bons individualmente, mas que em grupo são medíocres. Se você gosta de MMOs asiáticos genéricos, de World of Warcraft mas detesta jogar online, irá até aproveitar alguma coisa desse RPG. Se estiver procurando por uma experiência mais interessante em cenários e diálogos, volte para Skyrim ou Mass Effect 3... Reckoning ainda tem que comer muito feijão pra chegar onde estes outros chegaram...

12 de junho de 2012

E3 2012 - Novas tecnologias chegando!



Como acontece todo ano, nem toda a E3 é dedicada apenas a jogos, mas também a novas tecnologias para o entretenimento. E este ano a Square-Enix e a Epic se degladiaram com novos engines gráficos, o Luminous e o Unreal Engine 4.

Para exibir seu Luminous, a Square Enix mostrou um interessante vídeo chamado Agni's Philosophy, onde um ritual mágico envolvendo dragões é interrompido por um bando de marginais encapuzados que parecem saídos dos morros cariocas. A Epic optou por algo mais tradicional e mostrou um vídeo curto com um monstro/demônio/golem/lorde das trevas acordando em seu covil.




Ambos os vídeos foram feitos com processamento em tempo real, não são CGs pré-renderizadas, mas cenas que poderiam estar em um game durante o jogo. Particularmente achei os efeitos de luz do Luminous muito melhores e mais realistas (o magma incandescente do Unreal Engine 4 não convence muito...), embora o engine da Square-Enix pareça ter problemas para processar alguns tipos de textura, como cabelos (a barba do velhinho parece bem fake).

Em questão de texturas, Unreal Engine 4 parece melhor, embora o vídeo mostre poucos objetos em cena quando comparado com Agni's Philosophy...

A questão agora é só esperar para ver, na prática, qual engine irá gerar resultados melhores e mais bonitos...

E3 2012 - Parte 2: Mais jogos que vão fazer os Maias voltarem da tumba

A Electronic Entertainment Expo (E3), maior feira mundial de games do mundo, anda anunciando muita coisa interessante para o final deste ano e início do próximo (se o mundo não acabar...). Vamos dar uma olhada nos jogos que já estão prometidos para este período:




Dead Space 3 vai dar continuidade à saga do pobre Isaac Clarke, ex-engenheiro de comunicações espaciais e atualmente perseguido por monstros gosmentos conhecidos como necromorfos. Desta vez a aventura se passará em um planeta gelado, e Isaac contará com um novo aliado (e provavel possibilidade de jogar em modo cooperativo). 


Ao que parece a série está seguindo o mesmo caminho que Resident Evil, deixando o mistério, terror e survival horror para trás e investindo num modelo de ação a la Gears of War... vamos esperar que eu esteja errado, mas aquela atmosfera pesada de Dead Space 2 parece ter ficado para trás nesse trailer. 


O game sai dia 16 de Fevereiro de 2013, para PS3, PC e Xbox 360




Prometido para 9 de Outubro de 2012, Dishonored anda tirando o sono de muita gente. A mistura de atmosfera steampunk com magia, super-heróis, escaladas e assassinatos a la Assassins Creed pelas mãos da empresa que nos deu as séries Fallout e Elder Scrolls promete ser bem afiada!

A narrativa leva o herói "O Corvo" em busca de vingança contra os responsáveis pelo assassinato da imperatriz de seu país e por terem culpado ele pelo crime. O game sairá para para PS3, PC e Xbox 360.



Gears of War vai chegar em seu quarto capítulo, e a Microsoft promete não largar a série tão cedo. Exclusivo para Xbox 360 a princípio, pode vir a sair para PC também no futuro.

Ainda sem data marcada para sair, Judgement promete ser mais difícil e sangrento que seus antecessores, para fazer a festa de qualquer fã da série.




Pessoalmente nunca joguei Halo, e não faço idéia de como é a série ou como estão as expectativas para Halo 4, mas parece que há muitos fãs de Master Chief por aí que mal estão se contendo de alegria com o anúncio de que o jogo sairá ainda esse ano.

Como de costume, Halo 4 será exclusivo de Xbox 360, com possibilidade de sair em versões para PC também.




O assassino careca mais querido dos games está voltando. Depois de muita reformulação, Hitman Absolution promete trazer ainda mais ação, suspense e estratégia à série. O novo trailer mostra que não é só de atiradores parrudos ou ninjas que se faz o submundo de Hitman. Freiras armadas até os dentes (que guardam uma incrível semelhança com as freiras da congregação Nossa Senhora da Harley Davidson, do RPG Mulheres Machonas Armadas Até os Dentes) resolvem emboscar o protagonista enquanto ele estava trocando de roupa e tomando um banho...

Absolution está prometido para 20 de Novembro, para PS3, PC e Xbox 360.


Você sempre achou injusto no universo da DC comics personagens superpoderosos como Superman lutarem lado-a-lado (e contra) mortais comuns como Batman? Eis que a atual casa de Mortal Kombat, a Netherrealm Studius também acha, e resolveu criar um game de luta com os personagens da DC.

Batman, Superman, Harlequina, Mulher-Maravilha, The Flash e outros heróis e vilões vão sair na porrada com os excelentes gráficos do último Mortal Kombat e bastante background, para deixar claro que os dias de aberrações nonsense como Mortal Kombat vs. DC ficaram para trás...

Injustice está prometido para final de 2012 para os consoles PS3 e Xbox 360



Uma série que andou sumida por muito tempo está prestes a retornar com esse novo "reboot". Tomb Raider irá começar mostrando como e quando a jovem Lara Croft se tornou uma exímia sobrevivente. O trailer mostra um game mais voltado para a obtenção de recursos, escaladas e furtividade do que para a ação, puzzles e tiroteio dos antigos títulos da série...

E de quebra tem um mané que tenta passar uma mão boba na Lara... algo que a maioria dos games sempre quis fazer também...



 Um dos jogos mais esperados de 2012/2013, com certeza é Assassins Creed 3. Misturando sua ação stealth com recursos de Skyrim, como a caça e coleta de matéria prima na floresta, o game surpreendeu novamente ao mostrar cenas de batalha naval capazes de fazer a série Total War ficar com inveja.

Além de Assassins Creed 3 "normal", também será lançado um spin-off para PSVita que contará com uma narrativa paralela à do game "irmão", além de ter também a primeira protagonista feminina da série.



Kratos, o protagonista de God of War, é um sujeito bastante violento, e depois de surrar meio Olimpo em God of War 3, está de volta para distribuir mais pancadas e causar mortes violentas nos consoles da Sony. Entre as novidades estão um inédito modo cooperativo e, como sempre, as maravilhosas paisagens, narrativas e gráficos que tornam a série tão bem feita.



Lost Planet 2 deixou um gosto meio amargo na boca dos fãs, com vários problemas técnicos, dificuldade inconstante e baixas notas em praticamente todas as resenhas e sites de games. Eis que a terceira parte da série promete vir para enterrar o desgosto de Lost Planet 2, com uma narrativa mais desenvolvida, novas armas e robôs e, é claro, monstros alienígenas do tamanho de prédios ou até maiores.


6 de junho de 2012

E3 - 2012: Os jogos que vão fazer seu apocalipse valer a pena!

Como todos sabem, o mundo acaba em Dezembro desse ano (ou não), então essa que pode ser a última E3 (Electronic Entertainment Expo ou Exposição de Entretenimento Eletrônico, que acontece todo ano) teve de ser caprichada.

Além de remakes e continuações, há muita novidade chegando. Veja o que vem de bom nesse fim de ano e começo do ano que vem:



Pegue a série GTA, acrescente (ainda mais) violência, sangue, artes marciais e um roteiro digno daqueles filmes antigos do Jet Li e Jackie Chan sobre a máfia chinesa. Sleeping Dogs seria continuação da série True Crime, mas a Square Enix (a famosa casa dos Final Fantasy) comprou os direitos do jogo e resolveu transformá-lo em um game original, seguindo um estilo de mundo aberto com muita pancadaria e sanguinolência.

Está confirmado para 14 de Agosto, em versões para Playstation 3 e Xbox 360. Vamos esperar que os PCs também ganhem uma versão.





A Crytek está prometendo para 2012/2013. Crysis continua a série dos soldados com armaduras ciborgues  lutando contra tudo e todos para impedir que alienígenas invadam nosso mundo. Entre as novidades estão campanhas e missões ainda mais abertas, um arco e flecha (aparentemente pilhado do finado Turok) e um cenário totalmente novo, com a cidade de Nova York destruída e coberta de selva. 

Apesar de não ter data definida ainda, Crysis vai sair para PC, Playstation 3 e Xbox 360.








A esmagadora maioria dos jogos baseados em quadrinhos e/ou filmes é péssima, mas vez ou outra alguém leva os super-heróis a sério no mundo dos games e somos recebidos com bons títulos como os últimos game do Batman pela Rocksteady. Vamos torcer para que os heróis da Marvel também se dêem bem com o novo Avengers Battle for Earth. No trailer vemos que os famosos X-men também vão aparecer, assim como o Homem-Aranha. 


Ainda sem data de lançamento, promete vir para Xbox 360 e WiiU.






Uma das séries animadas mais irreverentes, malucas e ousadas dos últimos tempos, que faz Bart Simpson parecer um coroinha de igreja, South Park parece que finalmente ganhará um game à altura. The Stick of Truth (algo como "O Pau da Verdade", mantendo o clima 'duplo-sentido' do original) será um RPG onde você criará um novo personagem que acaba de mudar para a pacata cidade de South Park, iniciando eventos de proporções apocalípticas. 


Cartman e sua turma vão sair para PC, Playstation 3 e Xbox 360, ainda sem data definida







Uma bela novidade, Watch Dogs trará um jogo futurista, de mundo aberto, com uma atmosfera cyberpunk similar ao que já vimos em Deus Ex, mas com uma atmosfera ainda mais intrigante, onde tudo está conectado a redes de informação e todas as pessoas são monitoradas durante todo o tempo. O protagonista, um hacker de nome Aiden Pearce, poderá invadir sistemas e utilizar objetos e máquinas do cenário a seu favor. 


Repare como estão incríveis os gráficos desse jogo, com efeitos de vento, chuve, sombra e texturas de cair o queixo... 


Watch Dogs ainda não tem data de lançamento nem informou para quais plataformas vai sair, sendo que já tem gente imaginando que talvez saia para PS4 ou Xbox 720, tamanha a qualidade gráfica do trailer. 








Com o WiiU chegando e todo o pânico com os atuais ataques de zumbi nos EUA, foi inevitável inventarem um game de zumbi para a plataforma. Apesar de exclusivo para o novo console da Nintendo, ZumbiU aparenta ser uma boa notícia para quem temia que WiiU seguisse os passos de Wii, contando apenas com jogos infantis, esportes e meia dúzia de títulos para jogadores hardcore.


Uma vez que o console ainda não foi lançado, não há notícias de quando ZumbiU sairá também...






Depois da saída do criador da empresa, Will Wright, a Maxis andou cambaleando no ruinzinho Darkspore e na conversão do clássico SimCity para o Facebook. Eis que agora eles resolveram voltar às origens e lançar um remake do SimCity original para PC. 


Prometido para 2013, esta nova versão trará melhores gráficos, construções novas e aparentemente vai permitir compartilhar as cidades pela internet com amigos, mais ou menos como Spore e The Sims 3 faziam.






A Quantic Dream, criadora de Heavy Rain, resolveu de vez que quer transformar os games em uma mídia de respeito, com jogos mais focados no drama, diálogos e roteiro do que explosões e monstros. E para isso resolveu recrutar a linda atriz Ellen Page para viver uma protagonista em uma trama que mistura médiuns, fantasmas e muito mistério. 


Pena que será um game exclusivo para PS3, e vai perder a chance de alcançar um público adulto que prefere o PC para jogos mais pesados...






The Last of Us é um game que anda surpreendendo a cada novo trailer. Em um mundo pós-apocalíptico cheio de zumbis deformados e bandidos, dois personagens tentam sobreviver da melhor maneira que conseguem, e parece haver espaço para um bom roteiro e diálogos entre os dois, além da atmosfera assustadora.


Infelizmente o jogo será exclusivo para PS3, e sairá no começo de 2013.






Depois de Operation Raccoon City ter se mostrado um jogo medíocre com uma péssima IA, as esperanças de reanimar a série recaem sobre Resident Evil 6. O trailer da E3 mostra que continuará a tendência de RE5  e RE4, mais ação, tiroteio e explosões de fazer Micheal Bay se arrepiar todo e menos survival horror. 


Resident Evil 6 sairá para PC, Playstation 3 e Xbox 360.