13 de outubro de 2011

Tropico 4 (PC) (*****)

Tropico 4 (PC) (****)

Cansado de viver no Brasil (ou em Portugal, ou em Angola... ou em algum outro país...)? Seu sonho era ir para uma ilhota no meio do nada e montar um país perfeito? Com você como governante, um monte de bares, praias e baladas?

Agora você pode.

Tropico 4 continua a saga do lendário "simulador de ditador" da Kalypso. Aqui você encarna um Fidel Castro, comandando um pequeno arquipélago caribenho no auge da Guerra Fria.

Embora seja um jogo de humor, Tropico 4 lida com várias questões do final dos anos 50 e começo dos anos 60, principalmente com o mundo bipolar, dividido entre Estados Unidos e União Soviética, cada um querendo te adular ou amedrontar para se aproveitar de sua ilha.

O grande trunfo de Tropico 4 é equilibrar magistralmente a sátira política com um complexo jogo administrativo, decisões políticas e questões sérias, como desastres ecológicos e guerrilhas. Em muitos momentos você vai se ver obrigado a lidar com situações que condena em políticos de verdade, ou a fazer decisões difíceis sobre como governar seus súditos virtuais.

"Não se preocupe com o vulcão lá atrás...
tem promoção no Shopping!"
O modo campanha leva você pelas várias ilhas de Tropico, e cada uma tem um recurso específico e um tipo diferente de desafio. Algumas são férteis e vão te obrigar a investir em fazendas, enquanto outras tem recursos minerais abundantes, e outras ainda não tem nada que preste, te forçando a construir atrações turísticas e ganhar uma grana com estrangeiros visitando o lugar.

Você pode escolher algum figura histórica famosa (Fidel Castro, Che Guevarra, Evita Perón...) ou criar seu próprio ditador, usando vários "pedaços" e roupas que o jogo te oferece (de longe a opção mais divertida), escolhendo como ele chegou ao poder e seus traços. Ele é incorruptível ou um larápio descarado? Ele é comunista e fã da União Soviética ou prefere os Estados Unidos?

Penúltimo, o conselheiro mais estúpido da face da Terra
A grande sacada de Tropico 4 é sua enormidade de sátiras políticas. Durante o jogo você vai receber dicas, missões e ouvir em "programas de rádio" vários personagens, como o seu estúpido conselheiro\capacho Penúltimo, que acredita que a melhor solução para uma crise diplomática com países europeus é mandar um presente pro "Rei e pra Rainha da Europa"...

A quantidade de personagens curiosos e engraçados alivia um pouco a responsabilidade de governar (e ser eleito de quatro em quatro anos... ou banir de vez as eleições e enfrentar guerrilhas), e garante boas risadas.

A parte gráfica de Tropico 4 é extremamente bem feita. Os modelos são muito detalhados, com sombras e texturas bem trabalhadas, muitos pequenos detalhes, como cartazes nos muros ou pichações e feitos quase na mesma escala dos personagens (que entram e saem das construções pelas portas). Os próprios personagens são bem feitos, com movimentos fluidos e modelos bem trabalhados. Há idosos, estudantes, crianças, turistas boazudas de biquini, turistas gordões comendo hamburger, bandidos, guerrilheiros...

Belas paisagems, muito humor e música caribenha
Para completar o excelente design visual de Tropico 4, a parte sonora também se destaca. As dublagens são bem feitas, cada personagem tem uma voz reconhecível e os diálogos são de rachar de rir. Pessoas aleatórias nas ruas também tem linhas de diálogo, e dependendo da nacionalidade podem falar inglês, alemão, francês ou espanhol, a lingue oficial de seu arquipélago.

A música, no entanto, é o que mais se destaca neste game. Rumba e outros ritmos do Caribe dos anos 50\60 se misturam em uma trilha sonora animada e imersiva. Mesmo se você for fã de Death Metal e detestar música em espanhol, vai curtir o "clima" do jogo e se sentir realmente na América Central. O lado ruim é que existem muito poucas músicas na trilha sonora do game, e a mesma música acaba se repetindo duzentas vezes ao longo de uma ou duas horas de jogo.

Viagem de Balão! Os turistas adoram...
Tropico 4 é um jogo desafiador, mas não é terrivelmente difícil como outros jogos do mesmo tipo. Setores da população podem se revoltar com determinadas atitudes suas, mas isso não significa um game over automático, pelo contrário, sendo um ditador, você sempre tem a possibilidade de ser cruel e sanguinário, armar um bom exército e manter o povão sob controle pela força das armas.

Os capitalistas estão bravos por causa do déficit de sua nação? Mande matar logo todos os que encontrar e os outros ficarão calados. Os religiosos estão bravos por ter poucas igrejas em sua ilha? Suborne o líder deles e todos vão para casa tranquilos. Aliás, não faltam são oportunidades de tornar sua ilha mais corrupta que o Congresso Nacional. Praticamente em qualquer missão ou construção tem como desviar um pouco de dinheiro para sua conta secreta na Suíça... ou sobretaxar alguém, ou subornar algum líder...

Se você gosta de jogos de administração estilo Sim City, já pensou em governar seu próprio país ou vive reclamando do governo, jogue Tropico 4. É uma das experiências mais corruptamente divertidas que você vai ter com o governo sem precisar ser eleito pra algum cargo real...


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