25 de novembro de 2011

Deus Ex Human Revolution (PC, PS3, Xbox360, Mac) (****)

Deus Ex Human Revolution (PC, PS3, Xbox360, Mac) (****) 

Já a algum tempo a Bioware tem se destacado no gênero RPG, com as séries Mass Effect, Dragon Age e Old Republic. Eis que a Eidos, uma das mais tradicionais softwarehouses do mercado (Tomb Raider) e a Square Enix, uma das pioneiras nos RPGs eletrônicos (Final Fantasy) resolveram sair das sombras e trazer mais um grande game para nós jogadores.

Deus Ex Human Revolution é um excelente RPG com uma atmosfera bastante sombria e, como não podia deixar de ser, atual. Em um futuro próximo, próteses mecânicas são tão baratas e comuns que não só amputados e deficientes físicos as usam, forças de segurança, soldados e até prostitutas tem trocado partes do corpo perfeitamente funcional por peças biônicas.

Tudo isso tem causado um grave problema na sociedade. Os favoráveis às Augmentations (literalmente "melhoramentos") advogam que os humanos agora podem escolher o caminho de sua própria evolução, implantando braços mais fortes, pernas mais ligeiras, olhos mais eficazes, pulmões mais eficientes e trocando seus órgãos de carne por metal e plástico. A maioria da população, no entanto, acha absurdo "abandonar" sua humanidade para se tornar um ciborgue, e com razão, pois as empresas que fabricam os implantes praticamente controlam os pacientes, vendendo drogas anti-rejeição, manutenção e podendo até mesmo controlar remotamente as peças cibernéticas.

 Neste mundo você controla Adam Jensen, chefe de segurança de uma das maiores empresas fabricantes de peças cibernéticas, a Sarif Industries. Um belo dia em que você está escoltando a chefe dos cientistas da indústrias (e, por coincidência sua namorada), que vai a uma palestra em Washington, mercenários fortemente armados invadem o laboratório da Sarif e matam todo mundo. Adam só sobrevive com uma intervenção desesperada dos cientistas, que trocam a maior parte de seu corpo por implantes mecânicos.

Adam é então solto em um mundo onde abundam conspirações, atos de terrorismo e traições, em um enredo digno de bons filmes de espionagem. Absolutamente ninguém é confiável, e todo mundo parece ter (muitas) coisas a esconder.

Não só a dublagem é excelente como também as animações, dando uma nova profundidade aos diálogos. Você pode perceber se um personagem está mentindo, ou não está dizendo tudo o que sabe, por sua linguagem corporal. As animações também conseguem integrar de maneira excelentes as partes biônicas, biológicas e roupas dos personagens, sem aqueles efeitos meio bizarros de pontas saindo através de pele e roupas dos personagens.

Por falar em gráficos, Deus Ex tem excelentes modelos e texturas bem competentes. A paleta de cores recheada de amarelões, verde-limão e laranja pode doer um pouco na vista, mas o jogo é competente em variar os ambientes e inserir grande quantidade de modelos diferentes. O design das roupas e objetos também merece destaque, com uma moda cheia de dobraduras, bordados e babados que esperamos nunca ver pela frente, mas que dão uma personalidade a Deus Ex diferente dos demais games futuristas.

O melhor do game, no entento, é sua liberdade de ação. Embora seja bastante linear (as cidades e empresas parecem formadas de apenas meia dúzia de caminhos paralelos) e não privilegie a exploração como outros RPGs fazem, Deus Ex te dá infinitas oportunidades de completar suas missões como bem entender.

O jogo apenas lhe dá missões e ferramentas para cumprí-la, cabendo a você escolher para onde vai ou como vai chegar lá. Suponhamos que você tem que recuperar um disco com dados importantes das mãos de bandidos, você pode subir em um prédio e pegar os bandidos um a um com um rifle de precisão, ou pegar uma metralhadora giratória e sair chutando portas feito um Rambo, ou usar da furtividade para se esgueirar pelo quartel general dos meliantes e eliminá-los um a um com golpes fatais, ou ficar invisível e se esgueirar por tubos de ventilação para roubar o tal disco sem ser visto e sem matar ninguém, ou hackear os computadores dos inimigos, virando as torres, robôs e câmeras de segurança contra eles... Fique a vontade para fazer como quiser, desde que no final o tal disco esteja em mãos do sujeito que te deu a missão.

Essa liberdade adiciona bastante fator replay, principalmente por cada aproximação liberar diferentes achievements. Completou a missão sem ser visto por qualquer inimigo ou câmera? Agarre o achievement "Ghost" (Fantasma). Não matou ninguém a missão toda? Achievement "Humanitarian" (Humanitário), e por aí vai.

Também é divertido encontrar referências a outros jogos e à cultura pop espalhados pelo mundo de Deus Ex, como cartazes de Final Fantasy XXVIII (28!!!) e um curioso personagem chamado "Anonymous" que usa um boné escrito "#Chan" (em alusão a sites como o 4chan.org, onde o grupo hacker Anonymous costuma se encontrar).

Quem é fã de uma boa história de espionagem, cheia de reviravoltas e paranóia com certeza gostará de Deus Ex, assim como fãs de um bom FPS que sempre quiseram buscar caminhos alternativos ou mudar de estilo para eliminar os oponentes.

A escolha de cores é meio infeliz, assim como algumas poucas texturas (principalmente do helicóptero/nave da Sarif, um dos veículos mais feios da história dos games), e os loadings frequentes e terrivelmente demorados, mas a narrativa bem costurada, excelentes diálogos e liberdade de ação compensam a espera e os tons mostarda do game.



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