Rage (PC, Xbox360, PS3) (****)
Se você gosta de FPS (Jogos de tiro em primeira pessoa, First Person Shooters no original), ou tem mais de 20 anos, deve conhecer a id Software, empresa que praticamente inventou este tipo de jogo com clássicos como Wolfenstein 3D, Quake, Doom e outros.
A Bethesda Softworks é outra empresa que a maioria dos gamers deve conhecer. Pioneira em misturar RPG e FPS, ela revigorou ambos os estilos com games como The Elder Scrolls, e ressuscitou franquias há muito tempo esquecidas como Fallout.
Rage é o filho mais novo do casamento entre as duas softwarehouses, trazendo um shooter pós-apocalíptico com forte influência dos filmes da série Mad Max.
Quando fiquei sabendo que Rage seria um shooter pós-apocalíptico, e dando uma olhada nos concept art e screenshots, fiquei um pouco apreensivo. A Bethesda já é conhecida por ter ressuscitado o gênero pós-apocalíptico com Fallout 3 e New Vegas, e outro shooter, Borderlands já trazia uma idéia similar a alguns meses atrás. Conseguiria Rage imprimir um estilo próprio, sem se tornar mais um "Shooter/RPG Mad Max"?
A resposta felizmente é sim. Rage não só imprime seu próprio estilo como também presta homenagem (explícita e implícita) a diversos sub-gêneros da ficção científica pós-apocaliptica, dos carros customizados e estradas poeirentas de Mad Max às cidades construídas em estações de metrô de Metro 2033 e Hellgate London. Dos mutantes radioativos de Fallout aos bandidos cibernéticos de Borderlands.
Em Rage um meteoro atinge o planeta Terra, e poucos militares, acadêmicos e políticos são escolhidos para "sobreviver" através do programa "Ark". Estes tem seu sangue trocado por nano-robôs e são enterrados em câmaras de hibernação subterrâneas, com equipamento para reconstruir a ecologia do planeta quando acordarem.
Você joga com um destes sobreviventes, um protagonista sem nome e sem memória que acorda cem anos no futuro e encontra um mundo dominado por gangues de mutantes, poucas cidades de sobreviventes que tentam reconstruir a civilização e um enorme grupo paramilitar chamado "Authority", que faz experimentos absurdos com os sobreviventes do projeto Ark, a fim de criar hordas de mutantes ciborgues.
Ao seu lado você tem um amplo arsenal que conta com aquelas armas icônicas dos shooters da id Software (pistola, fuzil, escopeta, rifle de precisão, lançador de mísseis...) e algumas novidades como bestas, bumerangues (de longe a melhor arma do jogo) e uma homenagem à lendária BFG (Big Fucking Gun em inglês, ou "Grande Arma Fodona") de Doom.
Para viajar pelo mapa de Rage você conta com quatro veículos, indo de bugs de areia customizados a carros tão blindados que parecem um tanque. A jogabilidade alterna entre ação e tiroteio em primeira pessoa e ação e tiroteio em corridas a bordo de suas máquinas pós-apocalipticas. Em diversos momentos você é obrigado a participar de corridas, que, além de não serem muito difíceis para quem não é fã de corridas, ainda conta com explosões e quebra-pau o bastante para te deixar interessado.
Se você gosta de cheiro de gasolina, óleo e pneu, sempre há mais corridas disponíveis nas cidades, e ganhando elas você pode adquirir mais e mais customizações para seus carros, de blindagens extras a pinturas temáticas, passando por motores possantes, rodas com espinhos e suspensão especial.
Se você gosta de arrebentar mutantes, há boa quantidade deles em esgotos, encontrados em praticamente todas as cidades. E você também pode arriscar-se em um bizarro reality show onde ondas de mutantes devem ser derrotadas em salas cheias de armadilhas.
Outra adição interessante de Rage é a possibilidade de criar itens personalizados através de receitas e lixo encontrado ao longo das fases. Que tal juntar tralhas em um robô-aranha com metralhadoras giratórias para te auxiliar? Ou criar munição especial para suas armas, transformando sua escopeta em um lança-granadas e fixando dinamite nas flechas de sua besta?
A IA de Rage também merece destaque. Cada tipo de inimigo reage de maneira diferente a seu ataque. Os bandidos do Clã Fantasma, por exemplo, são atléticos e tentam te flanquear, atacar por trás e desviar dos tiros fazendo piruetas, enquanto os soldados da Authority procuram cobertura, recuam e se reagrupam para defender locais importantes, já os mutantes simplesmente confiam na superioridade numérica e avançam feito suicidas para cima de você.
Há uma variedade realmente grande de inimigos para você arrebentar, com direito a vários "clãs" de bandidos diferentes, armados com armamento diferente e com táticas criativas, excelente design e te combatendo em belos cenarios muito bem desenhados.
Nem tudo são flores em Rage. O som é apenas suficiente, com algumas boas dublagens e efeitos sonoros, mas nada que se destaque muito. O verdadeiro problema de Rage, no entanto, são os gráficos. O jogo carrega texturas por demanda, e no PC (não sei se o problema acontece nos consoles também) é comum você mover o personagem e as bordas da tela ficarem com uma textura tosca que vai recarregando aos poucos. Embora não atrapalhe muito o jogo, este efeito deixa o visual feio, e pode causar tontura e náusea em pessoas mais sensíveis.
Outro problema que pode desagradar alguns jogadores é a extrema linearidade do jogo. Ao todo, Rage se mostra um tradicional shooter da id Software, e fora os ocasionais diálogos e personagens que você encontra (com referências a Fallout, Doom e outros games), é um shooter "atire em tudo o que se move e ande para a frente". Não há locais amplos para explorar, apenas corredores e mais corredores, e tudo o que você deve fazer é andar para a frente e meter bala em qualquer coisa que se mover.
No geral Rage é um bom game, bastante divertido e com muita variedade de alvos e armas. No PC os gráficos são prejudicados pelo carregamento em demanda, alguns loadings um tanto longos e, no geral, o game sofre por se basear em uma fórmula antiga, muito mais próxima de Doom e Quake do que de um Fallout ou Borderlands.
Acabei de zerar e o game é como voce disse, mas foi divertido, comprei ele por mizeros 10 reais.
ResponderExcluir